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Chega… de pandemias!

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Chega… de pandemias!

Ideias

2021-01-28 às 06h00

Vítor Oliveira Vítor Oliveira

O povo é sábio. Sempre foi. E sabe que não quer mais viver em ditadura. Não há fascismo em Portugal, nem ele está a crescer. Há pessoas, muitas pessoas, descontentes com a atual situação, provocada por uma pandemia com dimensão planetária. Que não é culpa de nenhum governo, mas que afeta todos. Seja o governo de um país, seja o da nossa casa. E que, por essa razão, têm que ser tomadas medidas para que todos possamos voltar a ter as nossas vidas.
Há comerciantes que não podem vender. Há restaurantes que não podem abrir. Há pessoas que estão sujeitas à ditadura do vírus e que não podem sair de casa. Há um acumular de situações que pesa nos comportamentos. Há impaciência e há seguramente mais razões, mas o resultado eleitoral do último domingo é, sobretudo, um voto de protesto. Foi uma válvula de escape. É a manifestação pública do desagrado de uma sociedade, que há um ano vive atormentada em restrições e que está literalmente cansada da falta de liberdade e do “vai ficar tudo bem”.

Nas eleições presidenciais de 2016, não houve espaço para (a)venturas. Nem para discursos similares, de ódio, com aparentes soluções simples para problemas complexos, onde prevalece o tom de voz acalorado, emocional, à flor da pele, com ataques disparados para agradar ao ouvido e com uma retórica que facilmente passa na comunicação social. Porque é diferente. Porque provoca o estado de coisas. Porque estamos em… Liberdade.
E o que nos define, em tudo na vida, é o que fazemos com a nossa Liberdade! Todo o excesso esconde uma falta e nem sempre quem esbraceja ou fala mais alto tem, afinal, razão. E quando Pedro fala mal de Paulo sei mais de Pedro que de Paulo…

O candidato que ficou em terceiro lugar não queria ser Presidente da República. Queria dar-se a conhecer mais um pouco. Queria continuar a estar na montra televisiva, porque o lugar de deputado não estava a suplantar o de comentador desportivo. Queria ganhar (mais) notoriedade para outros voos. E alguns eleitores, porque têm o direito de votar em quem quiserem, cederam à tentação do populismo de quem diz coisas óbvias. Porque estão descontentes, também, com os partidos.
Os mesmos protagonistas que, na noite do último domingo, reivindicaram (todos) a vitória eleitoral, quando a reeleição do Presidente da República, que se apresentou a solo, era um cenário demasiado previsível. Faltava saber a sua percentagem. Terem sido sucintos e realçado Portugal, os valores da sua Democracia e a mobilização das pessoas em tempo de pandemia, que votam na expetativa de serem ouvidas, teria sido mais benéfico. Havia bandeiras partidárias na Faculdade de Direito? Lembram-se como Marcelo iniciou o discurso do seu triunfo eleitoral?

A argúcia política do Secretário-Geral do Partido Socialista, António Costa, voltou, pois, a ser evidente. A crise pandémica já é bastante para perturbar a estabilidade do país. Dispensar-se-ia, agora, uma crise política, dando espaço (e mais palco) a quem olha de binóculos para as Legislativas ou a quem saliva por outro partido ter vencido no Alentejo. Ter apresentado um candidato próprio poderia significar, hoje, uma semana politicamente conturbada para o país, a braços com recordes diários de infeções e de óbitos, por COVID-19.

Os líderes não cuidam de resultados, nem podem olhar para o seu umbigo – muito menos em tempo de pandemia. Os líderes cuidam de pessoas! Afinal, são elas que geram resultados. São elas que fazem o progresso de um território. E que, pelo seu esforço e entrega, se querem rever num sistema democrático dinâmico, participativo e desenvolvido, com base num compromisso de futuro e sentido de responsabilidade.
Saber ouvir o descontentamento é fundamental e, nesta altura, determinante. As pessoas têm ideias e querem fazer parte. Querem contribuir com a sua intervenção, por mais ínfima que seja. Querem estar envolvidas, afinal de contas, na execução de projetos comuns. Ninguém tem de correr atrás das borboletas. O segredo é cuidar do jardim para que elas venham até nós e não se sintam tentadas a povoar terrenos baldios.

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