Ser Dirigente no CNE - Desafios
Ideias
2020-05-15 às 06h00
Agimos em atenção às nossas vontades, e agimos em observação do que nos dizem, do que a realidade nos determina, obedecendo ao que muita força tem, ainda que não o confessemos para nós, ainda que avancemos contrariados. Agimos pela nossa cabeça, a despeito de ficarmos sós, ou agimos por coacção do grupo – dor pouca, se essa coerção for aceite e louvada, tanto mais que, não raro, coroada é de recompensas, promoções, carreiras.
É natural que sigamos as nossas inclinações e apetites, que vazão demos a caprichos, quando nenhuma sombra avulta nos horizontes, quando tudo parece estar bem e esplêndido ficar, assim como é natural que percamos afoitezas, que olhemos para o lado, que refaçamos prioridades, quando borrascas se formam sobre as nossas cabeças, tudo levando a crer que sobre elas desabem.
Seguir o chefe em tempo de crise parece avisado, suster opiniõezinhas do tipo de eu fazia assim, de que eu penso assado, é tido como de bom tom, tanto que o contrário parece relevar de desajuste de manientos, de sedentos de protagonismo, e do que mais quisermos pôr em cima, puxando para baixo.
Ora eu, que estas coisas sei, e idade já não tenho para mudar de curso, aqui venho dizendo o que me apraz sobre o vírus e sobre o vira mandado que se nos volveu a vida. Feitio ou defeito. Valha a verdade que não me coíbo de dar umas da minha lavra com quem converso e, quanto não me custe reconhecê-lo, a mais das vezes não encontro eco, facto que bem compreendo, posto que ninguém anseia morrer, e o covid-19 fraquinho é como solução suicidária.
Não queria eu juntar-me a maiorias tonitruantes, e os cotos me cansavam de bater os meus trunfos. Pensei, em silêncio, baixar a crista, deixar de fazer ondas, calar a rotação da Terra. Não dar eu o benefício da dúvida ao timoneiro-mor? Não aquiescer eu com paragens, restrições, proibições? Se nada do que é habitual iria haver, se de gigantone não desfilaria em brácaro S. João, se melão não compraria no rossio de Porto d’Ave, se na Agonia não deixaria em ânsias e ais bela mordoma, se ao Avante não iria para cervejar e cavaquear de camarada em camarada, porque não me render, definitivamente, à realidade?
E não é que, em coro sem tremeliques com a Temido, o Costa me diz que o Avante que tal e que sim! Não é que o nosso arguto líder escolhe momento para variar, para grande desfeita minha, precisamente quando eu decidira emendar a mão? Não é que calho de ficar ao contrário, justamente quando decidira pautar-me por figura de proa louvada intra e além-fronteiras?
Não queiram imaginar como se sente criatura duplamente perdida – em si, e o grande mundo. Definhei. Feito vegetal, nem realce conferi a um Costa debatendo-se em poço de areias movediças. Acabaria por safar-se, como sempre, pensei. Que não havia mais dinheiros para um certo banco, dizia o homem, um dia depois da maquia lhes ter entrado pela porta, religiosamente, de acordo com o pré-estabelecido, coisa que se Costinha não sabe (sabia), pois ele é quem a mais, de fora, ao lado, está no governo.
Aqui-d’el-rei que o Centeno foi desleal com o Costa, que não o brifou. E era necessário? Não era coisa que o senhor supra-sumo soubesse? Respondeu como respondeu à Catarina, em Parlamento, porque era o que ele achava que se impunha no momento – grande senhor, grande lata, bitola pela qual afina, em dueto, o de Belém. E aquele coça-costas na Autoeuropa? Digna de imortalização no Museu Tussaud, digo eu.
Centeno que de Costa foi fiador. Centeno que com Costa não quer cair, por toques de Midas não ter. Que saudades das vaquinhas voadoras!
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