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Braga Sustentável: a urgência de um plano para o futuro

Um batizado especial

Braga Sustentável:  a urgência de um plano para o futuro

Ideias

2024-06-27 às 06h00

Artur Feio Artur Feio

Odesenvolvimento sustentável é um conceito formado por um conjunto de ideias e estratégias ecologicamente corretas, economicamente viáveis, socialmente justas e culturalmente diversas.
A sustentabilidade permite o desenvolvimento das gerações presentes garantindo, ao mesmo tempo, as necessidades das gerações futuras. É um conceito diretamente relacionado com o desenvolvimento económico e material, sem agredir o meio ambiente, usando os recursos naturais de forma inteligente para que se mantenham no futuro. Para que Braga seja sustentável deve ser ecologicamente eficiente, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente diverso. Por outras palavras: Braga deverá caminhar para ser um concelho solidário, inclusivo, resiliente e seguro.
Em janeiro de 2016 foi aprovada a resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) intitulada “Transformar o nosso mundo: Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”.
Esta resolução consiste em 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que são uma lista de tarefas aprovadas em nome dos povos e do planeta, e que constituem uma oportunidade única para apoiar um crescimento sustentável, regenerativo e inclusivo, sem o qual será impossível fazer face à emergência climática, à perda galopante de biodiversidade e às desigualdades e assimetrias sociais. 
Estes objetivos não podem nem devem estar ausentes do projeto de cidade que queremos para Braga. Ninguém se pode demitir desta responsabilidade, e tal como os 193 Estados-Membros que aprovaram por unanimidade este compromisso coletivo, também o Município de Braga é desafiado, através dos seus órgãos de gestão política, a dar respostas às necessidades dos bracarenses, nos planos cultural, social, desportivo, e económico, tanto na cidade como nas freguesias que alimentam a nossa ruralidade.
Esta resolução convida todos a não deixar ninguém para trás, no acesso à cultura, ao desporto, ao emprego, à vida com qualidade e à vivência das suas aspirações. Trata-se de uma tarefa ambiciosa e o Município de Braga é chamado a intervir no trinómio social, ambiental e económico. Se o princípio social engloba as pessoas e as suas condições de vida, nele se incluindo a educação, saúde, lazer, entre outros aspetos, o ambiental está diretamente ligado aos recursos naturais e à forma como são utilizados pela sociedade, comunidades ou empresas. Finalmente, o princípio económico está relacionado com a produção, distribuição e consumo de bens e serviços.
Um dos maiores desafios dos governantes das comunidades é que, até 2030, se foquem sobretudo na proteção dos pobres e das pessoas em situação de vulnerabilidade, aumentando a urbanização inclusiva e sustentável e as capacidades para o planeamento e gestão de equipamentos humanos participativos, integrados e sustentáveis. Neste capítulo, o poder local, dada a sua proximidade às comunidades, não pode assobiar para o lado, face às situações dramáticas que diariamente são conhecidas no acesso generalizado a habitação segura, adequada e a preço acessível. O que se tem feito em Braga?
Outro importante objetivo é o fortalecimento dos esforços para proteger e salvaguardar o património cultural e natural. No que concerne à redução do impacto ambiental negativo per capita nas cidades, dimensão em que a qualidade do ar, gestão de resíduos municipais e recursos hídricos assume particular destaque, em Braga estamos, infelizmente, muito longe de conseguir concretizar esse desígnio. O sucessivo e inexplicável adiamento do Eco-Parque das Sete Fontes, as reiteradas ações de poluição do Rio Este e o abandono do Monte do Picoto são suficientes para ilustrar a indiferença, a incapacidade e a completa ausência de vontade política de alcançar este objetivo.
Estamos a perder o comboio do futuro e este alheamento face aos recursos naturais constitui um exemplo acabado de negligência face ao direito dos bracarenses a um ambiente protegido e salvaguardado.
O Município de Braga foi, no passado, um modelo de apoio às relações económicas e sociais positivas entre áreas urbanas, suburbanas e rurais: aconteceu com a criação de uma rede de transportes públicos (TUB), a construção de vários polos industriais e a consciência dos empresários que transformaram Braga num concelho com fortíssima diversidade industrial sem perder a vertente de “capital do comércio e serviços”. Estas ideias visionárias impediram que Braga crescesse à custa do emagrecimento das freguesias rurais, dotadas desde sempre de bens essenciais (abastecimento de água, saneamento, equipamentos culturais, desportivos e institucionais).
Braga, em 2013, tinha duas dezenas de pavilhões gimnodesportivos, a maior área per capita de espaços desportivos a nível nacional, e um fantástico dinamismo associativo protagonizado por mais de uma centena de coletividades.
O Município continua a ser chamado a criar condições para a fixação de pequenas empresas, e a reservar espaços para a atração de empresas de maior envergadura, mas os empreendedores defrontam-se com imensas dificuldades para encontrar terrenos disponíveis, agravados pelos sucessivos adiamentos na finalização da revisão do novo PDM. Por outro lado, o Município também não pode ignorar o apelo dos empresários no sentido de dotar a rede de Parques Industriais (Celeirós, Sequeira, Sobreposta e Adaúfe) de transportes acessíveis aos trabalhadores das empresas aí localizadas.
Quanto à “capital do comércio e serviços”, os pequenos empresários dos Centros Comerciais de primeira geração (Gold Center, Shopping Santa Cruz, Centro Comercial Galécia, BragaShopping, entre outros) continuam à espera das sucessivas promessas eleitorais feitas pela Coligação, e já passaram 11 anos.
Até lá, é urgente que Braga possa proporcionar a todos os seus munícipes transportes seguros, sustentáveis e a preço acessível, melhorando a segurança rodoviária e promovendo a expansão da rede de transportes públicos, com especial atenção para as pessoas em situação de vulnerabilidade, como são os casos das crianças, pessoas com deficiência e idosos.
Pode fazer-se melhor? Claramente, se colocarmos a prioridade nas pessoas. Os bracarenses não querem mais fotos, querem melhores realidades.

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