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Ideias

2018-05-18 às 06h00

José Manuel Cruz José Manuel Cruz

OBraga não entrou no pódio. O Sporting não deitou a unha aos milhões. O Benfica falhou o mítico penta. O Braga não desarmará, mantendo uma projecção consequente no futuro. O Benfica cobre a ferida no amor próprio com pinceladas de tintura de iodo, com o palmarés como clube mais titulado. O Sporting, que mingua a olhos vistos, enfia-se num bueiro, cimentando fama de clube de arruaceiros. Adeus, Bruno. E, se encontrares o Presidente, diz-lhe que foi um sonho lindo que findou.
É certo que escrevo em cima do acontecimento e, como bom lagarto, o Bruno pode ser espécime a quem todo o apêndice cresça de novo, vigoroso, plenamente funcional. Mas isso é lá com os sportinguistas, posto que ele há gente que compactua com todas as estórias que lhes contam. Eu, porém, para o caso, gostava só de recuperar o Brunosdiktat, aquele édito que inibia os verdadeiros sportinguistas de expressarem opinião e de participarem em celebrações profanas, em televisões ou jornais sem o bom alvará. Como digo, para mim, aquilo cheirou-me à Bücherverbrennung, à fogueirinha que os nacional-socialistas atearam com todos os livrecos que os bons alemães, os genuínos, os patriotas, não deveriam ler. O ano de 33 foi ontem.
Encaixou-se, em Braga, o empate com o Boavista e a derrota com o Rio Ave. Teriam sabido bem, os seis pontos – três que fossem. Mas sabe, o Braga, que corre por fora, e que é pelo quarto lugar que deve lutar briosamente, ano após ano, mais por desempenho louvável nas duas taças nacionais em que se apresenta, e por um honroso desempenho na competição europeia em que tenha assento. E não é modéstia. E não é auto-limitação. É tento, simplesmente, é não querer ir além da perna, para prevenir espalhanços ao comprido. Não se cansam os adeptos bracarenses de pedir mais; não cessa o presidente arsenalista de clamar por outros horizontes. Quem sabe, um dia, se tudo for sendo feito ao contrário do Brunito.
Tudo ponderado, o Braga teve uma época em cheio. Tudo ponderado, os desaires lisboetas são de perfil sísmico. É uma dor de alma ver o que se passa com verdes e encarnados. À má vontade de “muita gente” atribuiu Rui Vitória o desaire do Benfica. Será que cola? Quanta gente tem que ser “muita gente” para suplantar a força, a vontade, do emblema dos seis milhões? Terá o Benfica dobrado o Porto, em algum momento da época, por alguns “alguéns” puxarem para o penta fora das quatro linhas? Terá o Porto recuperado vantagem, por obra de movimento inverso? As palavras do treinador do Benfica constituem uma acusação, uma assunção de cozinhados: alguma instância da Liga, ou da Federação, pondera tomar medidas?
Já o Bruno arruma o sarilho dentro de portas, enxovalhando técnicos e jogadores, suspendendo e revogando suspensões, criando sururus em cima de competições, provando, no fundo, não ter a menor luz de gestão desportiva – nem a que uma singela lamparina de azeite possa gerar. O lema parece claro: à Bruno, e à bruta. E, quando a coisa descamba, temo-lo a assobiar para o lado, com tranquilidade de analgésico, acusando a tutela de inércia. Apetece sussurrar: ó Bruno, a tutela és tu! É sob a tua alçada que se cometem desmandos, sejas ou não o instigador, a inspiração moral. É chato, como dizes, mas não é menos verdade.
Do estertor de Alvalade, do Alcochoque em cadeia, fica-se com a sensação de que a lombalgia do Carvalho não só migrou, como terá contagiado estruturas nevrálgicas, subitamente esquecidas de ofensas mútuas trocadas em público. Enfim, dos cavalheiros de Alvalade haverá uma vaga lembrança, posto que, no presente, a colectividade parece entregue a Neros e Calígulas, a lapas de rochedo costeiro, a arremessadores de tochas para alvo pa- trício.
Estou em irónica comunhão espiritual com a vigília sportinguista; estou em doloroso luto moral com a Palestina. Espero, entretanto, que o cortejo de analistas, que tão ilustremente verberou o sanguinário presidente sírio, saia a terreiro para dar palavrinha de jeito sobre o massacre de Gaza, sobre o tiro ao boneco dos instruidíssimos soldados israelitas. Recebo, com incontida náusea, a declaração da embaixatriz dos EUA nas Nações Unidas: «Israel mostrou contenção». Ah! Nikki, tu dá-lhe, minha linda, estás que nem o nosso Bruno.
Entendamo-nos: as manifestações aconteciam num descampado, fronteiro a outro descampado, cortados por uma parede de betão de seus bons quatro metros. Pergunta óbvia: que ameaça constituíam pedras e gritos? Que ameaça protagonizavam, que não pudesse ser sanada a gás lacrimogénio? Ah! Já sei, o gás lacrimogénio pode ser vagamente assimilado a agente químico e, de Israel, ninguém quer ver-se em contas com acusações de guerra suja. Isso é para o Assad e para os crápulas dos apoiantes do ditador.

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