Correio do Minho

Braga, sexta-feira

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Citius, altius, fortius

Entre a vergonha e o medo

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Citius, altius, fortius

Ideias

2018-09-04 às 06h00

João Marques João Marques

Mais rápido, mais longe e mais forte. O lema olímpico serve aqui para ilustrar o meu resumo do verão bracarense, agora que as férias terminam e o regresso ao trabalho se impõe.
Mais rápido, desde logo porque um conjunto de novidades na área da mobilidade foram anunciadas e devem ter concretização no curto e médio prazo. A aquisição de veículos elétricos para a frota dos Transportes Urbanos de Braga é uma delas e vem dar resposta a dois problemas que ninguém ignora, mas para os quais a solução não é fácil (pelo menos para quem não tem o Estado central a patrocinar brilharetes). O primeiro respeita à elevada idade média dos autocarros detidos pela empresa municipal de transportes, fator enfaticamente sublinhado como castrador do seu crescimento. Para além da compra de viaturas usadas dos transportes públicos do Porto, que, ainda assim, ajudaram a baixar a dita idade média, impunha-se uma aposta forte na renovação e reinvenção das fontes de energia que alimentam a frota dos TUB. A opção pelo elétrico demonstra justamente o compromisso com a sustentabilidade ambiental do transporte público, um imperativo político e civilizacional.

Uma outra novidade bem-vinda no capítulo da mobilidade respeita à revisão da ciclovia da Encosta. Lembre-se que esta via ciclável nasceu torta e tarde ou nunca se endireitou. Projetada e executada pelo executivo socialista, esta foi uma daquelas obras que casavam (im)perfeitamente com a reduzida clarividência mesquitista para projetos mais modernos. “As propostas da Coligação Juntos por Braga não seguem com manual de instruções”, assim concluía o agora presidente de Câmara quando, à altura, o PS copiava desmazeladamente as iniciativas e propostas que Ricardo Rio apresentava. Com efeito, a ciclovia da encosta encerrava, em si mesma, o paradoxo de uma gestão presente, mas completamente presa ao passado. Fechada no atavismo, mas sedenta de contemporaneidade, a equipa de Mesquita Machado quis mostrar a Braga que ainda podia deixar uma marca de modernidade. O problema é que, como acontece a muitos políticos, tanto quis deixar uma marca que acabou por legar-nos mais uma nódoa. Graças ao desnível perigosíssimo entre o passeio e a ciclovia, bem como aos estacionamentos de automóveis que se interpunham inopinadamente entre a ciclovia e a estrada, a que acrescia uma série de rotundas feitas a alta velocidade, a utilização por ciclistas ficou reservada aos mais corajosos e, ainda hoje, só os mais temerários se arriscam a nela pedalar diariamente.

Os 2,8 milhões de euros que se anunciam para a sua requalificação permitirão remediar alguns dos erros passados, para além de servirem para a sua extensão por mais 1,8 km, terminando a tão ansiada ligação à Universidade do Minho.
Mais longe será onde o orçamento dos bracarenses poderá chegar no próximo ano, já que a Câmara Municipal se prepara para baixar o Imposto sobre Rendimentos Singulares (IRS), dos atuais 4,25% para os 4,10% em 2019. Isto significa que a diferença entre este valor e a taxa máxima (5%) que cabe aos municípios reverterá para os bolsos dos bracarenses. Assim se continua no caminho do desagravamento fiscal que a Coligação Juntos por Braga sempre defendeu e que repetidamente pratica.

Finalmente, mais forte. Sim, mais forte, porque Braga sai repetidamente fortalecida das sucessivas Noites Brancas que a não deixam dormir. É verdadeiramente impressionante a moldura humana que acorre a este evento, enchendo não só as ruas, como os espaços comerciais e culturais da cidade.
Este é um grande sucesso do concelho e merece ser sublinhado e referenciado como uma marca de Braga. Ontem, como hoje, como, espero eu, no futuro, esta é e será uma das mais importantes iniciativas que o concelho oferece ao país e ao mundo e deve, por isso, ser acarinhada por todos, sem apropriações partidárias ou de fações.

Bem nos lembramos da monumental assobiadela que o vídeo propagandístico projetado na Noite Branca de 2013, com a figura do então candidato Vítor Sousa, provocou na assistência. E nem foi pelo facto de alguém da Câmara Municipal aparecer num vídeo promocional do evento, foi antes por se tratar de uma vergonhosa tentativa de aproveitamento político que, ao invés de unir a cidade em torno de um grande evento, dividia e postergava partes dela.
Hoje, felizmente (e oxalá assim continue), temos tido o bom senso de quem não olha para a(s) Noite(s) Branca(s) como um trunfo eleitoral, mas antes e sobretudo como um triunfo nacional e internacional de todo um concelho, um valiosíssimo ativo que não pode ser desperdiçado.
Durante duas noites somos e fomos “Brancara Augusta”. Agora passaremos os restantes 360 dias do ano (sim, porque dois estão reservados para o S. João), na nossa vetusta condição de Bracaros, aguardando pacientemente pelos próximos três dias de festa, com a histórica certeza de que Braga manterá a sua imperial natureza de Augusta e que só disso não sabe quem aqui ainda não veio.

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