Braga - Concelho mais Liberal de Portugal
Ideias
2015-11-16 às 06h00
Caro(a) leitor(a), lembra-se em que dia ocorreu o último ato eleitoral? Sim, já lá vai algum tempo, foi no dia 4 de Outubro, mais precisamente há 1 mês e meio. Continuamos contudo sem saber com que linhas afinal nos vamos coser, qual o governo que vamos ter, quais as políticas concretas que vão ser adotadas.
Parece estranho? Parece! Será benéfico ou mesmo indiferente? Não! O país perde por cada minuto que se mantenha neste estado, como se não houvesse amanhã. E perde, como? Perde desde logo porque os investidores assistem com ansiedade e desconfiança ao que aqui se passa - um clima de instabilidade política, um país sem leme, sem pulso. O país perde ainda porque na prática encontra-se sem governo; governo de “gestão” é um conceito no qual não acredito. Até porque Portugal precisa de reformas, nos mais diversos setores e domínios.
Portugal exige uma governação atenta, interventiva e motivada, com estratégia. Ora, desde o evento eleitoral que o país vive “em suspenso” e mantém-se à tona apenas porque inúmeros empresários continuam, apesar de tudo, de mangas arregaçadas, mantendo a luta pelos respetivos projetos. E isso gera receita fiscal e emprego. O emprego gera consumo. E o país aparentemente funciona…
À margem, no plano puramente político, reina a confusão e irresponsabilidade. A futilidade e a guerrilha bacoca são o que pulula no domínio dos corredores políticos.
Senão, vejamos:
a) A coligação de direita insiste na ideia, mais do que ultrapassada, de que a esquerda chegará ao poder por 'usurpação', quando todos sabemos que a atual situação política, gerada pelo ato eleitoral, constitui uma prerrogativa constitucional do sistema representativo, que a direita democrática deveria saber reconhecer;
b) Os partidos de esquerda, aliados, querem fazer-nos crer que existe entre eles um acordo firme para governar o país nos próximos anos, mesmo quando tal não resulta claro da leitura do texto (no qual abundam as “generalidades) do compromisso alcançado, ao mesmo tempo que a esquerda mais radical desafia a “política europeia”, campo no qual estamos (interessadamente) comprometidos. Parece-me ainda que a facilidade com que a esquerda poderá chegar ao poder não é, por si só, suficiente para o manter, uma vez que os eleitores reclamam políticas capazes de resolverem (finalmente!) os seus problemas.
c) Por último, o Presidente da Republica não revela ser o árbitro eficaz, oportuno e célere que o próprio julga ser. Tem-se entretido a receber e ouvir um sem fim de entidades, personalidades e partidos, não sei bem para quê. Enfim. Está, ao que julgo saber, neste momento, na Madeira, sem que de uma vez por todas revele o que pensa fazer.
Lamentavelmente, todos os protagonistas políticos parecem não revelar a ponderação e o bom senso que o atual estado do país deles reclama. Não é certamente a meio de uma crise económica, financeira e social de enormes proporções, com milhares de famílias portuguesas com carências de toda a espécie, que é o tempo adequado para declarações líricas ou para lançar a dúvida junto dos credores internacionais.
Portugal e os portugueses têm sido vítimas das chamadas elites políticas, sejam elas da esquerda ou da direita, que vivem bem com os erros, o laxismo, a corrupção. Que se encobrem e se protegem. Não haverá solução para o país caso este paradigma não se altere. Um país, diga-se, relativamente ao qual as notícias são pouco animadoras: alvitra-se que o desemprego vai aumentar e já constituem 20% dos portugueses aqueles que um dia decidiram deixar o país e que vivem no estrangeiro. A população está envelhecida. Como vamos dar a volta a esta situação? Como podemos falar de retoma económica com um problema desta dimensão por resolver.
Hoje, mais do que nunca, a solução passa por colocar o interesse nacional acima de todas as outras considerações. Hoje, mais do que nunca, exige-se aos protagonistas políticos que urgentemente adotem comportamentos eivados de seriedade, coragem, independência, rigor e vontade de servir Portugal e os portugueses. E com a consciência de que há um “amanhã” e que por isso as gerações futuras reclamam e exigem, legitimamente, esse esforço.
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