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Ideias
2022-12-13 às 06h00
Ficou-se a saber, na passada quarta-feira, que a próxima Capital Europeia da Cultura portuguesas será Évora, em 2027. O “Vagar” que serviu de mote a um programa assente nas tradições ancestrais e modo de vida locais terá assim de catapultar toda uma região para um patamar de centralidade até aqui ausente. Évora, o Alentejo e o interior de Portugal esperam desta Capital um impulso de vitalidade que ajude a superar a atual condição periférica que ocupa no plano nacional, um autêntico grito de revolta no marasmo do silêncio centralista português.
Sobre Braga cabe uma palavra de orgulho pela forma exemplar com que se encarou uma candidatura que se sabia de difícil vencimento, por força da proximidade geográfica com as duas últimas capitais europeias da cultura em Portugal – Guimarães (2012) e Porto (2001).
Ao longo de vários meses, para não dizer anos, Cláudia Leite dirigiu uma equipa com um notável dinamismo e espírito de missão.
Como membro da Assembleia Municipal de Braga, pude testemunhar o empenho inexcedível na busca de um objetivo que mobilizou o concelho e colocou a cultura no centro do debate político local.
A candidatura de Braga conseguiu polarizar apoios desde o Porto até à Galiza, gerou sinergias entre associações, entidades políticas e pessoas singulares, porventura sem paralelo, e, sobretudo, promoveu o conhecimento sobre o tecido e rede culturais locais a um nível superlativo.
Foi graças ao trabalho de preparação não só de uma candidatura, mas de uma estratégia cultural (Braga 2030) que ficamos a conhecer os nossos pontos fortes e fracos, que aprendemos a conhecer e reconhecer as múltiplas manifestações culturais no concelho, dando-nos conta da tremenda riqueza que albergamos e a que devemos dar o devido destaque.
O tributo que lhes é devido não pode, por tudo isto, deixar de se centrar na manutenção de uma prioridade política que, em boa verdade, nunca dependeu da Capital Europeia da Cultura para existir e para prosseguir.
A esse título, a reação dos vereadores da oposição ao anúncio da não escolha de Braga foi muito bem-vinda, manifestando o agradecimento à equipa que conduziu a candidatura bracarense, mas sobretudo reclamando a necessidade de não deixar que a locomotiva cultural que se pôs em movimento venha agora a parar ou soluçar.
De forma transversal, PS, CDU e Bloco de Esquerda apontaram essa prioridade como irrevogável, dando conta de uma vontade que o executivo liderado por Ricardo Rio há muito definiu como central no desenvolvimento local.
De resto, a homenagem que há que fazer ao Presidente da Câmara centra-se na sua atuação coerente e repetida de promoção da cultura enquanto motor central de várias dimensões do crescimento do concelho.
Já aqui escrevi sobre isso, não há atratividade dos territórios onde se não ofereçam propostas culturais substantivas à população, sobretudo quando essa população é predominantemente jovem e ávida dessa oferta.
Ora, se os números da operação censitária de 2021 não fossem prova bastante do sucesso da aposta da Coligação Juntos por Braga num ambiente indutor de oferta e produção cultural de relevo, a prioridade política que Ricardo Rio deu à cultura, com a candidatura a CEC 2027 e a assunção do pelouro pelo próprio, traduzem bem a visão de futuro e de centralidade que quis conferir a um domínio nem sempre bem tratado pelos políticos.
E mesmo no aspeto orçamental, que tantas vezes se aponta como o “teste do algodão” às políticas culturais, o município oferece números extremamente positivos. Repare-se que, já hoje, 8% do orçamento anual está afeto à cultura e perspetiva-se que, até 2030, essa cifra suba até aos 10%.
O que se deve sublinhar de todo este processo de candidatura de Braga não é, por isso, o facto de um dos elementos da estratégia cultural que temos delineada não estar já em cima da mesa, mas antes o muito que para lá dele e apesar dele se construiu e continuará a construir.
A este nível note-se que, a breve trecho, o concelho contará com equipamentos muito relevantes de apoio à atividade e fruição culturais, como sejam o Convento de S. Francisco, a Francisco Sanches e o Media Arts. Equipamentos que, em conjunto com o “inventário” já existente e encabeçado pelo Theatro Circo e pelo Fórum, ajudarão a fazer de Braga capital de cultura todos os dias.
Para lá da natural desilusão que a todos afetou, sobra a consolação de sermos uma das primeiras capitais nacionais da cultura, juntamente com Aveiro e Ponta Delgada. Também aí, Braga deve aproveitar e marcar a diferença, demonstrando que ao saber projetar espelhado na candidatura a CEC 2027 corresponde um saber fazer já consolidado.
Da parte de um bracarense triste com a não escolha da sua cidade, mas conformado com a atribuição da organização deste grande evento a Évora, fica a certeza (bem conhecida por aqueles lados) de que nós “ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos”. Mais tarde ou mais cedo, Braga será certamente Capital Europeia da Cultura.
15 Junho 2025
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