Lei dos Solos: a descentralização de competências na habitação
Ideias Políticas
2025-02-04 às 06h00
“Nos últimos 24 anos, o concelho de Braga registou um total de 3078 atropelamentos, com uma preocupante concentração de 85% desses acidentes a ocorrer dentro das quinze freguesias que compõem a cidade” - Diz-nos o Presidente da Braga Ciclável, Mário Meireles.
Este dado, por si só, já revela uma realidade alarmante, que exige uma reflexão profunda sobre as políticas de segurança rodoviária e de mobilidade urbana no nosso concelho. Contudo, quando se observa com mais atenção, verificamos que o problema se agrava ainda mais nas quatro freguesias e uniões de freguesia que abrigam o centro histórico da cidade, com 64% dos atropelamentos a ocorrerem precisamente nestas áreas.
A sinistralidade rodoviária não é um problema isolado, mas antes um reflexo de falhas estruturais em vários níveis da gestão urbana, desde o planeamento às infraestruturas, até às políticas públicas de educação e fiscalização. A verdade é que, em Braga, temos assistido, de forma constante, ao aumento da sinistralidade, em grande parte devido à falta de medidas eficazes de prevenção e de uma integração mais eficiente entre as diferentes formas de mobilidade.
Braga, enquanto cidade em constante crescimento, tem registado nos últimos anos uma enorme transformação no que diz respeito à sua dinâmica urbana. O aumento da população, a intensificação do turismo e a evolução da oferta de transporte público são fatores que, em princípio, deveriam contribuir para uma maior acessibilidade e segurança. No entanto, a realidade está longe de ser positiva. O centro histórico da cidade, um dos maiores patrimónios da região e do país, é também um dos locais mais críticos em termos de sinistralidade.
O facto de 64% dos atropelamentos ocorrerem nestas freguesias não é, portanto, uma mera coincidência, mas antes um reflexo de uma realidade complexa que envolve a convivência de diversos modos de transporte: os veículos, os peões e os ciclistas. A sobrecarga de tráfego, a falta de espaços devidamente sinalizados e a crescente pressão urbanística sobre zonas já congestionadas resultam numa cidade que, apesar de moderna, ainda falha em garantir a segurança de todos. E não, não vamos lá com baldes de tinta vermelha.
É urgente refletir sobre a questão da mobilidade urbana e como é possível criar um equilíbrio entre o crescimento e a segurança. Não podemos aceitar que os atropelamentos se tornem uma consequência normal da vida urbana. Cada morte e cada ferido nas nossas ruas é uma tragédia pessoal e um sinal claro de que o sistema atual não está a funcionar como deveria e que a Câmara Municipal de Braga falha. Ao fim de quase 30 anos continuamos com vias com perfil que convidam à velocidade junto a escolas e outros locais de concentração de crianças e idosos.
É necessário, em primeiro lugar, um reforço das infraestruturas de segurança. O centro histórico da cidade, como um dos locais mais vulneráveis, exige uma revisão urgente das suas condições de mobilidade, com a criação de zonas pedonais mais largas, passadeiras elevadas e a implementação de semáforos inteligentes que ajustem a sinalização de acordo com a intensidade do tráfego. Precisamos de um investimento claro na criação de espaços exclusivos para bicicletas e/ou pedestres, bem como na melhoria efetiva do transporte público que são, por si só, fatores-chave para garantir uma cidade mais segura e sustentável.
Braga é uma cidade com imenso potencial, mas este potencial não pode ser atingido às custas da segurança dos seus cidadãos. A sinistralidade rodoviária é um problema que não pode ser ignorado e exige uma resposta firme, com ações concretas que garantam uma mobilidade mais segura e sustentável para todos. Não podemos mais aceitar que os atropelamentos sejam vistos como parte da rotina urbana. Braga precisa de uma cidade mais segura, mais inclusiva e mais atenta à vida dos seus habitantes. E é por isso que assumimos o compromisso de lutar por políticas públicas que tornem Braga uma cidade onde todos possam viver e deslocar-se com segurança.
18 Março 2025
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