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Ideias
2022-12-17 às 06h00
Muito se tem falado da turbulência e instabilidade climatérica nos últimos dias, sobretudo no sul do país. A verdade é que as cheias vão acontecer sempre em todas as cidades que não se prepararem convenientemente para fenómenos extremos de pluviosidade.
Alterações climáticas não é termos chuva no verão e sol no inverno! Não se trata da inversão das estações do ano. As alterações climáticas estão relacionadas, acima de tudo, com a repetição frequente de episódios e com a cadência mais curta de eventos atmosféricos extremos, quando outrora não era assim.
Em Lisboa, num espaço de uma semana, duas grandes inundações causaram prejuízos elevados e, mais do que isso, deixaram assustados os seus moradores. Em Braga, as enxurradas intempestivas costumam ser igualmente frequentes, sempre que chove mais um pouco do que o habitual.
Guimarães também padecia desse fenómeno. Em 2015, a inauguração de três bacias de retenção, com recurso a uma solução de engenharia natural, resolveu um problema recorrente das inundações em meio urbano.
Só nos primeiros meses de bacias de retenção, a cidade de Guimarães evitou 52 inun- dações, equivalentes a 273 mil metros cúbicos de água. Esta foi a quantidade de água retida em casos-limite para eliminar episódios de cheias no Campo da Feira e na rua da Ramada, ambas situadas no centro.
Para se ter uma noção mais aproximada da realidade, o total de água regulada neste período assemelha-se a 273 piscinas olímpicas. Era esta a quantidade de água que causaria estragos na cidade e que a solução, promovida pela Câmara de Guimarães, evitou tendo sido dada uma nova vida a comerciantes e moradores da Zona de Couros.
A importância da construção das bacias de retenção tem outra dimensão, se observarmos a estatística apurada entre 01 de maio de 2015 e 17 de fevereiro de 2016. Foram regulados mais de 2 milhões de metros cúbicos de água – quantidade que corresponde ao enchimento de cerca de 2.800 piscinas convencionais, com 25 metros de comprimento!
O recurso à engenharia natural na construção das bacias teve como principal objetivo o melhoramento e a manutenção da função hidráulica da Ribeira da Costa, constituindo uma solução para evitar cheias com a criação de três bacias de retenção, com a missão de redução do caudal e velocidade das águas da Ribeira de Couros, diminuindo, desta forma, a possibilidade de inundações na zona baixa da cidade.
A ribeira, que enche em dias de chuva, é um dos afluentes do rio Selho. Nasce na montanha da Penha e atravessa a cidade de Guimarães, abrangendo diversas zonas desde o Parque da Cidade, Parque das Hortas, Zona de Couros, Mercado Municipal/Alameda Mariano Felgueiras até desaguar no rio Selho, na Veiga de Creixomil, numa extensão de aproximadamente 6,2 km, alternando entre locais em que o escoamento é feito em superfície livre com zonas em que é canalizada. A correspondente área da bacia hidrográfica tem cerca de 11.23 km2.
Com esta obra, Guimarães privilegiou a preservação e valorização de espaços verdes, que se encontram enquadrados na cidade, favoreceu a sustentabilidade e a biodiversidade do sistema natural, criou corredores ecológicos fluviais, além de ter aumentado o grau de utilização pública destas áreas naturais, criando lugares de interface entre as vivências sociais e os espaços ribeirinhos.
Em 2019, o exemplo das bacias de Guimarães mereceu publicamente o aplauso do governo chinês, por ocasião da 7ª Conferência do Diálogo de Alto Nível da Plataforma China-Europa para a Água, que decorreu na Cidade Berço. Como seria bom que o nosso país também conhecesse este modelo de gestão (e proteção) de recursos hídricos…
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