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Escreve quem sabe

2022-11-13 às 06h00

José Manuel Cruz José Manuel Cruz

As eleições no Brasil deixam qualquer um de pulga atrás da orelha: então não é que não se levantaram clamores sobre ingerências da praça vermelha? Algo me segreda que, não fora o monstro estar a braços com infâmia tamanha, indisponível, portanto, para pequeno biscate, e haveriam de por a rodar a modinha do “interfere aqui, interfere ali”. Estou em crer que seria sucesso para estação nos topes.
Rasga-me um lampejo de lucidez – também não seria fácil semear unanimidade em quanta redacção retransmite a mesma lengalenga. Sim, por quem puxariam os trolls do prigojin: pelo jair, que em bestialidade igualamos a quem o adubaria, ou pelo lula mensalão, por o que de avesso a uma américa de boas ordens lhe topem? Não seria bem um tirar à sorte, mas quase, e o sonambulismo geral faria o resto.

Por estes dias – e nem de propósito – deu brado um suposto insulto racista na Assembleia Nacional francesa. É possível que a coisa tenha ecoado em Portugal, quanto mais não seja por apenso aos históricos Joacine e Mamadou Ba. Brilhante é este episódio, à uma, porque não tenha dito o deputado Fournas o que lhe imputaram, e porque lhe impuseram uma sanção, do mais grave que alguma vez se aprovou, votando todos os partidos a favor, salvo o RN a que pertence.
«Que regresse a África», pontuou em aparte parlamentar, referindo-se ao barco que Malta não queria, que Itália não queria, acrescentando «são passadores». Dá-se o caso, porém, que o orador da extrema-esquerda acolhedora era um franco-congolês-angolano, negro, portanto, daí o charivari. Pensei que, passado o calor, saíssem confissões de equívoco e um “não se fala mais nisso”. Mas não, foi o grotesco à suspensão com perda de subvenção, que é o menos, que tem o deputado como ganhar a vida, que viticultor é para os lados de Bordéus.

Deu dó ver a Presidente da Assembleia prestar-se a papel tão ridículo. Futuro que a desfaçatez lhe rebenta na cara. Para já, e ao que parece, é a França que vai dar cais ao barco.
Retomo o que prigojin diz que faz ou que fez, que o mesmo é dizer que os de lá da rússia dizem que aprontam para desassossego de nossas pessoas. Mas interferir na vida alheia, nos negócios de terceiros, nos arranjos até de um país, é pecado, é crime? Que têm feito os EUA desde há décadas? Ou toca-nos o figuraço dos deputados franceses? Quanto à fanfarronada do cozinheiro – é mesmo uma fanfarronada, tal e qual as atoardas que dizemos às vezes para ferir alguém, do que em rigor não nos orgulhamos, mas saem-nos, e depois é tarde para voltar atrás.

Com esta e com outras, o Rassemblement National elegeu um novo líder. Novo, mesmo, tem 27 anos, não porta nome Le Pen, mas é o companheiro de uma das netas do nonagenário fundador do partido, dito da extrema-direita, mais para assustar que por exacta topografia. É nome para fixar, que vai andar por aí muito ano – Jordan Bardella.
É alto, de boa figura, perspicaz e articulado, e isto digo porque ainda não vi que o encostassem à parede numa diatribe qualquer. É filho de imigrantes italianos e acumula o facto de ter nascido em Seine Saint-Denis, o que só aporta trunfos, porque assim demonstre o RN que haja em França margem para que uma família estrangeira se assimile, recriando identidade, e para que um jovem de periferia se imponha no país de adopção.
Com a eleição de Bardella coincidiu a saída de um estudo de opinião, isto porque se murmura que o presente executivo de Macron não cumpra mandato, e parta a França para eleições antecipadas. Ora bem, a única força política que progride de forma sensível é o RN. Ele há destas coisas.

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