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Cidades atrativas (2)

Portugueses bacteriologicamente impuros

Cidades atrativas (2)

Escreve quem sabe

2021-10-06 às 06h00

Vítor Esperança Vítor Esperança

Cidades atrativas serão aquelas que valorizem o conceito global de qualidade de vida sob os desígnios da sustentabilidade ambiental, fácil mobilidade, empregabilidade bem remunerada, segurança e oferta de cultura, desporto e lazer.
A atração das cidades é uma realidade global, existindo várias metrópoles com dezenas de milhões de habitantes. É aqui que a vida moderna acontece.
O sistema económico vigente baseia-se no crescimento contínuo de criação de riqueza, que proporcione igualmente boa distribuição de rendimentos que sustentem o consumo como seu objetivo final. A ligação da ciência ao empreendedorismo originou empresas mais modernas e tecnicamente evoluídas, aumentando a sua produtividade, permitindo assim maior diversidade na oferta de produtos e serviços.
A digitalização da economia acelerou muita desta transformação, designadamente na comercialização dos produtos via Internet, no aumento da automatização e robotização na produção industrial e, a deslocalização dos fatores de produção para locais de mão-de-obra mais barata. A globalização beneficiou ainda da desregulamentação dos mercados financeiros, da rentabilidade fiscal permitida pela facilidade na circulação do dinheiro e da fácil mobilidade administrativa das sedes das empresas. A velocidade é tanta que, o ritmo na obtenção de rendimentos afastou os menos qualificados, beneficiando os mais capazes. Esta economia privilegia mais os detentores do saber, do dinheiro e dos fatores de produção, benefícios que se viram potenciados na era do digital. O novo mundo digital exige muita investigação e avultados investimentos em inovação e desenvolvimento dos produtos e serviços, uma opção que foge do habitual conceito de crescimento natural das empresas. Num mundo em que ainda predominam maioritariamente as pequenas e médias empresas, vamos passando rapidamente para um mundo dominado pelos “gigantes tecnológicos”. Basta olhar para o nosso dia-a-dia e observar o quanto cada um de nós está envolvido, para não dizer dependente, das mais conhecidas empresas tecnológicas, como a Google, Microsoft, Apple, Uber, Spotify, Amazon, entre muitas outras, onde ainda podemos juntar um mundo tão grande ou maior que o nosso, liderado pelas tecnológicas Chinesas ou Indianas, bem como de muitas outras que se agigantam a oriente.
Tudo isto exige qualidade no saber e na qualidade da ação de fazer. Estas empresas necessitam de locais onde a inovação se implante, a formação qualificada seja potenciada e, o “habitat” social seja melhorado com sustentabilidade ambiental.
Alta Qualificação - Este é o novo desígnio que irá distinguir as cidades no futuro.
As cidades atrativas serão aquelas que proporcionarem melhor capacitação/formação, fomentarem e apoiarem a inovação e o empreendedorismo, criadores de riqueza pelo aumento e valor acrescentado e, que proporcionem simultaneamente rendimentos suficientes aos que participam nessa economia, tornando-a autossustentável.
O problema é que os milhões de cidadãos, sem tais capacitações nem poder económico, não desaparecem de um dia para o outro, nem a economia terá a capacidade de se regenerar a curto prazo, sendo previsível também que seja demorado o ajuste entre as necessidades da procura qualificada de trabalhadores e a oferta que um ensino, demasiado conservador e lento, continua a disponibilizar.
Esta décalage obrigará a governança das cidades a reforçar os apoios na requalificação do possível, sem esquecer quem fica para trás. Isto obrigará a procurar equilíbrios sociais, que deixem de se focar apenas no assistencialismo, para se alargarem aos apoios de início de vida das pessoas e das empresas. A atenção tem que se virar para os jovens, melhor preparados e disponíveis para trabalhar e, para todos quantos queiram arriscar empreender, sem esquecer os apoios sociais às famílias que se verão totalmente absorvidas numa economia mais paritária e inclusiva mas, muito competitiva. O equilíbrio social será igualmente uma exigência das cidades atrativas.
A sociedade está em permanente mudança. Hoje, assistimos ao crescimento de gerações que têm novas formas de encarar a qualidade de vida. A sua ambição de futuro passa menos pelo acumular de riqueza, trocando-a pelo usufruto da vivência que as cidades mais modernas e atrativas lhes oferecem. Os residentes nas cidades estão a alterar o seu conceito de boa qualidade de vida, menos focada no TER, mas mais virada para o ACEDER. As cidades atrativas serão as que melhor compreenderem esta mudança de paradigma.
Aos governantes das cidades atrativas deixará de ser exigido mais obra, para passarem a ser-lhes pedida mais colaboração na ajuda e na mediação entre quem quer fazer, empreendendo e, os cidadãos que se apresentam com capacitações para complementar as ações de criação de riqueza.
No próximo artigo continuarei a falar sobre cidades atrativas.

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