A Cruz (qual calvário) das Convertidas
Ideias
2022-09-12 às 06h00
O reinício do trabalho aconteceu para muitos de nós há duas semanas, mas o verdadeiro frenesim recomeça com a abertura de um novo ano letivo. Estamos de regresso à normalidade. E isso sabe bem, ainda que os custos estejam a acelerar.
Nunca se pagou tanto pelas férias. Não que tenha havido extravagâncias, resultantes de dois anos sufocados por constrangimentos sanitários, mas porque os custos com deslocações, alojamentos e alimentação aumentaram substancialmente. Todavia, quem esteve no Algarve nos meses de julho e de agosto constatou que os hotéis estavam mais movimentados e os restaurantes com menos mesas disponíveis para jantar.
A Madeira e os Açores também repetiram o mesmo cenário. Longe dos aeroportos desde o início de 2020, vi-me neste verão confrontada com salas de espera apinhadas de gente sem máscara e confesso que senti uma certa estranheza num primeiro momento. E aí percebi o quanto a pandemia nos atirou para uma outra vida. E, apesar do desconforto inicial, senti-me contente por ver agora rostos livres de máscara.
À medida que o mê progride e as crianças vão chegando às escolas, encontramos estradas com mais carros e pessoas mais apressadas em direção ao trabalho. Depois de dois anos atemorizados por uma pandemia que nos aprisionou em espaços condicionados, retomamos rotinas com mais firmeza. O vírus continua entre nós, mas temos outras defesas e uma confiança maior num futuro livre de confinamentos.
Claro que não estamos despojados de preocupações. Uma daquelas que pesa no dia-a-dia são os custos da inflação, bem refletidos nas despesas fixas.
No sábado, o “Dinheiro Vivo” assegurava que a União Europeia está a preparar um novo pacote para travar os preços galopantes da energia, criando várias medidas no campo energético: a imposição de limites aos ganhos das empresas com baixos custos de produção, a implementação de uma contribuição solidária por parte das empresas de combustíveis fósseis, a introdução de um mecanismo de liquidez para unidades de produção afetadas por mercados voláteis e a criação de planos de redução de consumos para aumentar reservas.
Por cá, o governo português já anunciou um Plano Nacional de Poupança de Energia que prevê, entre outras coisas, a redução da temperatura e do caudal de água nos edifícios públicos, excluindo-se dessa obrigação os hospitais e os lares. Também se quer reduzir a quantidade de água nos consumos sanitários e na lavagem de pavimentos. Esse esforço deve também ser estendido aos consumos domésticos que tantas vezes desperdiçam água.
No entanto, face ao brutal aumento das despesas, muitos de nós são mesmo obrigados a fazer planos de poupança, quanto mais não seja em benefício da sua carteira individual.
Há dias, o “Jornal de Notícias” informava que três em cada quatro trabalhadores ganham menos de mil euros, concentrando-se a maioria dos salários baixos em quatros setores: comércio por grosso e a retalho, alojamento e restauração, indústrias transformadoras e atividades de apoio social. O perfil deste trabalhador com poucos rendimentos traçava-se assim: mulher, do Norte, com idade compreendida entre 45 e 54 anos, sem concluir o ensino secundário e integrado numa empresa pequena. Enquanto não formos capazes de aumentar salários, nenhum apoio será salvífico, porque ataca uma dificuldade conjuntural e não soluciona um problema estrutural.
Mesmo imersos em despesas impensáveis e com salários baixos para fazer face à inflação, sentimos hoje um certo alívio por viver rotinas que tanto desejámos quando fomos fechados em casa à escala mundial no primeiro trimestre de 2020. E isso, de certa forma, ainda nos acalenta a fazer planos rumo a um futuro incerto.
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