Os perigos do consumo impulsivo na compra de um automóvel
Ideias
2017-09-05 às 06h00
Em debates autárquicos, sobretudo televisivos, é normal e desejável a existência de um confronto vivo e intenso de polos opostos, onde se admite, como não podia deixar de ser, a ultrapassagem de alguns limites que normalmente não são excedidos. A vontade é muita, o tempo é pouco, mas nada há nisso que constitua motivo de especial condenação.
O que me parece mais lamentável é chegarmos a esta fase e assistirmos a um debate em que apenas um dos candidatos quer falar do projeto de cidade que defende, das concretizações passadas e presentes e dos planos que tem para o futuro. Foi assim na passada quarta-feira, em que Ricardo Rio deu nota do que fez, das mudanças fundamentais que promoveu - na postura, na abertura, na captação de investimento, no âmbito social - e os demais candidatos optaram por exercer a tática do mero contraponto.
Com o devido respeito, não vou colocar aqui ao nível das demais a candidatura independente, que demonstrou estar longe de ter capacidade para se constituir como uma alternativa sólida aos partidos que visa substituir.
Quanto às restantes vi uma CDU combativa, como já é costume, mas que se fixa num ponto de partida ininterruptamente viciado que é o de querer ser (apenas) a segunda mais votada. Das palavras de Carlos Almeida resulta que a retirada da maioria absoluta a Ricardo Rio não é o único objetivo da CDU, mas é o principal.
Ora, um partido (ou coligação) que tem como grande objetivo ser líder da oposição, ou seja, o capitão dos “contras”, chega às eleições sem legitimidade e dimensão para ser tido seriamente como candidato à autarquia. Quanto aos pontos concretos abordados no debate, não me parece que a estratégia tenha corrido bem. Falou do estacionamento à superfície bem sabendo e reconhecendo que a matéria está em tribunal, onde chegou porque Ricardo Rio cumpriu a sua palavra; Falou na necessidade de redução do IMI, bem sabendo que este imposto já havia sido reduzido, por proposta de Ricardo Rio, em 2013, embora tenha sido o seu executivo a pagá-la; Falou nas tarifas da AGERE bem sabendo e reconhecendo que foi com a Coligação Juntos por Braga que se assistiu a uma redução do preço a pagar pela água, algo que já não acontecia há 15 anos.
Paula Nogueira apresentou-se estranhamente calma, quando não soporífera, sem sequer mostrar a vivacidade (ainda que com pouco acerto) que se lhe vai reconhecendo nas assembleias municipais. Terá ouvido conselheiros de imagem? Não creio, seguramente que o desconforto demonstrado ligar-se-á muito mais ao facto de ter de enfrentar a candidatura independente de Armando Caldas, herdeira da CEM (Cidadania em Movimento), da qual fez parte há quatro anos e que agora proscreveu, sem uma onça de arrependimento. Um bom exemplo de que, na vida pública, híbridos só os carros.
Finalmente, o PS, o triste e deslocado PS. Há uns meses escrevia aqui que a grande barreira de Corais era ele próprio. O debate na RTP confirmou a reduzida expectativa que o nome e a figura do candidato socialista geraram na cidade e no próprio partido. Sem rumo, começou por dizer que tudo o que de bom existe em Braga é devido aos 37 anos de governação socialista.
Esqueceu-se do que disse sobre Mesquita Machado e sobre os erros socialistas em Braga, ainda recentemente? Falou de tudo o que já foi falado, discutido e esclarecido no debate público no concelho, e insistiu em pontos em que a Coligação Juntos por Braga tem “obra feita” e resultados concretos (turismo, investimento, desemprego), mostrando-se claramente “fora de jogo”.
Sempre que teve de falar do futuro, de um projeto coerente e consistente para Braga, gaguejou, hesitou, vagueou por ideias soltas, raramente relacionadas entre si e só por sorte conciliáveis.
O melhor exemplo foi o da “Roma portuguesa”. Questionado sobre como concretizar esse grande desígnio, começou por falar no posto de turismo para logo a seguir se deter sobre a importância do novo Parque de Exposições. Percebeu? Eu também não, desconfio que o PS me acompanhe e que o próprio Miguel Corais tenha ficado algo confuso. Nas palavras de um conhecido socialista: “é poucochinho”…
Ricardo Rio, como disse, aproveitou bem a oportunidade para demonstrar, com serenidade, que o plano que tem para Braga ultrapassa e extravasa o período temporal em que o próprio pode exercer as funções de presidente de câmara. Em termos simples, isto significa que há, como já houve desde 2013 (e antes, para quem com ele combateu por uma mudança em Braga), um candidato que quer trabalhar para o presente e para o futuro. Alguém que tem um rumo, que o põe à discussão e validação dos bracarenses e que, caso estes o escolham, continuará a executá-lo, não numa lógica de imposição, mas de diálogo estruturado e permanente com a população. É esta marca identitária inapagável que a oposição não consegue deter nem desmentir. E assim, percebo bem, é difícil para os demais candidatos debater sem concordar com Ricardo Rio.
15 Junho 2025
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