Correio do Minho

Braga, quarta-feira

- +

BRT à La Carte para limitar o próximo Presidente da Câmara

A armadilha da gratuidade universal

BRT à La Carte para limitar o próximo Presidente da Câmara

Ideias

2023-07-30 às 06h00

Mário Meireles Mário Meireles

A segunda linha do BRT parte da Estação Terminal de Comboios de Braga no sentido da Rua do Caires, utilizará toda a Rodovia, e atravessará o campus de Gualtar da U.M. - Universidade do Minho até ao Hospital.
Simplificando: a Linha 43 (que liga hoje, através da Rodovia, a Estação Terminal de Comboios de Braga à entrada da U.M), passará a atravessar a U.M. e chegará ao Hospital. Mas como serão os cruzamentos: vai por cima, vai por baixo, acabam os túneis e viadutos? E o atravessamento da U.M.? E o desenho da frente da Estação de Comboios? E onde será a estação junto do Hospital: vai o BRT chegar à entrada principal do Hospital? Não sabem responder. Ou não querem dizer.
Aquando do lançamento da obra da Avenida da Liberdade, suscitaram-se dúvidas  relacionadas com o desenho do cruzamento com a Rodovia. Apesar do BRT não percorrer a Avenida da Liberdade, e nela não ter sido reservado nenhum espaço para o transporte público, a verdade é que o BRT terá de cruzar esta Avenida. O BRT, que passa nas avenidas que compõem a Rodovia, terá de parar no cruzamento da Avenida da Liberdade para aí criar centralidade, interface, atratividade para o sistema. Para ser mais do que apenas a Linha 43, é preciso criar uma estação naquele local, como em muitos outros cruzamentos na Europa. Não é preciso ir a Estrasburgo ver a Place De L’Homme de Fer, afinal até na Rotunda de Infias temos uma paragem numa intersecção giratória.
A resposta às diversas perguntas que se vão fazendo é que “não se sabe como vai ser”. Conseguiram ainda acrescentar, ao nível da solução dos túneis que existem nos cruzamentos e das estações para as zonas de cruzamenrto, que “pode ser por cima, pode ser enterrado, pode ser de qualquer maneira”. A responsável política disse até que “não tem uma bola de cristal para saber qual é a solução do BRT para aquele local”… Duvido que seja enterrado, pois para isso é necessário um grande investimento em equipamentos de ventilação, escadas rolantes, elevadores para pessoas com mobilidade reduzida, cais de acesso aos veículos, e inviabiliza a utilização desses túneis por veículos com motor a combustão. Estes investimentos avultados tornam a solução impraticável, já para não dizer que não faz qualquer sentido enterrar um serviço de BRT. O BRT é uma solução de superfície, não é uma solução enterrada.
As restantes linhas dos TUB circularão nesse mesmo canal? Ou circularão na via do carro? Porque por muito que reformulem as linhas TUB, ninguém está para mudar 3 vezes de autocarro para ir da Ponte de Prado até ao Bom Jesus, do Nova Arcada até ao Hospital Privado, ou de Cabreiros até à Lage em Gualtar, pelo que teremos que continuar a ter linhas diametrais, a bem do serviço público dos TUB.
Na Rotunda das Piscinas, onde as duas linhas cruzam, qual será a solução? Como será o transbordo entre linhas? Poderíamos ter ali uma “Place de L’Homme de Fer”, onde o transporte público em sítio próprio pára em plena interseção e onde as pessoas podem, calma e rapidamente, trocar de linha, sem terem que ser obrigados a andar muitos metros.
Este devia ser um grande projeto de reformulação dos dois principais eixos da cidade. Qualquer intervenção feita agora limita a atuação do próximo ciclo autárquico. Seria de esperar muita mais transparência, certeza, visão e envolvimento da população. Sendo este um projeto de regeneração urbana efetuado com fundos europeus, nos 10 primeiros anos o mesmo não poderá sofrer novas obras (salvo excepções muito bem justificadas, ou devolvendo o valor europeu investido).
Apesar de todas as dúvidas que persistem, garantem que a primeira linha estará pronta daqui a 551 dias. Se tivermos em conta o exemplo da Avenida da Liberdade (900 metros em 280 dias), eu não sei como é que 5000 metros vão estar prontos daqui a 551 dias, quando ainda não há concurso lançado, empresa vencedora, nem visto do tribunal de contas (a nova desculpa da Câmara para os atrasos do início das obras, que já percebemos ser mais uma desculpa esfarrapada, depois do esclarecimento do próprio Tribunal).
É preciso procurar a excelência. Braga merece um projeto de excelência e não qualquer coisa. Certo é que se não for com o PRR, quem vencer as próximas eleições autárquicas em 2025 terá como promessa eleitoral melhorar a mobilidade com um transporte público em sítio próprio. Esperemos que onde implementem esse modo de transporte, implementem também ciclovias, pois só assim teremos ruas e avenidas completas, mobilidade para todos e uma verdadeira revolução da mobilidade, com o tridente da sustentabilidade a funcionar: o andar a pé, de bicicleta e de transporte público.
Daqui a 15 dias há mais. A mobilidade induz-se.

Deixa o teu comentário

Usamos cookies para melhorar a experiência de navegação no nosso website. Ao continuar está a aceitar a política de cookies.

Registe-se ou faça login Seta perfil

Com a sessão iniciada poderá fazer download do jornal e poderá escolher a frequência com que recebe a nossa newsletter.




A 1ª página é sua personalize-a Seta menu

Escolha as categorias que farão parte da sua página inicial.

Continuará a ver as manchetes com maior destaque.

Bem-vindo ao Correio do Minho
Permita anúncios no nosso website

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios.
Utilizamos a publicidade para ajudar a financiar o nosso website.

Permitir anúncios na Antena Minho