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Ideias
2021-09-07 às 06h00
Nesta época de regresso à vida normal, estamos perante a saudável anormalidade da realização simultânea de milhares de atos eleitorais. As autárquicas dispersam a demo- cracia de um modo único e insubstituível.
Ao contrário da distância dos cargos políticos “centrais”, a eleição dos representantes locais aproxima as comunidades do processo democrático e dos seus principais protagonistas.
Esta proximidade convida ao aparecimento de candidaturas mais ou menos espontâneas, muitas vezes sem qualquer tipo de possibilidade de vencer as conten- das, mas úteis e interessantes do ponto de vista da dinâmica local dos partidos e da chamada sociedade civil.
Em Braga, as eleições de 2021 são animadas por um conjunto extenso de pessoas que, seguramente de boa-fé, se apresentam para melhorar o concelho onde vivem.
São oito os candidatos à Presidência da Câmara Municipal. Em boa verdade, dever-se-ia dizer, neste tempo em que o politicamente correto corrói as seculares regras gramaticais, que são 8 as candidatas, já que 5 mulheres se apresentam a sufrágio, naquela que é uma das notas mais positivas do pleito.
Diria, no entanto, que aqui terminam as boas novidades da contenda local que há de ser resolvida no próximo dia 26. É que, destas oito candidaturas, apenas duas se apresentam com real conhecimento dos dossiers, denotando um domínio transversal dos desafios com que se confronta a edilidade e uma substantiva capacidade de intervenção.
A este propósito, julgo que foram esclarecedores os dois debates em que os candidatos se encontraram na passada semana.
Na primeira divisão, ainda que largamente distantes, Ricardo Rio e Bárbara Barros, com vantagem óbvia para o primeiro. Curiosamente, os representantes das duas coligações em presença na corrida para a autarquia. Ambos evidenciaram uma postura diferente, notoriamente menos sôfrega, mais organizada e interessada em falar para todos os bracarenses e não apenas para setores desagregados, de puristas ideológicos, de militantes de causas parcelares ou apenas de eleitorado livre.
O candidato socialista surpreendeu pela negativa. Tenho apreço pessoal por Hugo Pires e estou certo que estará a representar condignamente o concelho e o distrito de Braga na Assembleia da República, embora politicamente nos dividam oceanos. Tal não me impede de sinalizar uma preocupante falta de rasgo e uma sofrível capacidade de intervenção num registo quase soporífero, prejudicada por um conteúdo sempre errático quando não mesmo incoerente. Os “tiros ao lado” foram muitos, tal a facilidade com que se esquecia que (vamos ser simpáticos) metade dos problemas que elencava haviam sido gerados ou “cogerados” por si, enquanto vereador, no tempo dos executivos de Mesquita Machado.
O maior erro acabou por ser a nota “Don Corleonesca” com que brindou todos os portugueses que assistiam ao debate na RTP, assegurando que, com ele e com a sua conhecida proximidade ao governo socialista, o dinheiro do PRR jorrará em direção à Praça do Município.
Deverão os bracarenses, quais humildes Bonasera, suplicar junto de Pires: “Be my friend?... Godfather?”?
A estratégia política de chantagear os eleitores é mais típica de outras latitudes, mas Pires, que corre em busca de um futuro cuja data de expiração está marcada para daqui a quatro anos, parece não ver limites para assegurar a sua própria sobrevivência no PS local.
No mais, o que sobra destes debates é a convicção de que a minoritária CDU se mantém como líder da oposição e de que Ricardo Rio está noutro patamar.
Se é reconhecido que estes confrontos se tornam invariavelmente num “tiro ao boneco” contra o chamado candidato incumbente, foi, ainda assim, notório e notável o desequilíbrio entre o solitário líder da Coligação Juntos por Braga e o restante conjunto de candidatos e candidaturas. A cada indignação insuflada ou ataque aparentemente sólido, Rio respondia com a tranquilidade e conhecimento de quem não deve nem teme.
Não retiro o mérito que já dei à CDU, mas parece-me insofismável que o atual edil não tem, nestas eleições, qualquer candidato que verdadeiramente com ele possa ombrear em estatuto político, em trabalho feito e reconhecimento popular.
Esta não é uma nota de soberba, nem tampouco desconsidera que o futuro é cheio de realidades alternativas que, felizmente, nenhum de nós controla. É apenas a constatação de um cenário evidente que nem mesmo a improvabilíssima derrota de Ricardo Rio modificaria.
Por tudo isto afirmo, sem hesitações, uma certeza. Os últimos oito anos não serviram apenas para catapultar a imagem e a relevância de Braga para lá das fronteiras recônditas em que o PS, justamente com o contributo de Hugo Pires, as teve cativas. Com o crescimento e desenvolvimento do concelho conseguidos por ação direta do atual executivo, comprováveis, de resto, por métricas factuais, estes foram também oito anos que desviaram a trajetória de Ricardo Rio para órbitas maiores e que seguramente não terminarão o seu curso em 2025.
15 Junho 2025
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