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Da Importância das Organizações Profissionais em Enfermagem

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Da Importância das Organizações Profissionais em Enfermagem

Escreve quem sabe

2025-02-11 às 06h00

Analisa Candeias Analisa Candeias

A Enfermagem é uma profissão que, como tal, foi desenvolvida nos finais do século XIX. Claro está que os enfermeiros sempre existiram, porém, como corpo detentor de um conhecimento específico, ministrado em escolas com vista à preparação de pessoas para exercer um ofício de forma comprometida e apta, à Enfermagem são estabelecidos os primórdios de profissionalização no término desse século.
Em Portugal, foi nos inícios do século XX que as organizações profissionais se começaram a compor, particularmente alguns sindicatos. Na altura, estas organizações eram fundamentais para defender os direitos da profissão e ajudar a estabelecer os seus deveres, assim como zelar pela defesa dos enfermeiros no país, em particular porque as organizações se ordenaram, na sua maioria, de acordo com uma disposição geográfica. Ainda assim, estas organizações também se estabeleceram a nível nacional, como foi o caso do Sindicato Nacional dos Profissionais de Enfermagem, do qual se vai conhecendo bem a história, particularmente de um dos seus dirigentes, o Enfermeiro Manuel Leitão Branco, que assumiu a responsabilidade da Comissão Administrativa desse sindicato em 1948.
Foram muitas as organizações profissionais de Enfermagem desenvolvidas ao longo do século XX, como foi o caso da Associação Católica de Enfermeiros e Profissionais de Saúde (sobejamente conhecida por ACEPS), desenhada a partir de 1948, da Sociedade Portuguesa da História da Enfermagem, alicerçada em 2010, ou, então, o caso da própria Ordem dos Enfermeiros, estabelecida em 1998. Mais recentemente, e a olhar para o futuro, foi fundada a Associação da Ciência ao Humanismo dos Enfermeiros de Perioperatório (ACHEP), em 2024, que é uma associação sem fins lucrativos, de âmbito nacional, e que foi fundada por enfermeiros generalistas e enfermeiros especialistas do Bloco Operatório da Unidade Local de Saúde (ULS) de Braga – e é a esta associação que hoje gostaria de dar destaque, pelo muito que tem desenvolvido em tão pouco tempo.
A constituição desta associação tem como principal objetivo contribuir para o desenvolvimento da enfermagem perioperatória, com significativo investimento na formação, investigação das melhores práticas nos cuidados ao doente cirúrgico durante todo o percurso de perioperatório, assim como na realização de eventos promotores da partilha de conhecimentos e do desenvolvimento da Enfermagem perioperatória. O conceito de investigação e formação somente ganha significado quando partilhado e divulgado por toda a comunidade, pelo que a ACHEP se torna parte integrante na promoção e apoio a todos os enfermeiros que queiram investir na divulgação dos seus projetos, na partilha de conhecimento e ainda no apresentar de propostas de investimento para melhoria contínua da qualidade dos cuidados de enfermagem ao doente/família em situação de perioperatório. A ACHEP visa a cooperação com instituições, organismos e associações congéneres nacionais e internacionais, de forma a maximizar o conhecimento da Enfermagem perioperatória, através da fidelização do conhecimento, traduzido em ganhos em saúde.
De realçar que nos próximos dias 20 e 21 de fevereiro, na senda do caminho efetuado pela ACHEP para a produção de conhecimento científico em Enfermagem, será realizado o 1.º Congresso de Enfermagem Perioperatória de Braga, subordinado ao tema «Perioperatório em Perspetiva – No Limiar do Futuro». Este evento decorrerá no Fórum Braga, tendo já lotação esgotada – lotação essa que contará com cerca de 250 enfermeiros, o que revela a importância do tema que a ACHEP escolheu para o seu encontro científico e o próprio interesse dos colegas enfermeiros. Para o sucesso deste congresso irão contribuir os cerca de trinta trabalhos submetidos por enfermeiros para divulgação científica, o que demonstra a produção e o investimento que os enfermeiros se encontram a realizar neste âmbito.
Este encontro agrega um conjunto de peritos nacionais, da Enfermagem, da Medicina, da Economia e até do Direito, onde se irão debater temas abrangentes, como é o caso da gestão e governação do bloco operatório, do modelo de ULS atualmente implementado e as mudanças nos cuidados perioperatórios, da comunicação, da sustentabilidade ambiental e da cirurgia robótica – o que me parece ser altamente inovador. A complementaridade de perspetivas neste congresso reflete uma partilha interdisciplinar, possibilitando o desenvolvimento da Enfermagem, com particular incidência na Enfermagem perioperatória, e a sua afirmação como ciência que se constrói em diálogo com todos os stakeholders deste setor da saúde em Portugal.
Se este é um bom exemplo do trabalho das organizações profissionais em Enfermagem? É óbvio que sim, não só pela sua dimensão, porém, na minha visão particular, pelo tanto que a ACHEP tem desenvolvido desde a sua fundação. Longo tem sido o caminho da Enfermagem, e das suas organizações, que em muito contribuem para a dinamização do conhecimento, no propósito de atingir a excelência nos cuidados de saúde e no bem-estar dos nossos cidadãos. Deixo aqui um viva à ACHEP e ao seu trabalho – será árduo o caminho, com certeza, porém, o empenho pelo desenvolvimento da Enfermagem será o motor do seu sucesso.

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