Um batizado especial
Ideias
2023-05-13 às 06h00
2023 é o “Ano europeu das competências”.
“Competências” no sentido de aptidões profissionais, formação adquirida e, numa lógica capitalista, capacidade produtiva adequada. Mas adequada a quê? Adequada às necessidades dos vários mercados, das várias funções e processos produtivos desenvolvidos na União. Aptidões profissionais ajustadas à satisfação das necessidades que são sentidas pelo “tecido empresarial” europeu. Importa não esquecer que cerca de 99% desse “tecido empresarial” é constituído por PME’s (mais P’s de pequenas, do que M’s de médias) e, naturalmente, esse tipo de agente económico, mais do que as grandes empresas, tem mais dificuldades em encontrar e contratar as pessoas certas para desempenhar determinadas funções específicas e necessárias. A Comissão Europeia lançou este “Ano Europeu das Competências” já em outubro de 2022, ciente de que o grande empenho estratégico e político da União – ou seja, a transição digital e a transição climática (ou, em rigor, a implementação do denominado “Green Deal” europeu) - necessitaria de pessoas, de mão-de-obra adequadamente qualificada. Sem tais “competências” necessárias, é impossível alcançar os objetivos da digitalização e da transição climática; tais transições suportam-se numa nova visão da economia, dependente da criação de riqueza cada vez mais através do funcionamento (e da vida) digital que, pelo seu lado, depende de aptidões e de formação adequadas. Há, portanto, aqui um objetivo político global e transparente. Uma decisão de fundo: levar-se a cabo uma reforma estrutural na economia (“economia social de mercado) e no “modo de vida” europeus.
Há, inclusivamente, a consideração de que é preciso acolher, embora de um modo seletivo, os cidadãos de terceiros Estados (migrantes, refugiados) que venham reforçar a capacidade europeia de satisfazer tais necessidades produtivas, já sentidas e/ou projetadas. Todos serão bem-vindos mesmo pensando egoisticamente… sobretudo porque se tiverem as qualificações adequadas, ajudam-nos nas transições que queremos empreender. Dito de outro modo, ajudam-nos a crescer economicamente e a enriquecer! E como as políticas são transparentes, os objetivos são quantificados: até 2030, pretende-se que pelo menos 60% dos adultos europeus frequentem anualmente ações e cursos de formação e de reciclagem profissionais. Incentivem-se, naturalmente, eles próprios, à respetiva aprendizagem. E que, pelo menos, 80% desses adultos europeus, adquiram as necessárias competências digitais para que tenham literacia informática; para não produzirmos “infor-digitalmente” excluídos!
Voltaremos, noutra oportunidade, a abordar este “2023 – Ano Europeu das competências”. Porém, a referida transparência com que se proclamam estas políticas e objetivos (políticos) europeus, realça-nos, em contrapartida e quase sem querer, a dissimulação com que assistimos ás movimentações políticas internas. A falta de transparência, a mentira e, sobretudo, as confusões políticas nacionais! Em rigor, nem deveríamos falar de confusões políticas; basta a palavra “confusões”, porque de política – e ao contrário do que vai sendo feito e divulgado na União – pouco ou nada existe. Qual o desígnio político que motiva o “novelo”, cada vez com mais “nós cegos”, em que o Governo se meteu, no dossier TAP?! Que intuito reformista existe na ação de “filme de aventura”, com toque de guião de espionagem (SIS ao barulho!), a propósito do resgate do famoso computador de Frederico Pinheiro?!
O que me impressiona é a inabilidade com que se tenta justificar o injustificável. E o facto de cada vez mais, os “spin-doctors” que orientam a ação e os interesses (seguramente, não político-reformistas ou de causas estratégicas nacionais!) criarem pseudo – necessidades e factos de “agenda mediática”, para nos distraírem das tais confusões caras e inexplicáveis.
Houve um caso “Miguel Alves” e logo se inventa uma reforma do imobiliário como se se tratasse de um problema novo, abruptamente urgente (depois de se governar nos últimos 7 anos). Agora, há uma Senhora responsável, de alguma forma, pelo SIS que foi desmentida pelo próprio Diretor daqueles serviços sensíveis e logo se avança, a todo o vapor, com uma legislação (a mais radical de toda a Europa) contra o tabaco. Tudo bem, no que respeita aos intuitos de saúde pública do Governo; porém, logo agora, logo hoje?!
Para certos políticos no ativo (ou para os seus conselheiros de comunicação) seria interessante aproveitarem o incentivo europeu à formação e à aprendizagem profissionais, para adquirirem competências num domínio específico: não agir como se os cidadãos fossem parvos!
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