Correio do Minho

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Cem Anos de Enfermagem

Entre a vergonha e o medo

Ideias

2012-10-24 às 06h00

Analisa Candeias Analisa Candeias

Escrevo esta crónica na semana em que são ultimados os preparativos para a celebração do Centenário da Escola Superior de Enfermagem da Universidade do Minho, no próximo dia 29 de outubro. A altura de comemoração do aniversário desta Escola é, para mim, um momento de reflexão, de paragem, em que muitas vezes são tomadas decisões que podem direcionar caminhos.

Mesmo quando trabalhava em meio hospitalar, esta era uma data que não esquecia, visto ter efetuado o meu curso de licenciatura em Enfermagem nesta mesma instituição. Este ano, porém, torna-se um período de maior introspeção, não só devido às grandes festividades comemorativas, mas igualmente devido às complexas circunstâncias sociais que todos vivemos. Circunstâncias que, embora comparadas com as ancestrais dificuldades do país onde vivemos, não podem ser (de todo!) consideras como fáceis e de ligeira passagem. Marcam os dias contemporâneos e irão marcar a nossa história.

Durante o último século, na Enfermagem portuguesa, assistiram-se a criações de instituições de ensino, definições de carreiras, manifestações, greves, desenvolvimentos legislativos, novas manifestações, novas greves, novas leis! Desenvolvimento científico também… Muito. O bastante, não o suficiente. Em cem anos sentimos a necessidade de continuar a desenvolver a profissão, de contribuir para a comunidade, de sermos mais Enfermagem. Pelos próximos que virão. E por nós que nos encontramos aqui.

O significado da comemoração de um centenário, no atual contexto, remete-nos para a ideia de durabilidade, de tradição e quiçá de continuidade. O que significam cem anos? O que acontece em cem anos? Afinal…Quem somos nós em cem anos? Esta é uma identidade que se encontra cada vez mais definida, marcada pelo passar do tempo e fundida com a história do nosso país.

A Escola Superior de Enfermagem da Universidade do Minho, integrada no início do século XXI nesta academia, anteriormente designada de Escola Superior de Enfermagem Calouste Gulbenkian (após algumas outras designações), pauta-se por um ensino de excelência, com grande ênfase em tudo aquilo que poderá ser considerado como inovação nesta área. É uma instituição procurada a nível nacional, em que os nossos estudantes são incentivados a procurar a melhor e mais correta interpretação das necessidades das comunidades e populações.

Esta procura e a heterogeneidade que daí advém marcam a identidade acima mencionada, sendo um desafio constante para o grupo de professores ao qual me orgulho de pertencer. O desafio é motor de procura, é encarado como forma e fio condutor de procurar o melhor para os estudantes.

Porém, este desafio não morre em sala de aula… É proporcionador de vetores de investigação e desenvolvimento científico. É igualmente berço de ideias e incubador da intenção de estudar como e de que forma podemos proporcionar melhores cuidados de Enfermagem. Trabalhamos em equipa, somos Enfermagem em equipa para, no futuro, constituirmos equipas.

O dia da comemoração do aniversário da Escola Superior de Enfermagem da Universidade do Minho, vulgarmente e entre nós conhecido como Dia da Escola, é marcado por diversas atividades, de carácter académico e científico e comemorado também, de forma bastante divertida e caricaturada por parte dos estudantes.

A Associação de Estudantes, responsável por estas atividades mais lúdicas, proporciona sempre ocasiões com bastante humor, com as tradicionais sátiras aos professores, colegas e acontecimentos que marcaram o ano letivo anterior. Contamos com tudo isto. Faz parte do nosso Dia.

Em 2012, este Dia será muito especial. Terá diversos momentos culturais, musicais e outros de relevância académica para o Ser mais em Enfermagem. Sinto esta altura como o culminar do término de uma caminhada e ao mesmo tempo como o início de um novo percurso. Estes preparativos dão-me vontade de ir mais além, são cenários ocultos que me permitem pensar que faço parte de uma história pessoal e bem maior que eu. São cem anos que nos devem trazer um sentido de pertença e de certeza de duração.

O trabalho pela duração e continuidade não irá esmorecer após as festividades. Acredito que seja com maior afinco que o iremos fazer, com ainda mais vontade de comemorarmos com qualidade outros cem anos. Este é um número que nos exige todo o respeito. Tanto pelos anos que foram como por aqueles que se aproximam.

Dou os parabéns a todos aqueles que, ao longo deste tempo, contribuíram para a comemoração, todos os enfermeiros que aqui colaboraram, aqui estudaram, aqui se formaram. Dou os parabéns igualmente aos que por cá se encontram neste momento, que somos agentes de mudança. E dou os parabéns à Escola Superior de Enfermagem da Universidade do Minho, por manter a qualidade por que sempre se pautou. Afinal…Cem anos não se comemoram todos os dias.

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