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Dar corpo ao manifesto

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Dar corpo ao manifesto

Ideias

2020-04-14 às 06h00

João Marques João Marques

Não me enganei, nestes tempos perturbados vemos um conjunto de atores a darem o corpo ao manifesto. Agentes da saúde, trabalhadores de cadeias de retalho, de transportadoras, ou aqueles que criam, editam, imprimem e levam à sua porta este jornal contam-se entre os muitos que estão nessas condições.
Para lá de todos eles, cabe aos agentes políticos nacionais e locais dar corpo ao manifesto que todos subscrevemos tacitamente: reavivar o país. Precisamos, como de pão para a boca, de um vislumbre de normalidade e de uma perspetiva, não temporal, mas programática, para o retorno à normalidade.

No fundo, suscitar respostas para o futuro imediato e mediato que todos enfrentaremos, sem nos colocarmos de fora da parte que, enquanto cidadãos, também nos toca.
Vê-se, semana após semana, que a compreensível impreparação para uma crise como a que passamos tem sido paulatinamente compensada pela proatividade de quem tem de arcar com o pesado fardo de decidir e pôr em prática as medidas que vão dando a luta possível ao famigerado vírus.

O que agora se pede, porém, é o iniciar de uma fase de reconstrução e respostas estruturadas, consequentes e de longo alcance. Para que tal seja possível, será fundamental contar com os auxiliares básicos da tomada de boas decisões, isto é, informação. Nesta frente, o Instituto Nacional de Estatística, ainda que sofrendo as mesmas restrições que a generalidade do país, tem conseguido produzir informação de contexto muito importante e já anunciou a disponibilização de outra, a muito breve trecho.

Com os “Indicadores de contexto para a pandemia COVID-19 em Portugal/COVID19: uma visão estatística integrando território e demografia”, divulgados na passada semana, o INE dá um contributo importante para que possamos ter uma visão mais apurada dos dados que já estão no domínio público sobre a incidência de casos confirmados e de óbitos no território nacional.
Sem surpresa e pela negativa, destaca-se a “Área Metropolitana do Porto (23,2 casos confirmados por 10 mil habitantes), a Região de Aveiro (18,6) e o Cávado (15,2) por registarem simultaneamente um número de casos confirmados por 10 mil habitantes e valores de densidade populacional acima da referência nacional”. Sem descurar o aspeto trágico destes números, é muito interessante ver como se distribuem os casos e os óbitos pelo território e pela população, quer dizer, pela demografia nos vários pontos do país.

Igualmente relevantes e imprescindíveis para medirmos o pulso ao que acontece em Portugal são os resultados estatísticos ligados ao acompanhamento do impacto social e económico da pandemia COVID-19, também disponibilizados na semana passada. Como se esperava, o mês de março foi marcado por uma descida generalizada dos índices de confiança.
Transcrevo para que se possa ter uma perfeita noção da síntese desses mesmos resultados: “O indicador de confiança dos Consumidores diminuiu entre dezembro e março, de forma significativa no último mês, (…) atingindo o valor mínimo desde dezembro de 2016. Os resultados apurados para o mês de março revelam uma redução significativa deste indicador face ao mês anterior, que constitui a maior redução mensal desde setembro de 2012.

O indicador de clima económico diminuiu de forma significativa em março, após ter estabilizado no mês anterior, retrocedendo para valores próximos dos observados no final de 2016. Esta redução teve uma magnitude semelhante à verificada em abril de 2011.”.
Tudo somado, estamos perante um cenário muito semelhante ao que nos afetou no início do período de intervenção externa, mais conhecido por período da Troika.

Brevemente deveremos ter ainda mais informação relevante, já que o INE se prepara para tornar públicos os resultados do inquérito rápido e excecional às empresas, que promoveu em conjunto com o Banco de Portugal, sobre “o volume de negócios, o número de trabalhadores, a utilização de instrumentos de apoio criados pelo Governo, as disponibilidades de liquidez, o recurso ao crédito e os preços praticados”.
Estas serão as ferramentas tipo, se bem que não as únicas, para podermos atacar de frente os vários problemas com que seremos confrontados assim que a normalidade possível possa ser reatada.
Desde matérias mais óbvias como as puramente económicas, de apoio aos trabalhadores e às empresas em dificuldade, de medição da eficiência e utilidade das medidas já implementadas, até às mais complexas reflexões sobre como está desenhado o país, os “cocktails demográficos” dos vários concelhos, distritos e regiões, tudo poderá e deverá ser visto e revisto à luz da melhor informação que se possa obter.

Debates como o avanço ou não de modelos regionalistas, o delinear de políticas de fomento económico ou da natalidade, ou, ainda, de aposta em infraestruturas nos domínios da saúde, educação, apoio social, sem esquecer o grau de entrosamento com a União Europeia, não podem ser tidos, nesta era, apenas com base na ciência do “achismo”.

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