Um batizado especial
Ideias
2024-06-13 às 06h00
Braga foi o concelho do país que registou maior crescimento no número de habitantes, perfazendo agora um total de 193.324 cidadãos residentes, segundo os resultados definitivos dos Censos 2021, divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
O crescimento das cidades tem andado de mãos dadas com o desenvolvimento dos transportes e da mobilidade urbana, sendo estes um dos principais promotores do crescimento das atividades comerciais, do acesso aos serviços de saúde, de educação e lazer. Uma mobilidade mais eficiente contribui para a correção das assimetrias socioeconómicas regionais e para a coesão interna de um território no acesso a bens e serviços, permitindo reordenar o território. A maior ou menor facilidade de realizar deslocações nas diversas atividades diárias, bem como o acesso a mercadorias e serviços, reflete-se diretamente na satisfação das pessoas quanto ao nível de desenvolvimento económico e social da comunidade em que se inserem.
A relação entre a mobilidade, o desenvolvimento económico e a sustentabilidade socioambiental no contexto urbano, resulta da combinação de alguns aspetos essenciais, nomeadamente o equilíbrio entre meios motorizados e não motorizados, a procura e a oferta de transportes e a integração do sistema de transportes com as diretrizes de ocupação e uso do solo, entre outros.
A mobilidade urbana pode ser considerada como um conjunto estruturado de modos, redes e infraestruturas, constituindo um sistema complexo que resulta num conceito de “Mobilidade Eficiente”. A sua eficácia está diretamente relacionada com as características específicas do local e das prioridades políticas de transporte e circulação, que visam a melhoria da acessibilidade e mobilidade das pessoas e cargas no espaço urbano, através da priorização dos modos de transporte coletivo e não motorizados de maneira eficiente, socialmente inclusiva e ecologicamente sustentável.
No entanto, é necessário estar consciente que as mudanças ao longo do tempo não se produzem todas ao mesmo ritmo, nem para todas as pessoas, e, muito menos, para todos os lugares. Qualquer alteração, no paradigma de mobilidade numa cidade, tem de ser precedido de um estudo sobre o seu funcionamento e que contemple o tipo de pessoas a quem se destina, que deslocações efetuam e, prin- cipalmente, a previsão da cidade no futuro.
Em Braga, a resposta a este crescimento em termos de mobilidade desapareceu.
O concelho de Braga cresceu no ranking das exportações nacionais em 2022, acima da média nacional de 23,1%, com o contributo de multinacionais como a Bosch, a APTIV, a Fujitsu, a Accenture ou a Webhelp, para além de diversas empresas nacionais, algumas delas das mais exportadoras do concelho (dados do INE), como a Navarra Extrusão de Alumínio, Bretos Têxtil, Torresaduana, Powergol Portugal, S.I.C.I. 93 Braga – Sociedade de Investimentos Comerciais e Industriais SA, Anglotex - Confeções Lda., F.D.G - Fiação da Graça, SA, e Steelnor Lda., entre outras.
Em 2023, ocupa o terceiro lugar no ranking das exportações a nível nacional, com um registo recorde de 2,8 mil milhões de euros e com um contributo excecional de Famalicão, o distrito fica apenas atrás de Lisboa e Palmela, com uma quota de 3,65% nas vendas do país ao exterior. Por outro lado, Braga assiste anualmente a aproximadamente mil estudantes do ensino superior da cidade, que reivindica os títulos de concelho mais jovem do país e o que teve maior crescimento absoluto da população na última década (+12 mil habitantes), a reclamar para si um papel preponderante no crescimento da cidade disponibilizando-se para o mercado de trabalho.
O problema desta realidade é que Braga cresce na mesma proporção em que a mobilidade desaparece.
Um dos exemplos que melhor traduz a vida dramática de tantos bracarenses em cada dia de vida e de trabalho, é a inexistência do prometido prolongamento da Variante do Cávado até Ferreiros, em parceria com a IP: a Variante do Cávado tem uma extensão total aproximada de 17,7 km e foi desenhada antes de 2013, já lá vão mais de onze anos. Atualmente está construído um troço de 1900 metros nas imediações do Nova Arcada, e um segundo troço com ligação à freguesia de Frossos numa extensão de pouco mais de 1100 metros.
Trata-se de uma via "…estruturante para o município de Braga e para os municípios circundantes que permitiria resolver muitos dos problemas com o trânsito de atravessamento da cidade vindo de outros pontos da região…" afirmava a maioria da Coligação Juntos por Braga. Não há justificação para adiar esta obra mais tempo.
Importa assinalar que uma infraestrutura desta natureza não serve o concelho isoladamente. Articuladamente com outros projetos de mobilidade, deveria servir um projeto de desenvolvimento para uma nova territorialidade. Era este o papel que se esperava que Braga deveria assumir no seio do Quadrilátero Urbano.
Um verdadeiro projeto de desenvolvimento regional, que resultaria de uma análise integrada das possibilidades de desenvolvimento económico, e dos objetivos de reforço da coesão interna e da promoção da descarbonização.
Um dos grandes problemas com que Braga se confronta é o enorme fluxo de trânsito de atravessamento no centro da cidade. A Variante do Cávado funcionará como um dissuasor desse mesmo fluxo, criando condições de escapatória mais acessíveis e rápidas para quem não necessita de ir para o centro da cidade.
Dar sequência a esta Variante, de forma a melhorar a circulação de trânsito, retirará fluxo do centro da cidade, e dará apoio às actividades económicas, garantindo as ligações aos parques industriais de Adaúfe e Pitancinhos, e às autoestradas A3 e A11, permitindo a ligação a Vila Verde, Amares e Póvoa de Lanhoso, fundamental para desviar do centro de Braga o tráfego que vem do Norte, nomeadamente de Ponte de Lima, Vila Verde e Amares.
Mas apesar da sua enorme relevância, a Coligação que governa a Câmara de Braga mantém tudo no papel. A Câmara de Braga quer ainda fazer a ligação da rotunda da Avenida do Estádio à circular de Braga, em Ferreiros, com saída para as autoestradas, cujo projeto está estimado em cerca de nove milhões de euros. Mas ficou-se pela manifestação de vontade. A verdade é que não a fez.
Com uma cidade em expansão, urge manter um princípio de equilíbrio e sustentabilidade do crescimento que, no que diz respeito à mobilidade, desapareceu.
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