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Ideias
2020-05-31 às 06h00
Esta segunda-feira, 1 de Junho, passa mais uma vez o Dia Mundial da Criança, este ano em condições perfeitamente atípicas, condicionadas pela maldita pandemia e que vão limitar drasticamente os festejos sociais, mantendo certamente os realizados no recato da família.
Esta efeméride assinalou-se pela primeira vez em 1950 por iniciativa das Nações Unidas com o objetivo de chamar a atenção para os problemas que as crianças então enfrentavam. Neste dia, os Estados-membros reconheceram que todas as crianças, independentemente da raça, cor, religião, origem social, país de origem, têm direito a afecto, amor e compreensão, alimentação adequada, cuidados médicos, educação gratuita, proteção contra todas as formas de exploração e a crescer num clima de paz e fraternidade.
Oficialmente, o dia é assinalado pela Organização das Nações Unidas (ONU) a 20 de novembro, data em que no ano de 1959 foram aprovados pela Assembleia-Geral da ONU os Direitos da Criança. Na mesma data (20 de novembro), mas no ano de 1989, foi adotada pela Assembleia-Geral da ONU a Convenção dos Direitos da Criança, que Portugal ratificou em 21 de setembro de 1990.
1 de Junho é assim a data em que, habitualmente, milhões de crianças comemoram esse dia de festa, de alegria, de entusiasmo, de ouvir música, rir com os palhaços, lançar balões pelos ares, brincar, comer um lanche melhorado, sair à rua, partir em passeio, receber um presente, partilhar sorrisos. Ser feliz, enfim. É essa a marca maior, fundadora do Dia Mundial da Criança, acontecimento anual em que se homenageiam os mais pequenos, se lhes faz a vontade, por um dia, se organizam universos que os levem a considerar-se os reis da família, da rua, da colectividade, da escola. A criança é o homem de amanhã, diz-se, o garantido futuro, o professor, o político, o cantor, o escritor, o camponês, o serralheiro, o médico, o desportista de daqui a alguns anos.
Mas neste dia há também o lado negro, sombrio, dramático, o das crianças que nunca o chegam a ser, pelas contingências da sociedade em que se integram, pela pobreza material ou moral que as cerca, pela maldade insolúvel que campeia por esse mundo além, apesar de habitarmos a era mais civilizada da História, o pináculo do desenvolvimento tecnológico, o que não significa ético ou moral.
É dia de lembrar os milhões de crianças escravizadas em diferentes zonas do globo, que não têm brinquedos, que não têm presente, que não têm futuro, que não experimentam o sorriso, máquinas em miniatura ao serviço de capitalistas sem escrúpulos que exploram o ser humano desde os seus anos iniciais.
É dia de recordar os milhões de meninos e meninas que morrem de fome sobretudo na aridez africana, mas não só, escândalo apontado à vergonha do mundo que se diz civilizado, numa época em que tanto se desperdiça e malbarata, e que tanto se bate com a mão no peito, hipocritamente, a pedir justiça e igualdade universal.
É dia de não esquecer os milhões de crianças que, por todo o mundo, são raptadas, violadas, mortas, abusadas sexualmente, comercializadas para os fins mais macabros, maltratadas, vítimas de pedófilos e de outros criminosos, que as instâncias policiais e judiciais nem sempre sancionam com o rigor exigido.
É dia de não esquecer todas as Valentinas deste mundo!
É dia de lembrar os milhões de crianças que, por todo o mundo, não frequentam, nunca frequentaram, nem frequentarão uma escola, não sabem o que é um jardim-de-infância, nunca viram um livro, não conhecem uma letra, ou um algarismo, os mais singelos, jazendo desde tenra idade na escuridão do analfabetismo, do obscurantismo, da ignorância, da inconsciência de si e dos outros.
É dia de recordar os milhões de crianças que, por todo o mundo, sofrem profundamente, e sem culpa alguma, por virtude das guerras, das convulsões humanas ou naturais, dos conflitos frequentemente estúpidos entre facções ou países, das tempestades, dos flagelos, das doenças, das desgraças que a ignomínia e a ganância humana favorecem e potenciam.
Neste Dia Mundial, há imensas crianças que choram, crianças sem lar, sem pão, sem educação, crianças sem família, sem amigos, sem afecto, sem mínimos de dignidade, de subsistência, de humanidade, de qualidade de vida. Crianças que envelhecem prematuramente, que não logram beneficiar dos direitos a que a sua condição faz jus, da alimentação à saúde, da habitação ao lazer, do desenvolvimento sadio à educação necessária. Crianças que o não conseguem ser, porque as não deixam. Crianças que o destino acorrentou à infelicidade, à tristeza, ao sofrimento, à humilhação, ao desafecto, à desumanidade.
É também destes milhões de crianças que, miseravelmente, se tece este dia, e para as quais não há preces, não há ladainhas, não há poemas, não há palavras, não há utopias que atenuem um destino de tormento que não merecem.
Não apenas no dia 1 de Junho, mas todos os dias, em que, pelo inverso, as crianças merecem o melhor do presente para que possam construir um futuro melhor, mais humano, habitável e feliz.
É esse o Dia Mundial da Criança que faz sentido!
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