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Ideias
2025-07-05 às 06h00
Braga assinala em 2025 o meio milénio de um dos seus mais importantes monumentos renascentistas, com iniciativas que unem património, cultura e participação cívica.
Braga entra em 2025 com uma celebração dupla: além de ser Capital Portuguesa da Cultura, a cidade comemora os 500 anos da Capela dos Coimbras, um dos exemplos mais notáveis da arquitetura renascentista em Portugal. Construída em 1525, por iniciativa de D. João de Coimbra, vigário geral da Diocese de Braga, e com o apoio do então arcebispo D. Diogo de Sousa — grande impulsionador do renascimento bracarense —, a capela é hoje classificada como Monumento Nacional e assume-se como um dos marcos mais distintos da herança artística e espiritual do país.
Situada a escassos metros da Sé Catedral, a Capela de Nossa Senhora da Conceição — designação oficial do templo — insere-se num conjunto arquitetónico que integra também a Torre Medieval da Casa dos Coimbras. Apesar de se localizar em propriedade privada, o monumento tem sido progressivamente integrado na vida cultural da cidade, através de uma política de abertura responsável e de parcerias com entidades públicas e académicas.
Mandada edificar com um propósito funerário, a capela expressa a visão humanista do seu fundador. D. João de Coimbra, que procurou refletir, no espaço arquitetónico, não apenas o seu estatuto social, mas também a sua adesão aos ideais do Renascimento europeu. O resultado é um edifício que conjuga proporções clássicas com elementos decorativos exuberantes: o portal de arco perfeito, ornado com motivos vegetalistas, a abóbada de nervuras cruzadas e o túmulo esculpido do patrono são testemunhos dessa busca de transcen- dência estética e espiritual.
A influência do escultor francês João de Ruão — figura central na introdução de formas renascentistas na arte portuguesa — é visível nos baixos-relevos, frisos decorativos e capitéis coríntios presentes na capela. Esta filiação estética não impede, contudo, a afirmação de uma identidade local vincada, marcada pela permanência de elementos góticos e pela simbologia cristã, que traduzem a tran- sição entre a religiosidade medieval e a modernidade renascentista.
A torre sineira adjacente, de traço gótico-manuelino, reforça essa dualidade e sublinha a presença duradoura da família dos Coimbras no tecido urbano da cidade. A relação entre arquitetura, espiritualidade e poder fica assim claramente expressa neste conjunto, que, cinco séculos depois, continua a marcar simbolicamente o centro histórico de Braga.
A preservação e salvaguarda deste património tem sido assegurada pela empresa Torre dos Coimbras, gestora do espaço, que tem aberto o monumento a várias iniciativas culturais e artísticas.
Entre as diversas iniciativas que assinalam os 500 anos da capela e da torre medieval, destaca-se a sessão especial do Ciclo Braga Memória #16, promovida pela Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, no próximo sábado, 5 de julho, às 10h30. O evento terá lugar precisamente na Torre Medieval da Casa dos Coimbras, e contará com a participação da historiadora Maria do Carmo Ribeiro (Departamento de História, ICS, Lab2PT, IN2PAST, Universidade do Minho) e de Luís Aguiar Campos, atual gerente da Casa dos Coimbras. A sessão será moderada por Arnaldo Sousa Melo, também docente e investigador da Universidade do Minho.
Para além da conversa, será realizada uma visita guiada à Capela, permitindo aos participantes uma oportunidade única de conhecer de perto os elementos artísticos e históricos deste espaço icónico. A iniciativa procura envolver a comunidade na redescoberta do património e no reforço da memória coletiva da cidade.
Ao longo de 2025, estão previstas outras ações comemorativas no âmbito da Capital Portuguesa da Cultura, como concertos, exposições, publicações temáticas e encontros científicos. Estas atividades visam não apenas projetar Braga a nível nacional e internacional, mas também promover uma reflexão alargada sobre a preservação e revalorização do seu riquíssimo legado histórico.
Mais do que um monumento do passado, a Capela dos Coimbras é, hoje, um símbolo vivo da capacidade de um território se reencontrar com as suas raízes e de reinterpretar o seu património à luz dos desafios contemporâneos. O seu silêncio imponente, o rigor da pedra trabalha- da e a harmonia das formas continuam a inspirar quem a contempla - num diálogo constante entre o ontem, o hoje e amanhã.
15 Julho 2025
14 Julho 2025
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