Desigualdade no Mundo acentua-se
Voz aos Escritores
2024-09-13 às 06h00
Passou o estio
chegou setembro
tempo de regressar.
O dia volta a nascer
com novas páginas por escrever
lembrando que a nossa história ainda não acabou
e temos de continuar
Confesso não estar pronta para continuar a minha história fora da escola. Apaga-se lentamente a chama que ardeu, eufórica, em cada início de ano escolar. O entusiasmo que se sentia como alavanca motriz dissipa, agora, os sonhos da noite e já não se confunde com o toque rotineiro das ermidas. Começa a saudade a tingir os meus dias com tons dourados que, por sua vez, são timidamente inquietantes. Aqui e ali, ouço sussurros de uma amena tempestade. Suave poesia.
Quero voltar para o tempo que não tem tempo. Para as horas que cavalgam e chamam as estrelas. Para aqueles cabelos longos e soltos ao vento que carregam sonhos e cheiram a magia. Quero acender a chama da meninice, das cambalhotas, dos baloiços, das brincadeiras e das gargalhadas.
Sei de cor todas as marcas da gente que por mim passou. Gente simples. Aliás, as melhores coisas da vida são aquelas que nos remetem para a simplicidade de ser feliz com tão pouco! Vivi momentos de felicidade extrema. Os outros, os menos interessantes, passaram. Tudo passa. O tempo avança.
Escrevo a última página de um novo livro. Não posso congelar o tempo, pois a vida e o tempo têm um único significado: sempre em frente, nem um segundo para trás.
Tenho de continuar depois da despedida e do caminho incerto.
Certo é agora o que tenho pela frente: não terei tempo para ler todos os livros das bibliotecas, nem escrever todos os poemas do universo. Então, quero continuar a aprender a cantar o amanhã e aprender que ter de continuar é muito mais que traçar um caminho que justifique a nossa esperança por dias melhores. É saber deixar para trás, com sabedoria, entendendo que a vida é constituída de muitas histórias, e que finalizar um capítulo não significa dar fim ao que somos.
A vida acontece a cada instante, cheia de imprevistos e mudanças, e somos nós que precisamos aprender a fluir com ela. Não há um momento perfeito para agir, para mudar ou para amar; há apenas o agora, e é nele que a verdadeira transformação acontece. É imperioso não me deter simplesmente nas vitórias de ontem e nas experiências de uma determinada etapa. O que lá vai lá vai.
Neste setembro, dou por mim a conjugar futuros e não os habituais regressos. Reconheço, porém, que esta nova fase não está a ser nada fácil. Há momentos em que me sinto perdida. Tenho dificuldade em escutar a própria vida interior. Por vezes, sinto-me com uma tola no meio da ponte. Por um lado, sinto vontade de retomar as rotinas e os mesmos espaços de sempre e, por outro lado, sinto uma rejuvenescida vontade de me pôr à estrada, sem calcar os sucos de outros pés, privilegiando o caminho em detrimento do pouso garantido.
O desafio agora é outro. É o refazer humilde e apaixonado de um novo projeto, de novas aprendizagens.
Afinal, o que é viver? Viver é tentar e errar. É lutar continuamente contra o que nos limita e nos diminui. Reconhecer a existência da imperfeição, mas nunca deixar de sonhar.
É esse esforço de ver para além do horizonte que dá sentido à nossa vida. Parafraseando Hans Christian Andersen, “apenas viver não é suficiente, disse a borboleta. É preciso ter sol, liberdade e uma pequena flor." Acredito que o sol está dentro de mim. Assim, sorrir e acreditar em mim é o caminho para alcançar a luz e o brilho que irradia da própria existência e me alimenta a alma. E se a tristeza bater à minha porta, vou fingir que não estou em casa.
Como eu gosto de voar fora da asa!
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