Entre decisões e lições: A Escola como berço da Democracia
Voz aos Escritores
2025-04-04 às 06h00
Quem sobe da Estação, à direita bem aberta, arrisca perfumes inquietos, pinturas flóridas, zunidos de água na fonte do jardim. O casario antigo acena a sua beleza, oferecendo o sorriso das suas janelas bem armadas. Sempre que o vejo de longe, o Arco abraça-me, chama-me e diz-me baixinho, como que sibilando nos ventos memoriais, olha bem para mim, vê onde me pouso, pega nos meus braços que mergulham nestas casas, tão vetustas quanto eu. Os meus braços são muralhas de granito, húmidas e rijas, agraço que refresca e fortalece a história e a memória. Em tempos imemoriais, abraçavam a cidade, acalentavam-na, perscrutavam as vielas e os lajedos, pressentiam emoções de gente rude e fina.
O Arco abria os braços à luz nascente e acenava em direção às hortas. Todos passavam por aqui em busca da verdade e do próprio alimento. Na catedral longeva, os sinos chamavam fiéis e almas perdidas. Sob o Arco, um espaço sem porta deixava ir abaixo de Braga em direção às hortas. Muito fácil relacionar a realidade com as metáforas: umas mal cheirosas, outras pondo etiquetas a quem vive e sobrevive entre portas.
"Ir abaixo de Braga", "Ser de Braga" e expressões correlativas cristalizam situações, contextos e modos de ser do brácaro canónico. Outros tempos, outras higienes, onde eram hortas hoje são jardins. Senhora da Nazaré, tu que nos olhas sem olhos lassos, esclarece-nos, dá-nos luz, foi o André ou foi o Carlos, o Soares ou o fantástico Amarante, quem teve a ideia e depois agiu? Saio do jardim em frente, agacho-me reverenciosamente sob o Arco, branco do Sol, e atiro os olhos na longitude subinte.
D. Diogo de Sousa, tu que foste grande e alargaste a urbe, diz-me: a Arcada fica longe, tenho pernas para cheirar o néctar da famosa Brasileira? Ou devo subir ao castelo, ali semi-esconso, e mirar as guritas, varandas e janelas em traça original, das que miram boquiabertas o rococó e o barroco, os motivos heráldicos, cheios de história e beleza? Eu sei que também posso visitar as Galinheiras, ou a Rua da Violinha, pois a muralha fernandina ainda por lá viceja, e quiçá esgravatando encontre pilartes ou barbudas, daquelas marteladas lá para os lados de Milmanda. Mas hoje já não. Em tempo de cansaço, fico por aqui, apalpando o granito e vendo o pôr do sol ao longe.
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