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Braga Romana: quando o passado ilumina o presente cultural

26.ª Conferência Mundial na área da sobredotação, em Braga!

Braga Romana: quando o passado ilumina o presente cultural

Ideias

2025-05-16 às 06h00

Palmira Brandão Palmira Brandão

Em pleno século XXI, uma cidade no Noroeste da Península Ibérica consegue, anualmente, realizar uma autêntica viagem no tempo. Falo de Braga, que sob o nome de Bracara Augusta, foi símbolo do poder e da organização do Império Romano. Este ano, com um significado ainda mais especial - Braga é Capital Portuguesa da Cultura 2025 -, a celebração da Braga Romana entre 21 e 25 de maio ganha uma relevância redobrada: afirma-se como um testemunho vivo da memória histórica, da identidade local e da força cultural da cidade.
A Braga Romana não é uma simples festa. É uma recriação histórica que alia rigor científico a uma forte componente educativa e lúdica. Desde 2003, este evento recria o quotidiano da antiga cidade romana - capital da província da Gallaecia -, evocando o seu papel como centro administrativo, comercial, jurídico e espiritual. O mercado romano, as escolas, os cortejos diurno e noturno, as dramatizações, os rituais e os jogos transportam os visitantes para o século I d.C., quando Bracara Augusta florescia como um dos pilares do domínio romano no Ocidente europeu.
O que distingue a Braga Romana de outras recriações históricas é a sua fidelidade às fontes arqueológicas e historio- gráficas. Não há lugar para anacronismos nem folclores fantasiosos. Em vez de cavaleiros medievais ou dragões inventados, celebra-se a autenticidade de uma cidade que acolheu imperadores e onde se ergueram fóruns, templos, aquedutos e termas. É uma evocação cultural que envolve investigadores, escolas, artesãos e cidadãos, promovendo uma cidadania ativa e um orgulho patrimonial fundamentado no conhecimento.
Este ano, a Braga Romana decorre num contexto simbólico e estratégico: Braga ostenta o título de Capital Portuguesa da Cultura. Esta coincidência é mais do que um acaso feliz - é uma oportunidade para afirmar Braga como exemplo de como o património imaterial e a memória histórica podem ser motores de desenvolvimento cultural e turístico. A Braga Romana mostra que a cultura não é um luxo, mas sim um elo entre gerações, um instrumento de coesão social e uma ponte entre o passado e o futuro.
De facto, a própria fundação de Bracara Augusta, entre os anos 16 e 15 a.C., no contexto da reorganização administrativa romana após as Guerras Cantábricas, inscreve Braga num dos mais antigos capítulos da construção europeia. Ao assumir o epíteto “Augusta”, em honra do imperador Augusto, Braga consolidava o seu papel estratégico e político. No século IV, sob Diocleciano, seria elevada a capital da província da Gallaecia, tornando-se centro vital de justiça, religião e administração.
Durante os dias da Braga Romana, as ruas do centro histórico enchem-se de vida antiga: romanos de toga e túnica, legiões em marcha, deuses invocados, sucos de Baco provados, danças para Lupercus, oferendas a Júpiter, e honras prestadas a Marte. É um ambiente envolvente, educativo e interativo, onde o público é convidado a viver a experiência, não apenas a observá-la. As crianças participam em escolas romanas, aprendem latim, descobrem jogos ancestrais e desenvolvem um apreço genuíno pela história. Os adultos revivem o espírito da cidade imperial, compreendem melhor o seu legado e projetam-no com orgulho.
É, pois, nesta comunhão entre passado e presente que Braga se afirma não só como cidade de história, mas como cidade com futuro. Em tempos de globalização e homogeneização cultural, é essencial valorizar a autenticidade e a memória. A Braga Romana mostra-nos que é possível celebrar com rigor, aprender com prazer e construir identidade com conhecimento.
Que esta edição da Braga Romana seja, por isso, não apenas um regresso às origens, mas também um passo firme rumo a um futuro onde a cultura é alicerce, símbolo e motor.
Avé, Bracara Augusta! Avé, Braga - Capital Portuguesa da Cultura!

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