Os amigos de Mariana (1ª parte)
Escreve quem sabe
2012-01-10 às 06h00
Retomando o artigo do mês passado e da importância de saber provocar nos nossos alunos a capacidade de se espantarem, ou seja, de aprenderem, e de, na nossa qualidade de professores termos que elevar o espanto ao ponto central da nossa tarefa de ensino-aprendizagem, surge intimamente ligado um outro conceito também ele aristoteliano que espelha noções de sabedoria e razoabilidade a que temos dado pouca atenção: o bom senso.
Muitas vezes confundido com senso comum, é também na maioria das vezes o seu oposto. Se atendermos à sua definição o senso comum reflete opiniões por vezes erróneas e preconceituosas que poderemos denominar de mitos enquanto que o bom senso é ligado à ideia de sensatez, como uma capacidade intuitiva de fazer bons julgamentos, assentes nos pilares anteriores de sabedoria e razoabilidade.
Assim, o bom senso espelha uma “filosofia de vida” que supõe a capacidade de organização e independência de quem analisa a experiência da vida quotidiana (cfr. Wikipédia). A forma de filosofar espontânea do homem comum. A nossa forma de filosofar. Sabedoria.... razoabilidade.... o bom senso. Também ele necessário na sobredotação e nos muitos mitos que gravitam em seu torno.
É esta a reflexão que aqui trago: o que diz o senso comum - o que diz o bom senso sobre a existência da sobredotação. O que diz o senso comum são as opiniões muitas vezes assentes nos mitos transmitidos pela comunicação social, pelos profissionais de saúde mental e pela influência política alheios ao que a investigação e a experiência no atendimento a alunos sobredotados vai transmitindo. Vale a pena refletir.
Senso comum: a sobredotação é inteiramente inata ou é uma questão de treino constante.
Bom senso: a sobredotação é inata mas necessita de um treino sistemático, da estimulação correta, que permita que o desenvolvimento ocorra. Tem que estar inscrita naquilo que entendemos por caraterísticas intrínsecas mas tem que ter também muito suor e treino.
Já dizia Thomas Edison que a sua vida tinha 5% de talento e 95% de suor. Comparemos também com os grandes atletas talentosos que só obtêm performances elevadas porque treinam muito.
Com os grandes talentos musicais... artísticos... escritores... investigadores... O talento existe mas tem que ser estimulado. Muitas vezes caraterísticas precoces de desenvolvimento acima da média, à medida que o crescimento ocorre por muitas e variadas razões, ambientais por certo, não se refletem em idades mais avançadas.
Daqui decorre outro:
Senso comum: Não existem crianças sobredotadas mas sim super-estimuladas (premissa de que a sobredotação é um fenómeno puramente ambiental e que, por consequência, podemos “fabricar” crianças sobredotadas).
Bom senso: Se estimularmos duas crianças da mesma maneira, com a mesma intensidade, no mesmo tempo, não vamos obter duas crianças com o mesmo talento.
O ambiente não é panaceia das caraterísticas de sobredotação. Muitas crianças são até resilientes no que ao talento diz respeito: mesmo na maior das adversidades (pouco estímulo, ausência parental de (in)formação...) desenvolvem caraterísticas de sobredotação.
Termino como comecei.
Com Aristóteles: 'o elemento central da conduta ética é a capacidade virtuosa de encontrar o meio termo e distinguir a ação correta, o que é em termos mais simples, nada mais que bom senso.' Encontramos o meio termo, nas próximas crónicas iremos distinguir a ação correta (a avalia-ção e intervenção). Como? Com bom senso.
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