Reciclar o Natal!
Voz às Escolas
2021-11-08 às 06h00
“A educação não muda o mundo, muda as pessoas que irão mudar o mundo.”
Paulo Freire
As escolas estão confrontadas com um enorme estímulo: fazer mais, fazer melhor, fazer diferente,….. Pretende-se que até 2023 os alunos recuperem as aprendizagens perdidas, no âmbito do designado Plano21|23 Escola+.
Mas será que estamos a fazer a melhor leitura destes processos? Será que é adequado dizer que vamos agora recuperar o que, supostamente, se perdeu nos tempos de confinamento? Será que é assim que a escola funciona harmonicamente? …. Interessa ou não conhecer os efeitos, os impactos da pandemia no indivíduo e analisar o que é necessário repor para equi- librar emocionalmente, para tornar novamente saudável a comunicação, o convívio, a confiança, a necessidade de saber, de aprender, de estar, de saber estar, de saber optar?
As maiores dificuldades que vivemos nas escolas giram à volta da impaciência generalizada, dos comportamentos que denotam ansiedade, falta do olhar e da escuta atenta, dos comportamentos ajustados, da sã convivência, da promoção da autoconfiança, do respeito mútuo. Escondidos sob uma máscara, é possível reter emoções com maior facilidade, mais difícil encontrar sinais de mau estar, de inquietude, de fragilidade emocional, social ou outra. Não recuperaremos qualquer aluno se apenas quisermos medir o ponto até onde ele adquiriu as aprendizagens essenciais do currículo para, a partir desse ponto, acrescentarmos. Antes, muito antes, na escola, temos de nos inteirar sobre o seu estado emocional e fazer uma intervenção especializada, nos casos em que se justifique, com seriedade, com dignidade e respeito pela pessoa, pelo seu desenvolvimento harmonioso.
O que sentirá um aluno a quem disponibilizamos apoios e mais apoios para recuperar aprendizagens, mesmo que enquadrados em projetos inovadores, motiva- dores, validados e acompanhados por quem sabe o que faz, se o que ele precisa (mas ninguém lhe dá) é de ser ouvido, ajudado na superação de traumas, ausências, falhas de uma retaguarda familiar fragilizada, ela também pelos enormes obstáculos que os efeitos da pandemia concentraram em muitas famílias?
As escolas estão no caminho. Os professores são educadores, psicólogos, amigos, ouvintes… Têm de viver voltados exclusivamente para o outro, para chegar a cada um, primeiro equilibrando, estando atento a qualquer problema que obstaculize as aprendizagens e depois então promover a sua recuperação.
Mas todos sabemos que há limites, humana, emocional, temporalmente. É urgente a criação de equipas multidisciplinares, capazes de realizar um rastreio geral, acompanhado de estratégias de ação, que reponham os níveis de confiança, de equilíbrio, estabilidade,… É urgente reforçar as equipas de assistentes operacionais, essenciais no complemento da ação educativa, enquanto orientadores, gestores de comportamento em espaço escolar, conjuntamente com os professores. Com tal reforço, o trabalho dos professores seria focado no desenvolvimento do aluno e das suas aprendizagens, dos processos educativos adequados a cada indivíduo. Assim, o professor poderia ensinar. Assim se poderia deixar de falar em desgaste profissional. O professor sentir-se-ia apoiado na sua missão, na sua ação. E os resultados seriam rapidamente confirmados.
O professor, o educador, seria um profissional dedicado à sua missão e não missionário a tempo inteiro, sem disponibilidade para gerir os seus próprios destinos.
A carreira docente está envelhecida, é sabido. Não é uma carreira desejada, recomendada. E o futuro não parece transformador. A urgência de novos professores exige tornar a carreira docente mais atrativa. Exige políticas de fundo com melhores remunerações e melhores condições materiais para o exercício, mesmo que tal implique, necessariamente, maior exigência para se aceder à profissão. Desta forma, seria devolvido o respeito, a dignidade à função docente. Estas são condições essenciais para uma verdadeira escola, onde todos cresçam e desenvolvam equilibradamente as suas capacidades, adquirindo competências para uma vida ativa, para uma sociedade justa.
Uma nova rota para a educação…
11 Dezembro 2024
“Desafiar o presente, pensar o futuro”: considerações sobre o processo de ensino-aprendizagem
09 Dezembro 2024
Com a sessão iniciada poderá fazer download do jornal e poderá escolher a frequência com que recebe a nossa newsletter.
Escolha as categorias que farão parte da sua página inicial.
Continuará a ver as manchetes com maior destaque.
Faça login para uma melhor experiência no site Correio do Minho. O Correio do Minho tem mais a oferecer quando efectuar o login da sua conta.
Se ainda não é um utilizador do Correio do Minho:
RegistoRegiste-se gratuitamente no "Correio Do Minho online" para poder desfrutar de todas as potencialidades do site!
Se já é um utilizador do Correio do Minho:
LoginSe esqueceu da palavra-passe de acesso, introduza o endereço de e-mail que escolheu no registo e clique em "Recuperar".
Receberá uma mensagem de e-mail com as instruções para criar uma nova palavra-passe. Poderá alterá-la posteriormente na sua área de utilizador.
Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos.
Deixa o teu comentário