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Desconfinar... com cuidado!

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Desconfinar... com cuidado!

Ideias

2020-06-01 às 06h00

Felisbela Lopes Felisbela Lopes

Entramos hoje numa nova fase de desconfinamento, ou seja, aos poucos regressamos ao nosso quotidiano, agora com outras configurações. Porque a vida mudou e nós também fomos transformando medos, incertezas... estilos de vida. Se alguns de nós preferem minimizar as precauções que a pandemia impôs, outros certamente que experimentam agora mais receios. Talvez, o meio-termo seja a medida certa para conquistarmos alguma qualidade de vida, sem fazer periclitar a nossa saúde e a dos outros.
Este fim-de-semana, as igrejas já reabriram as suas portas. Num dos canais generalistas de televisão, uma reportagem sobre o ressurgimento das eucaristias abre um plano para o momento da comunhão e, subitamente, vejo a hóstia a ser colocada na boca dos fiéis. Pelas redes sociais, descubro o padre e envio-lhe uma mensagem a lembrar que a Conferência Episcopal Portuguesa, na nota que publicou no respetivo site com “orientações para a celebração do culto público no contexto da pandemia covid-19”, impõe que a comunhão seja dada nas mãos. De imediato, o pároco respondeu-me, explicando-me tratar-se de uma distrição de um dos ministros da comunhão daquela paróquia. É mesmo isso que temo: os descuidos pontuais de pessoas bem-intencionadas que se esquecem que este novo contexto exige outras posturas. Devo confessar que também tenho algum receio dos ambientes dos centros comerciais, espaços fechados por onde circulam muitas pessoas que se sentam e tocam em objetos partilhados por todos. A partir de agora, estamos mais vulneráveis aos outros e isso nem sempre nos dará a tranquilidade que ambicionamos.
Quem tem filhos em idade pré-escolar levará hoje as suas crianças às creches com o coração literalmente nas mãos. Carregando os mais pequenos ao colo, os pais lá os deixarão em espaços mais limpos, mais arejados, mas também com uma segurança tributária daqueles que circulam por esses lugares. Será assim a partir de agora: a nossa saúde dependerá mais dos outros. E isso deve obrigar-nos a ter uma responsabilidade maior em cada gesto que fazemos.
Esta progressiva reabertura da sociedade trará mais gente para as ruas, algo vital para a retoma económica, mas arrastará também para a via pública muitos jovens para quem as doenças não são propriamente uma prioridade nas suas inquietações. No sábado, em entrevista ao Diário de Notícias, o presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, Ricardo Mexia, lembrava que os mais jovens têm tido menos riscos em desenvolver formas mais graves desta doença, mas poderão ser portadores do vírus para populações mais vulneráveis, como a dos seus avós. E rematava esse alerta assim: “o facto de as pessoas acharem que não correm riscos faz com que corram ainda mais riscos, E isto é um problema grave”.
A região do Norte está agora sob menos pressão. O número de infetados e de mortos está a diminuir. E isso permite-nos respirar melhor. Neste momento, o problema mais grave situa-se na zona da Grande Lisboa. E isso acaba por ter consequências diretas para nós. Devido à centralidade da capital e à mobilidade que caracteriza toda a população, o risco deste vírus ser transportável rapidamente para outras regiões é enorme. Por isso, impõe-se celeridade no combate à disse- minação.
Em termos internacionais, Portugal é um bom exemplo na forma como tem gerido esta crise. No entanto, houve mortes por Covid-19 e isso não permite balanços eufóricos. Apenas podemos dizer que quem gere a saúde pública e quem nos governa deram uma resposta eficaz. A partir de hoje, a evolução da situação passa a estar mais nas mãos dos cidadãos e isso é uma enorme responsabilidade para cada um. No tempo certo, soubemos responder como nenhum outro país ao seguinte repto: fique em casa. A partir de nós, seria bom cumprir isto: ande na rua sem comportamentos de risco. Para bem da saúde de todos.

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