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Desculpas (In)Contornáveis

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Desculpas (In)Contornáveis

Escreve quem sabe

2025-01-26 às 06h00

Joana Silva Joana Silva

Certamente que já escutou, ou até mesmo verbalizou, que “as desculpas não se pedem, evitam-se.” No entanto, a verdade é que há erros que infelizmente nem sempre se podem evitar. Não existe ninguém que não tenha errado pelo menos uma vez na sua vida, seja de forma consciente ou inconsciente. Também nem sempre se percebe ou se interpreta as ações ou atitudes da mesma forma, no sentido em que, o que se entende por inofensivo, pode ser interpretado pela outra pessoa como ofensivo. E quando alguém se sente lesado/a o primeiro sinal, é normalmente a evitação do contacto. “Ninguém é perfeito”, nem mesmo aqueles que se dizem mais assertivos. No entanto, esta expressão parece muitas vezes limitar-se às palavras, sem alcançar verdadeiramente a essência do sentimento. Diz-se tantas vezes, “todas as pessoas erram”, mas porquê que quando o erro é dirigido à própria pessoa, já não parece tão fácil de justificar?!Na verdade, é mais simples aconselhar os outros a desculpar do que desculpar quem magoou. Ser assertivo implica expressar-se com diplomacia e empatia, escolhendo as palavras com cuidado, sem, contudo, deixar de dizer o que é necessário.
A ausência de um pedido de desculpas pode pôr fim a uma relação, seja a mesma de anos ou mais recente. Há pessoas que passam anos sem voltar a falar, e é a saudade, despertada pelos reencontros que a vida proporciona (nos encontros imediatos de uma ida ao supermercado, café, cabeleireiro etc.) que faz recordar, nas pessoas, os momentos bons e maus.
Pedir desculpa não deve ser entendido como um sinal de culpa, mas sim como uma prova consciência emocional. Há quem peça desculpa mesmo tendo sido a “vítima”, preferindo “dar o braço a torcer” porque valoriza mais a relação do que o acontecimento que levou à rutura do vínculo. Por outro lado, há também quem reconheça ter agido de forma inadequada ou que poderia ter feito as coisas de outra maneira, sentindo a necessidade de pedir desculpa pelo “peso na consciência”. Trata-se do reconhecimento de que, apesar de algo não ter corrido como esperado, existe a vontade de corrigir e preservar um vínculo que se considera mais importante. Quando ocorre um inequívoco, erro ou até uma atitude menos correta, é importante ter em conta as circunstâncias envolventes. Muitas vezes, essas ações que magoam, resultam das experiências que a pessoa está a viver naquele momento da sua vida, acabando por afetar outras relações significativas. Isto significa que, quando alguém atravessa uma fase menos positiva, em que tudo parece correr mal e nada lhe traz verdadeiro preenchimento emocional, pode facilmente deixar-se levar pelas emoções negativas e, ao sentir-se tão fragilizado/a e desemparado/a, acaba por comprometer outros vínculos.
Além disso, ninguém “conspira” conscientemente um destino trágico para si próprio/a, pois, no fundo, todas as pessoas desejam sempre o melhor para si mesmas.
No entanto, por vezes, de forma consciente ou inconsciente, as pessoas tomam decisões erradas porque acreditam que essa é a melhor maneira de resolver os seus problemas sem se prejudicarem, embora, inevitavelmente, possam acabar por magoar os outros. O problema central é depois conseguir lidar com a culpa, de ter agido mal e perceber que, no final, perdeu mais do que ganhou, o que gera ainda mais sofrimento.
Pedir desculpa é libertador do ponto de vista emocional. Mesmo que a resposta do outro lado não seja a esperada, a simples atitude de tentar corrigir, ajuda a aliviar a tensão emocional, na medida em que, “fez a sua parte” para resolver a situação.
É importante reconhecer que nem todos os conflitos se resolvem no tempo que se deseja. Há situações em que as pessoas precisam de anos para processar o que aconteceu e, só depois, acabam por se reencontrar e voltar a falar. Nada na vida é estático.
Importa também compreender que há problemas sem grande significado, que não deveriam ser tão valorizados, mas o são pela inflexibilidade da pessoa. Viva mais e preocupa-se menos nas situações que lhe desassossegam coração e mente. Dê uma oportunidade a quem a merece, porque os erros são parte do caminho. Se existe um pedido de desculpa sincero, deve aceitá-lo, pois a vida tem a sua própria forma de “acertar tudo” no seu “tempo certo”.

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