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Duas p'ra caixa

Eleições Legislativas: a AD – Coligação PSD/CDS é mesmo a única opção

Ideias

2018-06-24 às 06h00

José Manuel Cruz José Manuel Cruz

Não podia estar mais de acordo com o engenheiro da Selecção: os rapazes não davam duas p’rá caixa. Descontou, o maestro, em cima da cacofonia dos músicos de aldeia, ignorando que na sua mão a batuta.

Em cima do alívio para canto do ensaiador, só nos falta que apareça um lente da Federação, uma sumidade de alfarrábio com aquele discurso dos “mimados”, dos “aselhas a peso de ouro”, em suma, de um indignado que atire ao Guedes o que o outro atirou ao Gélson, e coisas que tais. Depois seria ver a chuva de telegramas no Instituto dos Registos e Notariado, as devoluções de CC e Passaporte, em suma, as rescisões de cidadania, com justa causa. Era bonito!

Assina de cruz, o engenheiro, petição ou contracto que garanta os pontos, por execrável que seja a exibição. Por onde anda Mefistófeles? Há lá combinação mais calhada para clássico comércio! Eu, que não sou agente local do mafarrico, assim pergunto: desde quando a vitória elegante está fora de equação?

Disse-se que o conjunto espanhol é objectivamente melhor do que o nosso, que estão rotinados, de décadas, no mesmo modelo de jogo, e que um desfecho com pontos é sempre muito bom. Quem não concorda? Mas assim se pergunta, adicionalmente: não patinou Portugal com Marrocos, ainda mais do que com a Espanha? Que trunfos tinham os desgraçados dos mouros? É que não entendo, e tão escrupuloso sou. Ou picuinhas, se quiserem. Já agora: com os méritos espanhóis escancarados, como não acertar no antídoto?

Explica, el comandante, que a fase de grupos é de stress acrescido, uma vez que pensam, os cromos, irracionalmente, no jogo em curso e nos pendentes, e que a ansiedade vindoura arruma com a lucidez, e que nos joguitos a eliminar é tudo muito mais simples. Mesmo? É aberrante. Destas, nunca eu tinha ouvido. Começa a parecer-me que é o inginheiro que não dá duas p’rá caixa.

Não puxo galões que ninguém me reconheceria, mas se há coisinha ou duas que sei, pois atrevo-me a dizê-lo que é no ramo da psicologia desportiva. Por muito que nos preparemos, nunca o resultado está garantido – esta é a verdade lapidar primeira. Diz-nos, a segunda, que nem sempre a melhor equipa em campo sai vencedora, e lá vêm as manobras de bastidores a que Queirós se refere. A horizontalidade do terreno de jogo é uma ficção, e o VAR uma intermitência. Diz-nos, a terceira, que, à falta de voz de comando, à falta de referências coerentes, cada um corre ao contrário do que seria esperado, desgastando-se em acréscimo, perdendo eficiência, conjugação que torna a derrota eminente.

Bem vistas as coisas, safamo-nos de duas. Não me chega o futebol para que me aventure em fulanizações, para que arrisque nomes de nódoas, de pesos mortos nos tornozelos do bananinha. Bem prega quem diz que o futebol é uma modalidade colectiva, que a equipa sobreleva o indivíduo. Sim, sozinho, o Ronaldo não ganharia a ninguém, como quase arrisco dizer que, com um Ronaldo, Marrocos ter-nos-ia contado uma historinha de arrepiar.
Não saberia, eu, convocar uma equipa, não teria como conferir-lhe fio de jogo, sequer artes para acertar numa substituição. Não abdico, no entanto, de assinalar aspectos em que o glúteo não bate com o calção. A Selecção tem-se revelado dessintonizada e, digam o que disserem, esse é o papel do banco. Entra em campo quem o seleccionador quer, foi convocado quem o patrão escolheu, e as esfregas e incentivos é o Sr. Santos que os passa. Não se pedem crucificações em praça pública, mas as desculpas esfarrapadas tampouco colhem e, para muito bom jogador, com Marrocos, mais valera que o esférico fosse um cubo.

A ver vamos no terceiro embate. Só espero que o mister Queirós não encontre ensejo para acerto de contas.

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