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E que tal um destino turístico único?

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E que tal um destino turístico único?

Ensino

2025-04-09 às 06h00

Carmen Pardo Carmen Pardo

Na era do turismo consciente, oferecer um destino que celebre a união sem apagar as singularidades culturais é um ato de resiliência e inovação.
Há lugares que têm uma alma comum. A Galiza e o Norte de Portugal são assim: irmãs geográficas e culturais que, juntas, formam um território único, rico em história, tradições e paisagens deslumbrantes. Quebrar as barreiras e criar um destino turístico que una estas duas regiões não é apenas um sonho, mas uma oportunidade de construir um projeto inovador e sustentável.
Quando falamos de turismo transfronteiriço, estamos a falar de um encontro de identidades. Entre pontes históricas e serras verdejantes, o turista encontra um mosaico cultural vibrante e uma autenticidade que poucos destinos conseguem manter. A fusão da tradição galega com a hospitalidade lusa (e da tradição lusa e a hospitalidade galega) cria uma experiência turística singular. O Caminho de Santiago, que atravessa ambas as regiões, não é apenas uma rota espiritual, mas também uma celebração da conexão entre povos. Também a rota da Camélia, o termalismo, a gastronomia, os rios, e um longo etcétera, pois não são poucos os recursos que nos pedem essa união!
Para tornar este destino único uma realidade, é preciso unir esforços e criar estratégias conjuntas que promovam não apenas os monumentos, mas a essência deste território comum. Apostar conjuntamente naquilo que somos complementares e naquilo em que somos similares é um exercício exemplar de generosidade, amizade e solidariedade entre ambos os territórios.
Assim, da necessidade de promover a cooperação entre a Galiza e o Norte de Portugal para melhorar a competitividade do ecossistema turístico da Eurorregião, promovendo uma oferta sustentável, nasce o projeto Clustertur_Galiza -Norte de Portugal.
O crescimento do turismo em ambas as regiões evidencia a relevância econômica deste setor, mas ainda falta muita cooperação transfronteiriça na promoção e criação de produtos turísticos comuns. A criação do primeiro Clúster Transfronteiriço de Turismo Galiza-Norte de Portugal reforçará a colaboração público-privada, impulsionando a Euro região como destino turístico sustentável. O Clúster criará uma estrutura de trabalho colaborativo, reunindo os grupos de interesse mais representativos do ecossistema turístico dos dois territórios. Essa abordagem visa promover o networking, facilitar a comercialização conjunta e fortalecer a imagem internacional, destacando recursos comuns, como o Caminho de Santiago e a enogastronomia.
O novo ente apostará na colaboração público-privada e na criação de um clube de produto turístico transfronteiriço, com foco na sustentabilidade integral e no desenvolvimento turístico responsável. Além disso, reforçará o posicionamento do Caminho de Santiago como um recurso comum e vertebrador, promovendo a convergência entre o desenvolvimento deste caminho em Portugal e na Galiza.
Iniciativas como o Clustertur_GNP, projeto cofinanciado pela União Europeia através do Programa de Cooperação Transfronteiriça INTERREG Espanha-Portugal (POCTEP), prometem consolidar essa união. Entre as ações previstas, estão a elaboração de uma Estratégia Transfronteiriça até 2030, ações conjuntas de conhecimento empresarial e a valorização do Caminho Português no espaço transfronteiriço. Também se pretende fomentar o networking entre empresas da Eurorregião, promovendo uma estratégia conjunta para atuar em mercados nacionais e internacionais. A Eurorregião Galiza - Norte de Portugal, AECT, junto com a Associação Turismo do Porto, o Turismo da Galiza e a Entidade Regional Turismo Porto e Norte, estão a tentar tornar este destino único uma realidade, cientes de que é preciso unir esforços e criar estratégias conjuntas que promovam não apenas os monumentos, mas a essência deste território comum.
E já no contexto deste projeto, cerca de cem empresários galegos e portugueses uniram-se durante dois dias, dedicando o seu tempo para dar os seus contributos ao projeto, e esforço para se conhecerem melhor, estabelecerem parcerias e tecerem um produto turístico transfronteiriço. Ao partilharem ideias e experiências, comprovaram que têm em comum não só o gosto por este território único e o desejo de o promover de forma conjunta. Para eles e para a Eurorregião, este é um sonho que começa a ganhar forma. Porque a construção desse sonho coletivo não se faz apenas com ideias, mas com ações concretas e comprometidas. Os empresários que participaram neste encontro acreditam no potencial do território e na força da cooperação transfronteiriça. Ao se aproximarem, estão a criar as bases para um futuro mais integrado, onde a fronteira não é vista como um obstáculo, mas como uma oportunidade de união e desenvolvimento.
Que este sonho partilhado se torne realidade, e que o Atlântico, testemunha desta irmandade secular, inspire novos viajantes a cruzar pontes e a descobrir a magia que existe entre o Douro/Duero, o Minho/Miño, o Tâmega/Támega…. e o mar.
A Galiza e o Norte de Portugal têm tudo para conquistar o mundo juntos, mostrando que, às vezes, a fronteira mais forte é aquela que une.

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