A irresponsabilidade social da construção civil
Ideias
2020-05-02 às 06h00
Já quase tudo foi dito sobre o que aí vem. Muitos vão morrer, sobretudo idosos, e não sabemos se se repetirão novos surtos até que se descubra uma vacina e um novo vírus apareça. Seguir-se-ão alterações nas relações internacionais com desprestígio para os Estados Unidos que não estão a conseguir lidar com a pandemia. O mundo unipolar vai dar origem a um mundo bipolar, sem sabermos ainda se irá ser ultrapassada a armadilha de Tucídides. A economia está a cair num colapso muito pior que a emergente da crise de 2008 e, por isso, irá seguir-se um período de retrocesso económico. Os países vão-se fechar e as fronteiras vão reaparecer e lá se vai o turismo de massas e as viagens low-cost.
É o fim da época da Thomas Cook, que, de resto faliu passados 178 anos, e o fim da Viagem à Volta ao Mundo em 180 dias. A hierarquia das profissões vai mudar também. Os profissionais de saúde ficarão no topo, mas também os professores, os quais de um momento para o outro se viram forçados a alterar hábitos e metodologias, para as quais não estavam preparados; mas também as polícias, incumbidas de velar pela saúde e bem-estar social, a mando do Estado que, cada vez mais tutela e controla as liberdades individuais. É o mundo de George Orwell.
E as relações sociais? E as relações familiares? Verifica-se que o coronavírus abate, sobretudo os idosos e os doentes, gente que não produz, gente que está reformada e gente que só gasta com cuidados de saúde. E, sendo cínico, gente que é um peso. Como dizia Bolsonaro:“põe a vovó a um canto e vai trabalhar”. É o filósofo dos novos tempos este homem…
O vírus ataca sobretudo os grupos de idosos armazenados em lares porque são mais frágeis e porque os cuidados de higiene não são tão bons como se pretendia fazer crer, ao chamar-lhes também casas de repouso. Os lares descendem dos asilos da Idade Média que recebiam os pobres e os abandonados, mas converteram-se no nosso tempo em armazéns cuja família não tem condições para cuidar deles.
Será que vão ser reintegrados na família e se volta à tradição da morte em casa, rodeados dos familiares? Ou são levados ao monte com um cobertor às costas, para morrerem ao relento, como reza o conto popular. Atualmente, impunha-se que morressem fora de casa, pois era um transtorno que obrigava a abertura de um processo da parte do Ministério Público que podia mesmo exigir uma autópsia.
Os nórdicos voltaram atrás na institucionalização do sistema de lares e os idosos sem família são deixados na sua casa, ao cuidado da Segurança Social, Igrejas e outras organizações sociais; mas fica muito caro e se se mantiver a lógica do trabalho até à exaustão, não se pode reproduzir em países pobres.
Até há pouco não tinha relutância em passar os últimos tempos num lar, ou casa de repouso, como era bem chamar-lhes. Mas, agora, depois do que tenho visto vade retro satanas.
Parece brincadeira, mas não é, acreditem.
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