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Conta o Leitor

2018-07-20 às 06h00

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Autor: Ana Maria Monteiro

O dia amanheceu quente e solarengo. Já se sabia que seria assim. Desde o início do certame que as previsões meteorológicas são omnipresentes, estão em todo o lado: na televisão, na rádio, até em outdoors se pode ver como será o tempo hora a hora. Enfim, em Moscovo, não propriamente cá.
Mas estamos em pleno verão e, apesar de ter tardado em chegar, está calor.
Espreguiço-me languidamente olhando o despertador: onze horas! Muito mais tarde do que costumo acordar. Mesmo a tempo: o telefone toca (detesto ser acordada por ele), é a Fátima: — Então? Vamos?
“Que raio! Vamos onde? De que está ela a falar?” — Desculpa, estou a sair do banho. Já te ligo, ok?
— Tá, tá. Também me ‘tou a artilhar.
Logo após desligar a chamada, faz-se luz. Bato com a mão espalmada na testa: “É isso! É hoje! A final do Mundial. Fogo! Não tenho saída.”
Nunca gostei de futebol, mas a Fátima é fanática; pelo desporto em si mesmo e por homens. — Ao menos, a final vais ver comigo no ecrã gigante da praça central. Garanto que vais lamentar não ter visto os jogos anteriores. “Deve ser! Uma cambada de malucos aos gritos e eu a querer que aquilo acabe.”
Ao meio-dia toca a campainha. Era ela. — Sobe.
Fátima aparece-me na moldura da porta como uma visão carnavalesca: azul, branca e vermelha da cabeça aos pés, até na cara tem as riscas pintadas. — Vais assim?! – Grita-me em maiúsculas – Nem penses!
— Claro que vou! Além disso, que interessa as cores de que te vestes? São as mesmas para as duas bandeiras.
Arregala os olhos: — A sério?
— Yep!
— Já volto. Entretanto, vê se te arranjas como deve ser.
Fiquei a olhar para a porta. Francamente, preferia que ganhasse a Croácia, mas como dizer-lhe? A ela, que teve um namorado francês e acha que são os melhores e mais românticos amantes do mundo?
Encolhi os ombros e mudei de T-shirt, optando por uma que tenho nas três cores. “Ok. Dá para os dois lados”.
A Fátima regressou com uma torre Eiffel em plástico, toda dourada e com meio metro de altura. — Onde é que arranjaste isso?
— Ora! Na loja dos chineses, tá bem de ver.
Lá fomos. Acabei por não desgostar, apesar da confusão. Foi emocionante. Ao nosso lado estava um grupo de franceses. Próximo do final, já se adivinhava o resultado e os franceses estavam histéricos. Quando o jogo terminou, o fulano que estava ao meu lado, exultante, agarrou-se a mim e deu-me um beijo na boca que me apanhou completamente desprevenida.
Surpreendida, mas presa de tamanho entusiasmo, correspondi-lhe.
Isto foi há setenta e duas horas.
Não sei como saímos de lá e viemos aqui parar. A Fátima está farta de telefonar, mas não atendo o telefone e até já o pus em silêncio. Ele fez o mesmo ao dele.
Vamos ter que sair, já não há nada no frigorífico que se coma em modo expresso.
Sabem que mais?
A Fátima é que tem razão: Eles são mesmo os melhores do mundo.

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