Correio do Minho

Braga, quinta-feira

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Buracos e outros furos

Ser Dirigente no CNE - Desafios

Ideias

2011-11-25 às 06h00

Borges de Pinho Borges de Pinho

1 . O ocorrido na ilha da Madeira tem vindo ultimamente a ser objecto de fortes comentários e análises, e o próprio PGR ordenou um inquérito para apurar eventuais responsabilidades.

Concordando-se ou não com o MJJardim, suas cor política, irreverência e truculenta modo de “atacar” os continentais, apelidando-os de “cubanos”, a verdade é que o “buraco” da Madeira não devia surpreender ninguém atento às coisas da política, pois de modo nenhum se pode deixar de pensar nos “buracos” existentes em certas autarquias, empresas e organismos do Estado, alguns alapados em fundações, institutos, parcerias e empresas municipais, transformando Portugal num verdadeiro “queijo gruyère” .

Aliás só assim é possível compreender certas “obras” e “desenvolvimento” em certos municípios onde as dívidas se esvaem entre nebulosidades e artifícios, “enformando” buracos cujas reais dimensões de todo se desconhecem, sendo que o caso da Madeira não é mais do que um triste exemplo do que se tem vindo a passar no país, com os BPN, a TV, as auto-estradas, os transportes públicos, instituições, serviços do Estado, etc., onde vingam contínuos e profundos buracos, furos e desvios colossais a emergir de esconsas e habilidades para sufragar interesses políticos, partidários e outros, alapando ”negócios” duvidosos, polémicos e ruinosos para o erário público.

Como o «Campus de Justiça de Lisboa», as auto-estradas, com o caso da Ascendi, etc., etc.. De que o Almerindo, então nas Estradas de Portugal e hoje “presidente da Opway, construtora do BES e accionista da Ascendi”(MAPina, JN 14.10.11), lava as mãos imputando à tutela a responsabilidade pelos milhões havidos em tão ruinoso “negócio”. Curiosamente um grupo com ligações à Mota-Engil, de Jorge Coelho e ao BES.

2 . Já não há pachorra para ouvir os mesmos “incendiários” de sempre, como alguns sindicalistas e determinados políticos, aliás de todo co-responsáveis mas esquecidos e alheados da grave crise que se vive quando há que cumprir o plano da troica se se quiser sobreviver e ter dinheiro para vencimentos e para comer.

Na verdade já não há paciência para os Carvalhos da Silva, Picanços, Proenças, Jerónimos, Louçãs, Zorrinhos e tantos outros aos gritos contra o Governo e as medidas de austeridade quando é de todo seguro não haver outra solução para o grave problema do país, esquecendo-se que muito se ficou a dever a desvarios e loucuras em sede de reinvindicações, salários, regalias e despesas no desenrolar de um tolo novo riquismo para o qual não se estava preparado.

Um país que descambou nos desgoverno e bancarrota actual devido a uma irresponsável, utópica e louca acção e intervenção de todo um naipe de “políticos” (muitos ainda em cargos de responsabilidade pública) que “embarcaram” numa de democracia “tout en court” para a qual não se estava preparado nem se tinha talento nem meios. Adoptaram-se “estrangeirismos”, modernismos de teóricos e lunáticos, e elaborou-se uma constituição que se configura mesmo como uma autêntica “camisa de forças” para o desenvolvimento do povo português. Uma “camisa de força” com inconfundíveis marcas do “suor” de toda uma política de esquerda, mas de todo afastada das realidade e especificidade do próprio país.

Como já se escreveu, vive-se agora um verdadeiro 31, que aliás foi para onde nos atirou a revolução de 25 de Abril de 1974. Pela inépcia, loucura, impreparação, irresponsabilidade e estupidez de muitos, diga-se, já que apenas se teve a preocupação de vomitar de direitos e mais direitos, esquecendo-se que os direitos acarretam deveres, como o de respeitar os legítimos direitos e interesses de outrem, e toda uma elementar prudência, cautelar bom senso, sentido das responsabilidades e inteligência na acção.

A situação é grave, mas era oportuno saber-se quanto ganham e ganharam tais sindicalistas e tal naipe de políticos irresponsáveis. São sancionados tão só com as votações e nunca lhes são exigidas responsabilidades criminais pelos desvarios, má gestão e ruína do país?

Ou pelo contrário são premiados como o Vítor Constâncio, hoje no BCE apesar das suas “responsabilidades” e “inacção” no Banco de Portugal no caso do BPN?

3 . Há dias dizia alguém que as algumas das medidas do governo para limitar as «gorduras” do Estado não passavam de meros «tremoços».

Tremoços ou não, há que as cortar, sendo que nos agradou sobretudo a extinção dos governos civis e a intervenção governamental no IPDJ, que iniciou a 1 de Outubro a actividade e resulta da fusão do IDP (Instituto do Desporto de Portugal) e IPJ (Instituto Português da Juventude), da dissolução da MoviJovem (Mobilidade Juvenil, Cooperativa de Interesse Público de Responsabilidade Limitada) e da extinção da FDTI (Fundação para o Desenvolvimento das Tecnologias de Informação), competindo-lhe apoio logístico, administrativo e financeiro à Autoridade Antidopagem de Portugal e à Agência Nacional para a gestão do Programa «Juventude em Acção».

Uns tremoços com que a SEDJ (Secretaria de Estado do Desporto e Juventude) reduz dirigentes de 119 para 42 e funcionários em cerca de 300, o que equivale a ganhos financeiros estimados em 7,4 milhões a nível de despesas com pessoal e na ordem de 6,9 milhões em estruturas.
Meros tremoços, diga-se, que não devem ter agradado a determinados «boys» dos partidos, assim cerceados em certos e usuais «jobs», mas a que se impõe juntar o fim da Fundação atinente aos «Magalhães», a extinção de alguns cargos dirigentes na Segurança Social, a redução no número de administradores de empresas e institutos públicos, os cortes havidos em certos subsídios, em cartões de crédito, no uso de veículos dos serviços, etc., etc..

Mas há muitas outras “gorduras “ a cortar pondo-se fim a certos serviços e entidades de manifesta inutilidade, como altas autoridades, entidades reguladoras, observatórios, acessores e auditores disto e daquilo, que de todo em todo não trabalharão (!?) de borla e cuja logística não deixa de ser gravosa para o Estado.

Para já não se falar na extinção do Tribunal Constitucional, e sua pesada estrutura logística, “encaixando-o” numa secção do STJ.

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