Entre a vergonha e o medo
Ideias
2025-02-04 às 06h00
Muito se falou na semana transata sobre a importância do nosso modo de vida e da nossa cultura. A propósito da entrevista de Pedro Nuno Santos, em que o Secretário-Geral do PS, recorrendo ao flick-flack com mortal à retaguarda, entrou para os anais da história política enquanto o primeiro líder do PS a desdizer-se em menos de meio ano, o reboliço político instalou-se e a polémica teima em não assentar.
Com a reviravolta no argumentário, o PS sente-se cada vez mais perdido e sem referências. Se há muito deixou de ser fixe, o Partido Socialista demonstra também que não já não é fixo. E se é bom saber mudar e evoluir, é muito mau não o fazer por convicção mas por conveniência. Valha-nos a convergência nacional (que esperemos ser mais duradoura que as posições de Pedro Nuno Santos) sobre um tema cuja delicadeza deve convocar a maior seriedade e responsabilidade aos agentes políticos nacionais.
Não é, contudo, sobre esse “modo de vida e cultura” que aqui hoje escrevo. Ou melhor, é e não é. A cultura de que vos venho falar tem um “C” maiúsculo e dá o mote para a capital que em Braga se fixa durante todo o ano de 2025.
Como já todos saberão, Braga é a Capital Nacional da Cultura em 2025, o que permitirá uma pequena révanche, não contra Évora ou contra o júri que escolheu a Capital Europeia da Cultura em 2027, mas contra a injustiça de um grande projeto ter sido preterido com óbvio prejuízo para todos.
Não tenho dúvidas que Braga e a equipa responsável pela candidatura do nosso concelho a Capital Europeia da Cultura mereciam o encómio e teriam sido capazes de dar ao país e à Europa um projeto mobilizador e de referência.
Ainda assim, o que já se sabe sobre Braga 25 engrandece as expectativas e demonstra que o município não se fixou na desilusão sobre 2027, mas continua com baterias apontadas para fazer de Braga uma Capital de cultura todos os anos.
Com um programa eclético e de qualidade indiscutível, Braga poderá oferecer a quem cá vive e a quem nos visita um conjunto de experiências e momentos únicos.
Para lá das atrações nacionais (como Maria João Pires) e internacionais (como Kim Gordon), é extremamente importante que a Capital de Cultura inclua e fomente a participação ativa da comunidade, tendo previstos vários elementos em que as associações locais são elas próprias elevadas à condição de agente de referência na produção e disseminação cultural.
E este aspecto não é de somenos, uma vez que sempre foi elencado pela Coligação Juntos por Braga e por Ricardo Rio como condição sine qua non para alterar estruturalmente a relação dos bracarenses com a cultura.
Relembro que o peso deste setor no orçamento municipal duplicou durante os mandatos da coligação que apoia o atual executivo e os números, se não falam por si, pouco espaço deixam para grandes discussões. O apoio direto aos agentes culturais mais do que duplicou e o número de entidades apoiadas mais do que triplicou ao long dos últimos três mandatos autárquicos. E o número de eventos regulares passou de 16, em 2013, para mais de 50 hoje em dia.
Como se demonstra, o desígnio da cultura não é, nunca foi e seguramente não será para o atual elenco governativo municipal, um mero verbo de encher, e não depende, como nunca dependeu, de iniciativas meritórias, mas transitórias, como a das “Capitais da Cultura”.
O que o presente ano de 2025 representa é, pois, o corolário de um caminho iniciado em 2013 e que não pode parar nem ser interrompido. De resto, e justamente para que uma perspectiva atomística e desgarrada não se enraizasse, a Coligação Juntos por Braga cuidou, desde cedo, de desenvolver e aprovar uma estratégia vocacionada para este setor com a participação de todos os agentes culturais e da sociedade civil.
Surgiu assim, em 2020, a Braga Cultura 2030 assente em quatro eixos estratégicos: (i) Cultura, Diversidade e Criatividade; (ii) Cultura, Inclusão e Participação; (iii) Cultura, Conhecimento e Economia; (iv) Cultura, Território e paisagem.
Cada um destes eixos estratégicos desdobra-se em iniciativas concretas que se encontram em realização e permitiram enquadrar a ação política num contexto muito preciso e exaustivo.
A esta estratégia e à própria prioridade do executivo não são alheios os relevantes investimentos em infra-estruturas. Depois da renovação do Fórum Braga, da recente requalificação do Convento de S. Francisco e do Arquivo Municipal, instalado na antiga escola Francisco Sanches, seguem-se o Media Arts Center e a Ínsua das Carvalheiras, entre muitos outros.
Braga 25 promete, por tudo isto, ser mais um ponto num conto de mais de uma década que o concelho tem apreciado e que agora, com toda a naturalidade, se habituou a ter como património inalienável.
Julgo que é este verdadeiramente o modo de vida e cultura que importa continuar a melhorar e enriquecer, de preferência, e como diria o Papa Francisco, com todos, todos, todos os que para ele queiram verdadeiramente contribuir.
13 Junho 2025
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