Ser Dirigente no CNE - Desafios
Ideias
2018-09-10 às 06h00
Setembro (para muitos) é tempo de regresso a rotinas quotidianas esquecidas nos dias de estio e férias, (para outros) tempo ainda de férias ou de descanso atrasado, (para outros ainda) simplesmente tempo de continuação… seja como for, tempo renovado que permite perspectivar o dia de amanhã que se anuncia a uma velocidade imparável, olhando e reflectindo sobre o dia de ontem feito tempo lento de férias.
E, sabendo-se que a cidade não pára nem se altera estruturalmente, deste período passado, assinala-se três realidades (constatações) para motivar uma conclusão que se deseja presente neste tempo futuro que se adivinha.
A primeira, julga-se por demais evidente, reporta à transformação da paisagem urbana quotidiana das nossas cidades (maiores) que, agora e de forma incontornável, incorporam o turista de mochila, de autocarro ou de “mala de mão”, de hotel ou de alojamento local, de língua diferente e “guia turístico” na mão na sua realidade diária.
A segunda, que fervilha sobretudo nas redes sociais e meios de comunicação sociais (e não tanto entre as pessoas), refere-se aos denominados “casos urbanísticos” (saberemos nós usar correctamente esta expressão?) e que, no Porto, fruto de duas construções próximas da ponte da Arrábida e na Foz Velha, atinge expressão maior.
A terceira, silenciosa e (aparentemente) inócua (mas fundamental para o ordenamento do território), centra-se no fim da discussão pública do programa nacional da política de ordenamento do território (PNPOT).
Estas três realidades são sublinhadas porque todas elas são de significativa importância mas revelam tratamento e valorização diferenciadas.
A primeira é alvo de todas as discussões e posições, verificando-se extremos de pensamentos, motivando acções e operações imobiliárias que balançam entre a qualidade da intervenção e o “pastiche” e acção social condenável, gerando o sentimento dicotómico entre o turista bem-vindo (porque anima e consome) e o turista perturbador (porque ocupa o nosso espaço e serviços). Trata-se do confronto entre compreensão e solidariedade de todos e para todos. E de encontrar o equilíbrio entre interesses e obrigações. Sem abdicar da regra e da ética.
A segunda é, muitas vezes, relegada para uma discussão de “forma” e de leitura enviesada do processo, parecendo mais um assacar e arremessar de culpas e não uma crítica construtiva e partilhada. A terceira, poder-se-á dizer, não existe no quotidiano vivido, sendo desconhecida e tida como documento técnico que só aos (mesmos) técnicos e políticos interessa.
E, não se pretendendo discernir e “tomar posição” sobre estas realidades (embora mereçam, no futuro, reflexão mais dedicada), julga-se que as mesmas demonstram cabalmente o quanto, no debate e reflexão da cidade, é importante o equilíbrio (enquanto balanço ponderado e imparcial de todos os “dados em jogo”), a clareza (enquanto conjugação da descrição do facto e da sua explicação (e não interpretação!)) e a participação, sabendo valorar o que é significativo para o território, independentemente do eco revelado nas redes e comunicação sociais e da complexidade técnica que apresenta.
E, sobretudo, o quanto neste debate e nesta reflexão, são importantes quatro princípios (revisitados e acrescentados aqueles já aqui expostos em 2016):
1. Falar verdade, sabendo ser factual e descritivo, “lendo e contando” tal como é (e não como entendemos que é);
2. Esclarecer a verdade, sabendo que, tantas vezes, a linguagem técnica e especializada precisa de decomposição, simplificação e clarificação para ser absorvida e entendida;
3. Ter disponibilidade para a verdade, deixando que a imparcialidade processual e factual se sobreponha e se generalize a inter- pretações pessoais e subjectivas;
4. Convictamente, informar a reflexão individual e formar posição na conjugação da verdade que soubemos absorver e da leitura crítica que dela soubemos fazer em função do nosso pensamento, cultura, ideologia e experiência.
Se assim for, debater, discutir, polemizar a Cidade será desafio ainda maior. Seguramente mais útil e assertivo. Seguramente mais participado. Desejavelmente mais democrático, cada vez mais democrático!
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