Por estes dias, abrimos mais um ano letivo. Chegam as rotinas: as corridas para ir levar e buscar os filhos à escola, os trabalhos de casa para acompanhar, os fins-de-semana que se enchem de atividades e, claro, as exigências do nosso próprio trabalho para cumprir. Não é fácil responder a tudo na perfeição, mas lá vamos procurando fazer o nosso melhor e é nesse esforço permanente que procuramos ser bons pais.
Antes de tudo começar, a casa encheu-se de compras. Os livros e os materiais escolares tiveram prioridade. Rapidamente as mesas do escritório ficaram repletas de manuais e cadernos para encadernar e etiquetar. Depois, olhou-se com atenção para o guarda-roupa. E lá renovámos calças, camisolas, sapatilhas e algum equipamento para as aulas de Educação Física. Também acrescentamos alguns livros à biblioteca. Desta vez, às versões portuguesa e inglesa do Harry Potter, juntámos alguns livros em francês e descobrimos novas coleções para iniciar... Resistimos a somar tudo, mas sabemos que a despesa galgou todos os limites que possamos ter fixado. Está tudo mesmo muito caro. Depois de umas férias em que descobrimos que repetir o que sempre fizéramos custa agora mais do dobro, também percebemos que o ano escolar duplicou as despesas.
Também vamos ter que fazer adaptações no transporte diário. Em alguns contextos urbanos, há obras que estão a alterar radicalmente o trânsito e isso vai sentir-se de modo agravado a partir desta semana. Poder-se-ia dizer que uma das alterativas seria optar pelo transporte público, mas essa rede está ainda por expandir. E isso trará, decerto, dificuldades no início e no final do dia. Há, pois, que guardar mais tempo para as deslocações.
Mais ou menos ao mesmo ritmo andarão os trabalhos escolares. Para quem tem os filhos em anos mais avançados esse acompanhamento estará já normalizado. Para os pais cujos filhos iniciam novos ciclos haverá certamente outras cansei-ras. E, para alguns, outras despesas com apoios escolares suplementares. Na verdade, há outras escola para além da es- cola.
E depois existem ainda fins-de-semana que se enchem com as atividades extracurriculares. Confesso que admiro os pais que se dispõem a acompanhar os filhos a treinos ou a jogos ao sábado e ao domingo. Também fico surpreendida com a resistência das crianças que, ao fim de uma semana pesada, ocupam os dias de descanso com um frenesim de coisas que provocam algum desgaste físico.
E quando parece já não haver tempo para acomodar mais nada, eis que surge algo que exige bastante dedicação: os telemóveis. Um smartphone tornou-se hoje imprescindível para os mais novos a tal ponto que os consumos atingem um inimaginável número de horas diário. À semelhança do que acontece em vários países europeus, Portugal começa a despertar para aquilo que começa a ser um problema. Há já escolas que tiveram coragem de impedir a utilização de telemó- veis no seu interior durante as horas letivas. Precisamos de alargar rapidamente essa limitação e incentivar os jovens a moderar esses usos no seu dia-a-dia. Trata-se, é certo, de um grande desafio.
Com ritmos e vivência diferentes, cada um de nós lá vai iniciando a seu modo mais um ano letivo. Que seja um ano profícuo para todos.