Correio do Minho

Braga, sexta-feira

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Começar de novo

Entre a vergonha e o medo

Começar de novo

Ideias

2023-11-28 às 06h00

João Marques João Marques

O congresso do PSD deste fim-de-semana foi um retumbante sucesso.
Um sucesso mediático pela atenção que granjeou em todos os canais de televisão, nos jornais, nas redes sociais e em qualquer plataforma de difusão de conteúdos.
Foi um sucesso político porquanto serviu para a reafirmação do PSD como casa da moderação, do reformismo e da social-democracia à portuguesa.
E foi um sucesso partidário na promoção da união das hostes laranjinhas. Este foi um conclave como há muito não se via e catapultou Luís Montenegro como o líder sem medo que há muito se esperava ver-se afirmado.
Com a humanizante sinceridade de alguém que diz olhos nos olhos aos seus pares que sabe que eles esperam ainda mais dele, Montenegro agiganta-se no reduto mais singular que a um político se reconhece. Centrando em si as frustrações de um partido e de um país, abre a porta à reconciliação com os militantes e com os portugueses.
A coligação que assim se formou foi o primeiro e mais essencial elo de ligação com o eleitorado e distingue-o totalmente da autosuficiência, da arrogância incontida e da prepotência de quem quer, pode e manda. Quer (e desquer) um Porsche, pode (e não pode) mandar construir aeroportos sem passar cartão e manda (mas pouco) pelo Whatsapp. Se o futuro do PS for o que se espera, o de Portugal só poderá passar pelo PSD. Não que faça grande diferença a escolha entre o delirante e imaturo “neto de sapateiro” ou um cinzentão e irrelevante ex-presidente da Câmara de Baião, mas convenhamos que um PS embrulhado em escândalos, com os serviços públicos em grave crise e esgotado politicamente, que surja com o topete de se apresentar de peito feito contra os “banqueiros alemães” seria um biju…
O que fica deste momento de verdadeiro reagrupamento das tropas sociais-democratas é um marco que distingue um antes e um depois. Com uma presença forte, um discurso notável e uma família unida, estão criadas as condições para que o presidente do PSD se apresente aos portugueses pronto para governar.
E o PS sabe-o bem. Foi verdadeiramente hilariante assistir à dificuldade com que os comentadores do costume, socialistas mais ou menos encartados, reagiram à intervenção de Luís Montenegro. Atrapalhados pela contundência da pose e pela mestria política com que apresentou as medidas que o distinguem do passado, sem renegar a herança que carrega de uma luta patriótica contra a bancarrota, os arautos do Largo do Rato perderam o pio.
À força do homem agregou-se o acerto das propostas. Não foi só o anunciado aumento do rendimento dos pensionistas mais pobres para o nível do salário mínimo, foi a certeza de um país que não ataca fiscalmente os seus cidadãos, sem esquecer a abertura ponderada e responsável para aqueles que aqui não tendo nascido, nos procuram para construir o seu projeto de vida.
Não foi preciso negar o Chega, não só porque já o fez ad nauseam, mas sobretudo porque a afirmação destas políticas e desta visão humanista, centrada na dignidade da pessoa, afasta inelutavelmente qualquer odor bafiento a intolerância ou conservadorismo ultramontano.
O recentramento do partido descentra o PS e demonstra à saciedade como não há partido mais português do que o PSD, verdadeiramente ligado às pessoas e à sua circunstância. Sem problemas de identidade, mas sem dogmas ideológicos. Sem medo do estado social, mas igualmente sem receio da iniciativa privada.
Um partido que sabe que um empresário é tão português quanto um trabalhador, que os mais pobres merecem apoio e não doutrina, que a saúde não é do setor público ou privado, mas das pessoas e que cada dia que passamos enredados no novelo da pureza do SNS é mais um dia que condena quem menos pode ao desespero da enfermidade. Um partido que acredita nas oportunidades e não na dependência, que quer subir a fasquia social promovendo prosperidade e não baixá-la para que todos sofram por igual. Uma partido que é do humanismo de Sá Carneiro, do reformismo de Cavaco Silva e da independência de Passos Coelho.
Um partido que apesar de todo esse legado, se vira para o futuro e tem nele a real medida da sua ambição.
Desenganem-se os que tinham enterrado o PSD. Os idos de Março não trarão traição e golpes de teatro, mas uma onda de mudança a todo o país.
Estamos fartos de casos e casinhos. Estamos fartos da corrupções e corruptelas. Estamos fartos de quem toma conta do Estado como se dele fosse dono perpétuo. Estamos fartos da áurea mediania que sempre resvala para a soturna mediocridade.
Portugal tem futuro e o PSD também.

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