Indispensáveis são os bracarenses
Voz aos Escritores
2023-04-28 às 06h00
Vivemos num mundo cada vez mais complexo, em que verdade e mentira se confundem e em que valores morais apodrecem paulatinamente nas charcas estagnadas da nossa servidão. Somos geridos por comportamentos assustadoramente narcísicos, engolidos por cinismos, ironias e sarcasmos.
Em época de redes sociais e de GPT absorventes, não é fácil manter equidistâncias, equilíbrios, compreensões. A inversão da pirâmide do saber, com os néscios a subirem à genialidade e a sabedoria, os sábios, a serem espezinhados por manadas à solta, não augura nada de bom para o futuro da humanidade. Instituem-se sub-repticiamente mecanismos psicológicos de domínio irrebatíveis, formam-se angústias nodulares, vamos de encontro ao absolutamente desconhecido. Houve um tempo em que tentei compreender as ideias e as vivências de Antístenes, que relacionei de alguma forma com a minha condição cristã.
Viver em virtude em plena natureza não é, porém, tarefa fácil, e pode conduzir à hipocrisia.
A procura da felicidade tem múltiplos caminhos e alguns não são estritamente virtuosos. Nem todos gostam, também, de criar galinhas ou de plantar batatas. Por isso, e porque se instituiu a crença de que o ser humano é naturalmente mau e mentiroso, distanciei-me da ideia cínica inicial e fujo hoje a sete pés dos cínicos encartados.
Uso aqui alguma ironia, não para dizer o contrário do que estou efetivamente a dizer, nem para rir de alguém que nem conheço, mas para afirmar retoricamente que a vida nos põe, ó quantas vezes, de pernas para o ar, e que os cínicos por vezes vencem e a sua "virtude" se alcandora a elevados pedestais. Talvez por tudo isso me venho fincando no estudo do sarcasmo e no correlativo cheiro a carne queimada (não estou a inventar, é do étimo!) que resulta das chicotadas e das mordidas nas costas sensíveis dos infelizes viventes deste século XXI. Vivemos, infelizmente, num mundo não muito virtuoso, materialista a feder a clorídrico, que nos obriga a morder os lábios nos extremos das ações abusivas.
Entre cinismos, ironias e sarcasmos, vamos estruturando filosoficamente um mundo que serve os outros, claro, apenas os outros, porque nos deixa sentados na cadeira da indiferença. Eu faço os meus sacrifícios, vou tentando filosofias novas, na base das minhas crenças e dos meus claros ideais. Garanto que não é coisa pouca!
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