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Ideias
2012-11-21 às 06h00
Perdemos capacidades. Ao longo do tempo de vida alguns de nós sabem perdê-las com dignidade, outros querem mesmo perdê-las de qualquer forma. Outros dos restantes nem conta dão que as perdem. Neste momento, as vivências da nossa sociedade obrigam-nos a parar, a refletir nessas capacidades de que nos vamos desligando. Ou perdendo. Ou de que até nos esquecemos.
Por lidar com jovens adultos e ter a responsabilidade de os formar, sinto necessidade de lhes transmitir a preocupação com a cidadania e a sua importância naquilo que é o cuidado ao Outro. Esta é uma capacidade social que alguns defendem que tem vindo a esmorecer. Quiçá é altura de voltar a avivar este sentimento de pertença a uma comunidade e responsabilidade para com o Outro que vive ao nosso lado. Quiçá é o tempo do não esquecimento daqueles que, por alguma das razões anteriormente mencionadas, perdem as suas capacidades.
Tenho o hábito de observar, no caminho de casa, as pessoas à minha volta. Não por mera coscuvilhice de entretenimento, mas sim porque sou uma curiosa dos tipos de comportamento dessas mesmas pessoas. Daquilo que gera o comportamento, que o sustém, que dá às diversas pessoas as razões para agirem. Sinto, infelizmente e proveniente do que vou observando, que a capacidade de indignação também se vai dissipando. Essa capacidade que ajuda à cidadania e que nos remete para o espanto quando algo não está bem.
Pergunto-vos, neste momento atual e social, o que é que ainda vos indigna? O que é que realmente vos causa espanto e vos motiva a agir? Quais são as realidades que vos fazem optar por um comportamento de reação?
É necessário manter esta capacidade de se indignar. Tanto em Enfermagem ou nas restantes áreas da saúde, como nas diferentes comunidades, ou nas diversas famílias. As gentes mais jovens sentem o apelo de ver esta capacidade nas gentes mais velhas, que são o exemplo que podem seguir. É uma capacidade que pode e deve ser readquirida, caso se encontre por aí, algures perdida.
Ganhamos capacidades. Ao longo do tempo de vida sabemos que vamos crescendo em experiência, em conhecimentos e em maturidade, que nos permitem desenvolver algumas capacidades que nem imaginávamos poder ter. Ou que julgávamos perdidas. Ou ainda, em determinados casos, sentimos necessidade de procurar novas capacidades e usufruir das mesmas.
O intercâmbio entre as gerações pode devolver à sociedade parte das capacidades perdidas. Porque tem de ser esta troca e partilha de ideias entre as gentes de diversas idades algo a repelir ou a evitar? A sociedade apresenta-se cada vez mais envelhecida. Este é um fato. Já aconteceu, não é algo pelo qual temos de esperar. As aprendizagens, tanto dos mais novos com os mais velhos como vice-versa, são fonte de inovação e criatividade. De criação de talentos e de desenvolvimento de capacidades. É urgente apostar nestas aprendizagens, nestas trocas geracionais.
Ouvimos falar incessantemente em crescimento das organizações, desenvolvimento empresarial e mudanças estratégicas nos negócios para criação de valor e crescimento económico. Pergunto-me se todas estas atividades não passarão por um retorno às origens. Por aprendermos com quem já passou, viveu e fortaleceu capacidades. Falar com quem sabe para também podermos saber, ouvir o que foi feito para também podermos fazer. Saber quem somos para sabermos para onde vamos.
Apostar em nós. É assim que este intercâmbio deve ser vivido. Como uma aposta no nosso futuro, que é determinada pelo que aprendemos com o que os outros foram, como fizeram, pelo que lutaram. Não faz sentido avançarmos num caminho se não sabemos o que ficou para trás. São ventos de mudança que nos fazem mover em frente, gerir as capacidades, responsabilizarmo-nos pelo Outro que necessita de nós. No meu caso como enfermeira. E como cidadã desta sociedade.
E, como cidadã, perguntam-me bastantes vezes: e tu? O que fazes de bem na sociedade? Em que contribuis para recapacitação destas gentes em que te incluis?
Nada faço. Faço tudo. Tento muitas vezes nada fazer, por preguiça ou por sentir que o contributo não é suficiente. Faço tudo quando me incluo, quando sei que estou presente por apenas ser suficiente estar presente, por ser profissional ou por ser pessoa. Serão estas boas capacidades? O balanço e equilíbrio entre o que se pode e deve construir e aquilo que não queremos criar?
Equilíbrio. Aqui está uma boa palavra para o desenvolvimento de todas as nossas capacidades. Saber encontrá-lo na perda, no ganho, nos velhos tempos e nas novas mudanças. Fazer o balanço dos intercâmbios, aproveitar as experiências de espanto que provêm da indignação e avançar para melhor sedimentar o momento que vivemos.
15 Junho 2025
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