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Destemida greve cirurgica dos enfermeiros portugueses

E agora?

Escreve quem sabe

2018-11-08 às 06h00

Humberto Domingues Humberto Domingues

“Unidos, ficaremos de pé, dividindo-nos, cairemos.”
Charles Dickens 1812-1870

Os enfermeiros portugueses assumiram inédita e destemidamente uma forma de greve e reivindicação, nunca antes vista ou praticada.
São já milhares os enfermeiros, que apesar dos seus parcos salários, concretizaram a contribuição em dinheiro para, rapidamente, se reunir pelo menos 300.000€, para financiar uma “greve cirúrgica” a nível dos blocos operatórios dos Centros Hospitalares e Universitários do S. João e do Porto, Coimbra, Lisboa Norte e Centro Hospitalar de Setúbal, EPE.
A razão desta forma de luta, mais agressiva e radical, é motivada pela forma vergonhosa, desprezível, desrespeitadora, ignóbil e de perfídia que o poder político, dos diversos governos da direita à esquerda, os deputados da Assembleia da República e Presidência da República, têm tratado os enfermeiros portugueses.

Num SNS depauperado, com equipamentos obsoletos, sem investimento e sem modernização a Enfermagem luta com problemas, que, apesar de existirem, não têm implicado nem diminuído, o excelente desempenho destes profissionais, num espírito de missão, dedicação, brio e competência profissional e cientifica, alcançando indicadores de excelência, que colocam ao serviço da Sociedade para em pleno, 24 sobre 24 horas, ao longo dos 365 dias do ano, tratar, cuidar e reabilitar os doentes e famílias. Tudo isto com restrições enormíssimas de recursos humanos, estruturais, de instalações e equipamentos.

Sabemos que a greve vai ter implicações grandes no adiamento de milhares de cirurgias. Por nossa vontade, concerteza que evitávamos todos os inconvenientes, daí decorrentes, que se possam repercutir no Cidadão doente. Temos também a certeza que, pelos enfermeiros portugueses, a nenhum Cidadão lhe faltará os cuidados de saúde urgentes, seja em que patamar ou escala do Sistema Nacional de Saúde, for. Mas também não abrandaremos as nossas posições e reivindicações, porque o que aqui exprimimos ao Governo, à Sociedade e ao País, é justo. E é também, para melhor cuidar, reabilitar e reinserir os nossos doentes, que desenvolvemos esta greve. Precisamos de mais tempo para estar junto daqueles que precisam, que tratamos e cuidamos. E disso que não haja qualquer dúvida!

Por tudo isto, exigimos, entre outras coisas:
• Uma nova carreira que contemple as categorias de enfermeiro especialista e enfermeiro gestor;
• Progressões justas todos os enfermeiros (muitos enfermeiros estão sem progredir 10, 12, 15, 18 e mais anos);
• Remunerações justas e adequadas de acordo com a nossa formação académica, responsabilidade e exigência profissional;

Os enfermeiros portugueses, não querem em manifestação chegar ao extremo de derrubar grades e subir a escadaria da Assembleia da República. Temos uma postura de firmeza, lealdade para com os nossos princípios e juramentos e junto daqueles a quem dedicamos os nossos cuidados. Mantemos a nossa seriedade e reivindicação, até que o poder político honre a sua palavra, assuma as negociações já feitas e assinadas e escutem a nossa voz.

O poder político passa o tempo e as legislaturas a prometer e a não cumprir, apesar das mensagens de campanha, de declarações à imprensa e à comunicação social, de que os enfermeiros portugueses são o pilar do SNS, de que têm razão nas suas reivindicações e de que vão ser os mais beneficiados nas progressões. Tudo declarações falaciosas, que estamos fartos de ouvir, pela boca dos mais responsáveis dos diversos governos e Presidência da República.
O momento é de muita serenidade, firmeza e união. Olhamos o poder político olhos nos olhos e exprimimos as nossas mais que válidas razões.
Os enfermeiros portugueses são gente que cuida de gente, que no acto final da nossa licenciatura, fizemos um juramento de que estávamos ao serviço da vida e das pessoas. Este é um valor supremo da nossa profissão.
Os doentes/utentes/famílias para nós não são números, são Pessoas!

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