A Cruz (qual calvário) das Convertidas
Ideias
2011-10-16 às 06h00
Hoje, mais do que nunca, percebemos a importância de saber escolher bem os políticos. O exercício da política não é inócuo. Pelo contrário. Tem consequências. Enormes. Em todos. Em permanência. A partir de agora, nada será como dantes. É preciso mudar de vida. E, já agora, de políticos. Estou cansada de gente sem profissão que vê na política um reduto para ser aquilo que não é em mais lado nenhum. Os políticos não deveriam apenas apresentar um programa, deveriam também exibir o respectivo curriculum. Poderíamos começar a fazer este exercício nas próximas eleições autárquicas.
Na edição desta semana do “Expresso”, Pedro Passos Coelho afirma isto: “Não sinto que tenha de pedir desculpa aos portugueses”. Não terá, decerto. Chegou há pouco tempo a S. Bento. Não seria justo reivindicar-lhe responsabilidades. Poder-se-á discordar da opção onde se decidiu cortar, mas todos nós sabemos que é preciso subtrair despesa. Não terá o actual primeiro-ministro de se desculpar perante os portugueses, mas há muita gente que precisaria de ser responsabilizada. Hoje, poucos serão aqueles que poderão dizer-se orgulhosos de viver em Portugal. Cada um à sua maneira sente medo, incerteza… Qual será o (bom) caminho? Eis uma pergunta para a qual poucos terão respostas.
Oiço dizer reiteradamente que urge mudar de vida. Concordo, embora, no meu caso, não saiba exactamente em quê. Conquistei a minha independência financeira aos 17 anos através de um emprego que sempre tive em paralelo aos estudos e, desde aí, nunca mais parei de trabalhar. Fazendo um balanço destes anos, talvez nunca tenha tido, em média, uma semana de férias por ano. Sempre cumpri as minhas obrigações laborais com todo o empenho e nunca falhei qualquer pagamento fiscal devido. Nunca recorri a generosos empréstimos da banca, nem vivi acima dos meus rendimentos.
Passados 23 anos de trabalho, dizem-se que tenho de mudar de vida. Poderia achar que não é justo, mas também sei que esta atitude não ajuda. Precisamos de gente motivada para fazer mais e melhor. Continuarei a dizer “presente!” perante todos os desafios. No entanto, hoje, mais do que nunca, presto atenção aos políticos: àqueles que actuam na cena internacional, aos que nos representam a nível nacional e àqueles que tomam conta da vida local. No que me diz respeito, sou co-responsável pela eleição destes dois últimos grupos. É também a este nível que temos de mudar de vida.
Logo à partida, tenho muitas reservas em relação àqueles que nunca fizeram mais nada para além da vida partidária. Dentro de pouco tempo, começará o período pré-eleitoral para as eleições autárquicas. Em vez de se perguntar: “quer ser o próximo presidente de câmara?”. A pergunta deveria ser: “o que é que já fez que o habilite a ser presidente de uma autarquia?”.
Eu sou professora de Jornalismo na Universidade do Minho desde 1994. No meu percurso académico somam-se uma licenciatura, um mestrado, um doutoramento e muito trabalho de investigação. É a medida justa para exercer a minha profissão. O que é que se exige a um (candidato(a) autarca? Que engrosse os caciques? Que participe durante anos a fio em reuniões conspiratórias de comissões concelhias? Que se apresente às urnas com apoios sustentados em telhados de vidro? Eu não quero estes políticos! Não quero! Quero gente competente, que chegue à política com experiência naquilo em que irá trabalhar, que vá a votos despida de promessas de lugares em troca de votos arregimentados ilicitamente.
Eu, e qualquer eleitor, temos o direito de exigir políticos capazes, porque as consequências de uma gestão ziguezagueante serão sempre atiradas para os cidadãos. Mas também aqui é preciso mudar de vida. Qualquer partido consciente não poderá nunca sortear os seus candidatos entre os seus mais perseverantes militantes. A partir de agora, todos os escrutínios eleitorais serão decisivos. Para todos. Para os portugueses em geral, e para cada partido em particular. Ninguém perceberia a insistência em má escolhas.
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