IRS e OE2021
Escreve quem sabe
2014-06-13 às 06h00
Aforma de fazer comércio nos últimos 30 anos sofreu alterações profundas. Provavelmente terá sido o período de tempo mais curto em que mais evoluções significativas se registaram neste setor. Uma autêntica revolução quer do lado da oferta, quer do lado da procura.
Por um lado, assistimos ao surgimento de novos formatos comerciais como os hipermercados e os centros comerciais, os hard-discount e os outlet, o franchising ou o comércio eletrónico, que criaram ruturas enormes ao nível de gestão e das técnicas e metodologias comerciais adotadas.
Por outro lado, assistimos a alterações significativas nos hábitos de vida e de compra dos consumidores. Cada vez mais exigentes; com uma extraordinária capacidade de acesso à informação por via do recurso aos meios de comunicação e à internet; com novos modos de vida, em que o tempo passou a ser uma variável relevante; consumindo mais fora de casa e desenvolvendo novos graus de necessidade - o desejo do “supérfluo”; comprando não apenas objetos mas também “símbolos” e “marcas”, atribuindo uma importância crescente ao serviço prestado; inserindo o comércio na dimensão lúdica de vida, sentindo o “prazer de ir às compras”.
Mercê da sua pequena dimensão, uma parte significativa dos empresários do comércio não conseguiu acompanhar o ritmo avassalador destas transformações, perdendo a atenção e preferência dos consumidores, perdendo quota de mercado e capacidade de competir com os “novos” e poderosos players que, agora, dominam o mercado.
Caraterísticas do comercio a retalho em Portugal
É sabido que o universo de empresas portuguesas é maioritariamente composto por empresas muito pequenas. De micro dimensão, como se diz na gestão.
No setor do comércio esta tendência é ainda mais vincada. Regra geral, as empresas comerciais, detêm apenas um ponto de venda e empregam dois a três trabalhadores; dispõem de meios financeiros frágeis e capitais de baixo montante, o que as torna bastante dependentes de capital alheio; apresentam pouca consistência ao nível do conceito comercial e uma insuficiente dinamização comercial do ponto de venda; têm grande dificuldade em auscultar as tendências de mercado e de antecipar as suas evoluções, de acordo com os novos estilos de vida e tendências de consumo.
A sucessão empresarial, ou dito de melhor forma, a falta dela, tem originado a cristalização de muitos negócios, uma vez que os empresários mais velhos não encontram continuadores capazes de inovar e desenvolver os negócios da família.
O que não tem mudado ao longo dos anos é o perfil individualista da maior parte dos pequenos retalhistas, manifestando pouca abertura a processos colaborativos e à adoção de técnicas e metodologias inovadoras de fazer comércio.
Se juntarmos a esta equação, já de si penalizadora para a competitividade do setor, a crise económica e financeira em que Portugal está mergulhado há já alguns anos, obtemos um resultado pouco animador. A triste realidade dos números indica que nos últimos 3 anos se assistiu a uma diminuição substancial do consumo privado em Portugal, em consequência da diminuição do poder de compra da população, o que tem contribuído para o definhamento do setor, com o aumento do número de falências e do número de desempregados.
Em resumo, para além da conjuntura, a ausência de cooperação; as práticas de gestão e o fraco recurso à inovação e à utilização de formas avançadas de comercialização; as estruturas financeiras débeis, com capitais próprios reduzidos; e o insuficiente domínio de competências de gestão e de novas tecnologias de informação e comunicação, constituem enormes constrangimentos ao desenvolvimento do negócio que importa superar.
Mais do que o modelo de negócio, são as práticas e as metodologias comerciais adotadas que marcam a falta de competitividade deste tipo de comércio.
(Continua na próxima crónica, com a identificação das oportunidades e desafios para o futuro do comércio e do seu desenvolvimento)
25 Janeiro 2021
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