Os perigos do consumo impulsivo na compra de um automóvel
Ideias
2021-11-02 às 06h00
Os governantes do futuro mediarão e ajudarão a adaptar o seu território às necessidades de vivência dos seus cidadãos a um mundo que continuará competitivo, mas onde o crescimento do bem-estar se afastará do foco de servir o individuo, para se adaptar aos novos conceitos de usufruto e partilha de bens e serviços. Mais que ter, é preciso ter hipóteses para aceder. Não podemos continuar a alimentar um modelo económico e social assente no crescimento contínuo, em que cada cidadão disponha de bens e serviços em abundância, que origine desperdícios. Temos que fazer substituir a satisfação de procura individual, pela resposta coletivas e ambientalmente sustentáveis. Alguns exemplos:
Acesso ao transporte. O transporte individual pode ser substituído, em muitos locais e oportunidades, por serviços de transporte partilhados e ou coletivos, sejam eles públicos ou privados. A oferta de transporte público tem a vantagem de lhe serem dedicadas vias de mobilidade próprias que diminuem os constrangimentos do trânsito citadino. A tudo isto temos que juntar a questão do ambiente. As cidades atrativas privilegiarão o uso de transportes não poluentes e dificultarão ao máximo o uso individual de transporte nos locais mais frequentados pelos cidadãos.
Acesso à habitação. Ter habitação própria é limitadora para a mobilidade de emprego e, altamente condicionada a rendimentos permanentes. Aceder à habitação não implicará a sua propriedade.
As cidades atrativas fomentarão a construção de habitação para o arrendamento, de forma que esta tenha uma oferta corrente que satisfaça a procura e seja acessível à larga maioria dos cidadãos, necessariamente compatíveis aos seus rendimentos médios, ou seja, uma oferta que respeite o rácio de esforço financeiro compatível e dentro dos indicadores económicos recomendados para o local. A oferta de habitação não pode ficar condicionada apenas ao mercado livre. A intervenção e a mediação da gestão pública é necessária para equilibrar a oferta á procura, porque não há cidades atrativas com problemas de acesso à habitação.
Acesso à cultura. A cultura é um conceito lato e multidisciplinar, mas diremos sinteticamente que a cultura se concretiza nas evidências coletivas de um povo, na preservação do seu património histórico e nas atividades que estas levam a efeito em determinados momentos de calendário, através de diferentes formas artísticas ou festivas. A grande maioria destas atividades lúdicos/culturais não são rentáveis. Elas sobrevivem com o apoio de terceiros e nestes, tomam especial relevo e provindas da governança local. Não há cidades atrativas sem uma identidade cultural forte, que proporcionem orgulho aos seus cidadãos, atraia visitantes com diferentes perspetivas de participação e ofereçam oportunidades de tornarem os seus cidadãos mais felizes.
Acesso ao desporto. O acesso ao desporto vai para além do desporto escolar e não pode terminar na prática competitiva de grupos, associações ou entidades profissionais. O desporto é hoje uma forma de cuidar da saúde e melhorar a qualidade de vida, devendo ser acessível a todos, e em todas as idades. A atividade física requer espaços para sua prática, sejam eles ao ar livre, ou em espaços construídos a propósito, porque nem sempre as condições meteorológicas se adequam às práticas de mobilidade que caraterizam o desporto. As cidades atrativas têm que ter locais de fácil acesso e em número satisfatório que convidem todos a moverem-se com prática desportiva e lazer. Também aqui é necessário o investimento público, já que apenas as atividades profissionais se podem autossustentar.
Acesso à educação. Todos reconhecemos que a educação acelera o desenvolvimento económico e social dos povos, constituindo-se simultaneamente como o meio mais eficaz para a permitir a equidade no aproveitamento das oportunidades, traduzido no conhecido conceito do “elevador social”. O sistema educativo tem hoje em dia uma outra importância na sustentabilidade de uma sociedade urbana, porque escolhemos viver num modelo económico que envolve toda a família no exercício de uma atividade profissional, o que lhes retira tempo para acompanhar os seus educandos. A educação/formação é hoje prestada quase totalmente no exterior das famílias. A formação começa no pré-escolar e vai para além da Universidade. Sabemos também que existem diferentes formadores cuja qualidade favorece as famílias de maior rendimento. As cidades atrativas terão que procurar diminuir este distanciamento social através da oferta de uma educação/formação pública de alta qualidade. Os apoios públicos devem focar-se na qualidade do ensino que oferecem e não apenas na sua gratuidade universal. Não deverão ser apenas as escolas a lutar pela melhor posição nos rankings, mas as cidades que são responsáveis pela maioria dos estabelecimentos de ensino local.
Em conclusão, as cidades atrativas serão aquelas que melhor oferecerem equilíbrios entre o crescimento económico (emprego e criação de riqueza), a satisfação das necessidades principais (educação, saúde, habitação) e a qualidade de vida a todos os seus cidadãos (cultura e desporto).
À governança das cidades atrativas exigem-se estratégias, planos e visão de futuro, porque a cidade não é apenas um local onde se reside, mas onde se sente a vida e se ganha o orgulho de uma identidade regional, que carateriza e diferencia os povos felizes.
15 Junho 2025
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