António Braga: uma escolha amarrada ao passado
Ideias
2020-03-30 às 06h00
Informação fidedigna é preciosa mercadoria, quando transportada nas diversas fases da enfermidade coronovírica. Face à imparável pandemia mundial, governo e profissionais de saúde têm procurado, diariamente, não só incentivar a adoção de medidas preventivas e restritivas, mas também garantir que a população e o tecido empresarial se sintam protegidos, mantendo alguma sereni- dade e evitando o natural amedronta- mento e alarmismo social.
Tenho acompanhado, com particular atenção, recentes notícias em diversos canais informativos portugueses. Discutem-se e debatem-se resultados apresentados pelas autoridades centrais de saúde. Alguns números suscitam dúvidas, originando perguntas por parte de jornalistas presentes, nomeadamente relacionadas com a veracidade ou viciação intencional, ou não, dos dados apresentados aos cidadãos. Choca-me, em particular, a informação veiculada a respeito da maior sensibilidade e vulnerabilidade dos idosos perante este vírus caliginoso, nomeadamente no que respeita ao seu potencial impacto naqueles que padecem já de doenças crónicas e que, não raras vezes, se encontram esquecidos e isolados em suas casas ou até em lares com parcas condições sanitárias.
Ontem fiz uma pausa no trabalho. Sentei-me junto da minha filha. Do sofá, desligámos o canal noticiário. Decidimos ver o filme “O Principezinho”, adaptado do livro de Saint-Exupéry. Ao longo desta longa metragem, tentei explicar a uma criança de pouco mais de três anos o simbolismo da narrativa, enaltecendo os valores diversos por detrás de cada uma das personagens. Foi uma tarefa hercúlea, acreditem. Destaquei-lhe a importância do piloto, principal protagonista da história juntamente com a criança, da sua busca permanente pelo sonho de ser um artista. Tentei explicar-lhe o desenho da cobra que comeu um elefante, mas que afinal era um simples chapéu aos olhos dos adultos. Enalteci não só a importância da rosa, da sua atitude convencida e impante, como também valorizei o seu amor por ela. Tentei também tornar claras as essenciais características do personagem vaidoso, do homem arrogan- te de negócios, do acendedor de lampiões, entre tantos outros. Perante alguns dos fragmentos centrais desta história, relembrei conceitos e valores transversais que se vão apagando ao longo da vida de muitos adultos.Perante a presente expansão e criticidade desta pandemia, tenho notado alguns gestos e atitudes que despertam, muitas vezes, esses valores, enraizados em nós, mas que no quotidiano timidamente aparecem. Falo de compaixão, altruísmo, bondade e solidariedade que, neste momento delicado, emergem de inúmeros voluntários, preocupados em assegurar um maior bem- estar à população mais vulnerável, nomeadamente através da distribuição de alimentos e medicamentos. Certo é que este modo de aquisição e distribuição voluntária de produtos não está contemplado na tradicional cadeia de abastecimento. Contudo, em tempos de confinamento social, o importante é assegurar a sobrevivência e a satisfação das necessidades básicas da população. Para os mais evoluídos tecnologicamente, assistimos a uma crescente procura das plataformas digitais na tentativa de comprar, de forma aparentemente mais segura, esses mesmos produtos.
Não é possível prever se estes comportamentos se irão perpetuar para além da pandemia, mas quero acreditar que a situação atual será o rastilho para a transformação gradual do <
Regressando às autoridades centrais, é importante enaltecer o esforço incansável da Dra. Graça Freitas na tentativa de informar, esclarecer e tranquilizar os portugueses. Acredito que os dados apresentados são fidedignos e os disponíveis aquando das comunicações ao país. Gostaria apenas de ressalvar que, a haver algum desfasamento de números, este poderá estar perfeitamente relacionado com <
*com JMS
11 Dezembro 2024
11 Dezembro 2024
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