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Defeitos e Virtudes

Entre a vergonha e o medo

Escreve quem sabe

2017-06-06 às 06h00

Analisa Candeias Analisa Candeias

Lamentavelmente, todos nós temos defeitos. Lamentavelmente, todos nós temos virtudes. Ou, talvez seja mais correto afirmar: ainda bem que todos nós temos defeitos. E ainda bem que todos nós temos virtudes. Significa que é possível existirem enganos, falhas naturais. Significa que a perfeição resulta de um equilíbrio entre aquilo que apresentamos de bom e de mau, e que nos ajuda ao alcance de uma maior e melhor saúde, socialização e até sentido de comunidade.

Ao aceitarmos as nossas caraterísticas individuais, é parte do caminho feito para nos aceitarmos como somos. Para nos conhecermos. Para nos darmos a conhecer aos outros. Para identificarmos, objetivamente, quais os nossos erros e quais os nossos talentos. Podemos ter ajuda externa - afinal, há sempre uma parte de nós que só aprendemos a conhecer se lidarmos com os que nos rodeiam. E se estivermos abertos às suas opiniões e visões.

Identificar os nossos erros permite-nos ser melhores, mais adaptáveis, mais flexíveis. Possibilita o entendimento de que, afinal, todas as pessoas os têm e todos nós somos humanos. Identificar os nossos erros permite-nos continuar neste caminho que vamos fazendo, às vezes até com uma maior vontade, com mais garra. Identificar os nossos erros, as “nossas coisas” menos boas, regula a nossa saúde, num sentido de maior aceitação própria. A nossa mente torna-se mais funcional, desperta para a realidade, como se existisse um despertador. Aliás, aceitar os nossos erros pode tornar-nos mais atentos, mais produtivos. No fundo, é bom apresentarmos falhas. Faz-nos sentir que estamos vivos.

Identificar os nossos talentos permite-nos ser mais úteis. Todos nós temos virtudes, embora, por vezes, não sejam fáceis de identificar. Reconhecer os nossos talentos ajuda a estender a nossa relação nas diferentes comunidades, sermos mais presentes na realidade. Ajuda a andarmos menos alienados, menos arredados das nossas responsabilidades. Um talento implica um grande compromisso. Implica igualmente um enorme respeito por nós próprios, pelas nossas capacidades e competências. Identificar os nossos talentos pode tornar-nos mais felizes, com um olhar posto no futuro, e que nos permite ter esperança. Que é fundamental para a nossa saúde.

Esperança. Essa faculdade de que se fala e que pode ser tão difícil de sentir. Mas que existe, pode ser encontrada em cada um de nós. Essa esperança que desaparece facilmente quando algum acidente acontece pelo caminho, ou quando acontece alguma doença que não nos permite vê-la, e que deve ser trabalhada, moldada, aumentada. E que nos compete a nós, a cada um de nós, ir sustentando. Com o trabalho que temos pelos nossos defeitos e com as vantagens que advêm dos nossos talentos.

E ajudar os outros a terem esperança. Ajudá-los a encontrar o fio que os pode puxar para fora de um abismo que já conhecem como seu e que impossibilita as vivências na saúde. Ajudá-los a aceitar os defeitos e as virtudes, trabalhar os erros e encontrar os talentos. Este é também o papel da Enfermagem, tão presente nos diferentes contextos de cuidados. Este é um dos nossos papéis como enfermeiros, o de facilitar processos de esperança em espaços onde a mesma pode andar tão escondida. Porque não é fácil viver sem ela. E só quem o faz é que sabe o quanto custa.

E qual o seu valor real, a despesa mental que se tem com a não existência de perspetivas e de expetativas. No fundo, ajudar os outros a realizar o seu balanço interior, ganhando o impulso para andar para a frente.

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