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As bibliotecas são espaços inclusivos?

A responsabilidade de todos

As bibliotecas são espaços inclusivos?

Voz às Bibliotecas

2020-11-26 às 06h00

Aida Alves Aida Alves

Entre os meses de novembro e dezembro, muitas bibliotecas comemoram os dias internacionais dos Direitos das Crianças (20 de novembro), da Pessoa com Deficiência (3 de dezembro), dos Direitos Humanos (10 de dezembro), pelo que hoje refletimos sobre a necessidade das bibliotecas serem espaços inclusivos.
Para uma biblioteca ser inclusiva não basta eliminar barreiras arquitetónicas.
A cadeia de acessibilidade começa na casa do leitor/utilizador, passando pela sua circulação na via pública e pelo uso, ou não, de transporte, até à entrada da biblioteca. Uma vez dentro da biblioteca, devemos continuar até atingir o nosso objetivo, prestando um serviço de atendimento adequado às necessidades de cada cidadão, facilitando sempre o acesso à informação e à igualdade de oportunidades na participação em eventos formativos e culturais.
Esta cadeia de acessibilidade não deve ser quebrada em nenhuma das suas ligações e, uma vez na biblioteca, bibliotecários e bibliotecárias têm uma tarefa importante a desempenhar: que os serviços, atividades e coleções documentais sejam acessíveis.
A acessibilidade é o conjunto de ações que uma pessoa planeia realizar, desde o ponto de partida até ao seu objetivo que inclui circulação, abordagem, acesso, uso, entre outros. Feito com autonomia, facilidade e sem grandes barreiras e dificuldades.
As bibliotecas devem executar assim ações que respondam a pessoas cegas ou com baixa visão; surdas ou com deficiência auditiva; pessoas com deficiências cognitivas, disponibilizando para o efeito documentos sonoros, livros com letras grandes e com cores contrastadas, documentos em braille, PDF acessíveis, vídeos em língua gestual portuguesa; pictogramas, filmes com audiodescrição, entre outros.
Os profissionais das bibliotecas deverão ter formação adequada para melhor acolher e orientar os leitores. As tecnologias são muito úteis no acesso à informação, mas deverão ser aplicadas em função do segmento de público que estão a servir.
Dez considerações que devemos atentar quando falamos em bibliotecas mais inclusivas, que acolhem pessoas com diferentes tipos de deficiência, retiradas do documento Biblioteca inclusiva... ¿Por dónde empiezo? (disponível em: https://www.biblogtecarios.es/susanapeix/biblioteca-inclusiva-por-donde-empiezo-accesibilidad/ )
1. Uma elevada percentagem de pessoas com deficiência podem ter acesso à leitura, cultura, informação e às atividades e serviços oferecidos pelas bibliotecas, com o apoio necessário.
2. Pessoas surdas não conseguem ler um livro convencional, mas podem ler um livro em Leitura Fácil.
3. Todos podemos assistir a um filme com legendas adaptadas para pessoas surdas.
4. Se dominam a língua gestual, podem desfrutar de muitas das atividades oferecidas pelas bibliotecas, se interpretadas em linguagem gestual.
5. Pessoas com baixa audição podem aproveitar as atividades da biblioteca se ela tiver um anel magnético instalado.
6. As pessoas cegas podem ler um livro convencional se tiverem um digitalizador de texto.
7. Os leitores de ecrã não podem ler imagens (por isso, é importante dotá-los de atributos que se possam ser lidos). Sim, você pode ler um pdf acessível.
8. Existem lupas manuais e lupas digitais para facilitar a leitura por pessoas com baixa visão.
9. Pessoas com deficiências cognitivas (se não muito severas) podem ler livros em Leitura Fácil, livros com pictogramas ou livros ilustrados.
10. Também podem desfrutar de um filme convencional, com audiodescrição ou com música que é oferecida em bibliotecas.
No Art. 7º da Declaração Universal dos Direitos Humanos lemos: “Todos são iguais perante a lei e, sem qualquer discriminação, têm direito a igual proteção da lei. Todos têm direito a proteção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.”
Das ações da Agenda 2030, o objetivo 16 especificamente visa “Promover “[...] sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, facilitar o acesso à justiça para todos e criar instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis”. Dentro deste, o item 16.10 orienta para “Assegurar o acesso público à informação e proteger as liberdades fundamentais, em conformidade com a legislação nacional e os acordos internacionais”. (ONU, 2015, site).
Emparelhadas com os desígnios internacionais e nacionais, as bibliotecas unem-se à comunidade na missão de integrar e incluir todos os cidadãos, num esforço de esbater ao máximo as diferenças no acesso à informação e à cultura.

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