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Cumprir (por) Braga

Entre a vergonha e o medo

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Cumprir (por) Braga

Ideias

2019-10-15 às 06h00

João Marques João Marques

Ameio do atual mandato autárquico, a Coligação Juntos por Braga reuniu cerca de 1600 pessoas num jantar evocativo da efeméride, mostrando que a adesão popular continua forte e que o projeto que levou Ricardo Rio à presidência da Câmara Municipal mantém o apelo agregador. E que bom que é serem as ideias e os projetos o cimento indispensável do sucesso político.
A acompanhar a reunião festiva estiveram anúncios muito relevantes ligados, justamente, à concretização de propostas emblemáticas que, por razões orçamentais ou devido a rendilhados jurídicos mais complexos que os tapetes de arraiolos, não foram ainda cumpridos. Entre eles estão o Nó de Infias e o parque Eco-monumental das Sete Fontes.

Quanto ao primeiro, será imprescindível a colaboração do poder central e das estruturas regionais para a necessária comparticipação de um projeto que, à imagem do que acontece em grandes aglomerados urbanos, não pode ser visto apenas como um investimento local. Trata-se de promover a dignidade da mobilidade interconcelhia entre dois polos que congregam perto de 250.000 pessoas. Impõe-se um tratamento decente de uma via de acesso a uma capital de distrito, uma porta de entrada que cada vez mais se assemelha a uma qualquer “porta do cavalo”.

No que respeita ao parque Eco-monumental das Sete Fontes, o anúncio de que estará para muito breve a assinatura dos primeiros contratos de transmissão da propriedade dos terrenos privados para o domínio público é ainda mais sonante. O desbloquear das primeiras negociações com os proprietários dos terrenos adjacentes (e envolventes) às Sete Fontes significa um marco histórico na remunicipalização de terrenos que nunca deveriam ter sido privatizados. Esta marca demonstra o empenho sincero na devolução de um espaço nobre da cidade aos bracarenses e sinaliza a concretização de um projeto que muitos consideraram utópico. Poder-se-á, desta forma, lançar as bases para a criação de mais uma zona de lazer e fruição para a população, com a nota especial de que, neste caso, se trata de um local pleno de história e verdadeiramente identitário.

A juntar às novidades programáticas tivemos, também, o anúncio oficial do reajustamento da vereação, com a redistribuição de pastas decorrente da saída do, até agora, vereador Firmino Marques. A entrada em cena de Olga Pereira assegura uma transição suave e qualificada, já que, como Chefe de Gabinete de Ricardo Rio, pôde conhecer, de forma transversal, as necessidades, os desafios e as respostas que perpassaram por todo o executivo nos últimos seis anos. Para além da qualidade técnica, estou certo que a longa experiência política que detém e o bom senso que sempre demonstrou serão qualidades muito úteis para lidar com dossiers complexos como o dos recursos humanos e, sobretudo, da Polícia Municipal.

Com equipa renovada e reorganização dos pelouros, inicia-se uma nova fase do ciclo liderado por Ricardo Rio. Se é justo considerar que o encantamento inicial de 2013 tende a esboroar-se com a normalização das (grandes) conquistas que foram sendo concretizadas, não menos segura é a perceção de que os bracarenses já entranharam esta nova forma de fazer política, sem nunca a terem estranhado. Como em todas as relações, depois da paixão arrebatadora, segue-se o amor sereno. Entre a maioria da população e o executivo reina um ambiente de confiança mútua que valoriza a democracia, mas que também coloca desafios tão oportunos quanto exigentes.

Satisfazer um eleitorado mais atento e habituado à excelência obriga a uma entrega redobrada dos agentes políticos ao leme da autarquia. Manter os níveis de crescimento económico, garantir uma cada vez maior harmonia social, requalificar e desenvolver as infraestruturas públicas, ao mesmo tempo que se lida com heranças difíceis nos cofres municipais são quadraturas do círculo cada vez mais vistas pelos cidadãos como fáceis de resolver.
A condição do sucesso nos próximos seis anos já não reside apenas na afirmação de uma alternativa, sendo imprescindível a proposição de um caminho claro de orientações certas, estáveis e porventura menos entusiasmantes, conquanto mais ligadas aos problemas diários e comezinhos dos bracarenses. Isto não significa renegar a grandeza de propósitos que presidiu à eleição de Ricardo Rio, mas antes o ajustamento indispensável de um projeto inovador e disruptivo à normalização (e não banalização) estável dessa grandeza.

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