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Cibersegurança, e agora?

A necessidade de dizer chega

Cibersegurança, e agora?

Ensino

2023-05-10 às 06h00

Francisco Porto Ribeiro Francisco Porto Ribeiro

A proposta desta semana tem por base o relatório de Cibersegurança, divulgado a 29 de março, no que se prende com os aspetos gerais da cibersegurança (https://www.cncs.gov.pt/docs/boletim-observatoriocncs-mar2023.pdf), promovido pelo Observatório da CNCS (Centro Nacional de CiberSegurança em Portugal). No referido Boletim, as grandes tónicas dizem respeito à Desinformação que nos rodeia, à Cibersegurança no geral e à Desinformação Avançada.
No primeiro caso, e por definição, desinformação é “toda a informação comprovadamente falsa ou enganadora que é criada, apresentada e divulgada para obter vantagens económicas ou para enganar deliberadamente o público, e que é suscetível de causar um prejuízo público”, de acordo com a definição da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC). Esta questão prende-se com a associação das “notícias falsas” (fake news), ocorrendo quando se pretende usar a desinformação para simular notícias.
O segundo caso, relacionado diretamente com a Cibersegurança, prende-se com a segurança no mundo cibernético (leia-se, internet, redes social e afins), sobretudo porque por intermédio dos meios digitais proporciona-se a disseminação da desinformação e de automatismos informáticos que visam simular conteúdos e ações, supostamente, fidedignas: por exemplo, campanhas que usam botnets (número de dispositivos conectados à Internet, cada um executando um ou mais bots e onde as redes de bots podem ser usadas para executar ataques DDoS, roubar dados, enviar spam, ataques de Phishing, invadir e derrubar redes informáticas ou outros alvos críticos em países soberanos, permitindo que o(a) invasor(a) tenha acesso ao dispositivo que procura e à sua conexão; botnets são redes de equipamentos ligados à Internet comprometidos por agentes maliciosos, nomeadamente, por hackers ou rogue states, usando as redes para atividades criminosas diversas), manipulação das redes sociais, produção de deepfakes (manipulação de factos sendo um grande problema potenciado pelo uso da internet; é uma das formas mais eficazes de enganar, disponibilizando em formato de vídeo revelando pessoas a exprimirem palavras que nunca disseram, ou mesmo substituir caras, criando situações falsas, através de técnicas de inteligência artificial - IA), criação de contas falsas ou furto de identidade online. Como já deu para perceber, estas três áreas são um “mundo” paralelo ao nosso e todo o cuidado é pouco, seja connosco seja com os mais vulneráveis à informação – os jovens e os mais velhos.
Por fim, o terceiro caso relaciona-se com a desinformação avançada que se prende com os desenvolvimentos mais recentes a respeito das tecnologias digitais, como seja no campo da Inteligência Artificial (IA), uma vez que estas trouxeram maior sofisticação, potenciando todo um conjunto de desinformação com capacidade de simular imagens, vozes e textos. É claro que este aspeto está a ser usado no contexto geopolítico, para o bem e para o mal, com o sentido de manipular intenções e vontades de terceiros, criando condições para o uso deste instrumento como arma, nas redes sociais, para a desestabilização – recordo as comunicações para movimentos ou manifestações.
De acordo com os autores do Boletim, o uso da desinformação visa procurar polarizar, confundir e condicionar um público através da criação de perceções erróneas ou descontextualizadas sobre uma realidade, conduzindo a ações que prejudiquem o próprio e terceiros. Mas a desinformação também é utilizada para a obtenção de ganhos económicos, recaindo sobre um público com o objetivo de condicionar comportamentos que favorecem economicamente o agente do conteúdo (e.g.: ação de phishing é acompanhada por conteúdos que promovem falsamente um produto ou serviço). Também existem processos que se confundem com desinformação e que podem não corresponder a ações maliciosas, embora com consequências negativas (e.g.: conteúdos falsos que desacreditam a ciência ou elaboram “teorias da conspiração” e que podem ser desenvolvidos com base em crenças honestas). É um facto que as novas tecnologias, como a IA, permitem desenvolvimentos apropriáveis e o incremento da capacidade de simular uma realidade através de imagens, vozes e textos. Permite, ainda, a automação dos processos de disseminação da desinformação. Por fim, as redes sociais têm um papel importante na disseminação da desinformação digital, com a conversão dos leitores em potenciais produtores de notícias. O caráter aberto das redes sociais expõe, de uma forma ímpar, o espaço público à influência de campanhas de desinformação, disparando em todos os sentidos (fica o alerta).
De um modo geral, não se pretende assustar ninguém, mas apenas alertar para os cuidados adicionais, cada vez mais prementes, infelizmente, na nossa sociedade moderna. Fica aqui a proposta de leitura e o desafio para repensarmos as prioridades, considerando as gerações futuras e os riscos potenciais, já em curso e na “nossa porta”. Temos que, todos, repensar prioridades e combater este flagelo.

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