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As primeiras bibliotecas da rede de leitura pública em meados dos anos noventa

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As primeiras bibliotecas da rede de leitura pública em meados dos anos noventa

Voz às Bibliotecas

2024-05-02 às 06h00

Rui A. Faria Viana Rui A. Faria Viana


Passados dez anos do arranque da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas, por Despacho nº 55/95, de 12 de dezembro, do Ministro da Cultura, foi constituído um grupo de trabalho (coordenado por Maria José Moura), com o objetivo de elaborar um estudo sobre as linhas estratégicas para o desenvolvimento das Bibliotecas Públicas em Portugal. Este estudo, surgia também da necessidade de uma avaliação do projeto da Rede de Leitura Pública lançado na sequência de um outro relatório publicado em 1986 (de acordo com o despacho nº23/1986, de 3 de abril, da então Secretária de Estado da Cultura, Maria Teresa Patrício Gouveia) que definiu as linhas orientadoras para a “implantação e funcionamento regular e eficaz de uma rede de bibliotecas municipais, assim como no desenvolvimento de estruturas que a nível central e local mais directamente as possam apoiar”.
Das preocupações presentes nesse relatório, apresentado em 18 de março de 1996, ressalta a constatação da tendência para a afirmação do papel fundamental das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) nas bibliotecas públicas dada a emergência da Sociedade da Informação. Neste sentido, constatava-se uma tendência para a digitalização da informação e para a informação multimédia, com uma “crescente produção de novos materiais em formatos digitais, e mesmo a digitalização de documentos já existentes noutros suportes, como o papel, que integram diversos tipos de conteúdos (texto, imagens fixas e animadas, som, etc.), bem como o recurso alargado a ligações hipertextuais e a técnicas de interactividade”. Outra grande tendência que se verificava era o aumento da utilização de redes informáticas associada ao crescimento da Internet e que iria permitir o “acesso/distribuição de produtos e serviços de informação”. De qualquer forma, face a estas alterações, as missões tradicionais de promoção da leitura e do acesso à informação, alargada agora a novas formas e suportes eram vistas como fundamentais no novo contexto.
Importante será lembrar que de acordo com esse relatório, em Portugal, a esmagadora maioria dos lares e de muitas escolas, os livros eram escassos e o computador ainda não era uma ferramenta de fácil acesso, por isso, achava-se que as bibliotecas públicas deviam ser “a porta aberta para o novo mundo da informação digital e multimédia, o ponto de acesso ao ciberespaço para aqueles que, por razões sócio-económiocas e/ou culturais, não têm, à partida, meios para ser cibernautas”. Previa-se, aqui, um importante papel que as bibliotecas públicas viriam a desempenhar no fornecimento da informação disponível através da Internet. Mas, para isso, defendia-se a “necessidade das TIC serem integradas no funcionamento e na cultura organizacional das bibliotecas públicas” e, também, a de “fomentar e reforçar muito significativamente a quase inexistente cooperação e partilha de recursos entre as bibliotecas”.
O trabalho desenvolvido em 10 anos no âmbito do Projeto da Rede de Leitura Pública, que tinha como objetivo dotar os municípios de uma biblioteca devidamente apetrechada para servir a respetiva população, mantendo os considerados serviços tradicionais, agora valorizados através do recurso a documentos em vários suportes e a outros produtos baseados nas novas tecnologias da informação, consistia: na consulta local de obras; empréstimo domiciliário; visualização/empréstimo de vídeos; audição/-/empréstimo de CDs áudio; atividades de animação, como a “hora do conto” para as crianças; e mais raramente, a consulta de CD-ROM ou CD-I, e o acesso a computador para uso pessoal. Além disso, as bibliotecas passaram a integrar nas suas atividades reuniões, encontros, seminários e outras relacionadas com a promoção da cultura e da informação.
De salientar que, à data deste relatório, o resultado de um inquérito lançado às Câmaras Municipais permitiu dar a conhecer o ambiente tecnológico em que se vivia. Assim, das 210 Câmaras Municipais que responderam, cerca de 90% utilizavam computadores e cerca de 60% dispunham de redes locais, no entanto, em relação a redes externas, verificou-se que 94 declararam ter acesso mas só 22 afirmaram que utilizavam correio eletrónico externo, o que não deixa de ser surpreendente pelo facto de ser uma das potencialidades mais básicas e facilitadoras da comunicação! A Internet ainda não chegara às Câmara Municipais, pois, apenas 7,1% declararam ter acesso!
Passados 10 anos do lançamento do Projeto da Rede de Leitura Pública, conclui-se que das 275 autarquias existentes no continente àquela data no país, 124 (45%) foram apoiadas nesse período e 20 (7%) nunca se candidataram ao PRLP. Dessa data até aos dias hoje, como sabemos, a situação evoluiu de tal maneira que o país foi praticamente todo abrangido por uma rede de bibliotecas de leitura pública.

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